Como justificativa para a suspensão do ciclo do aperto monetário, a CNI aponta cinco fatores: as taxas de juros real crescente; crédito caro; economia em desaceleração; menos impulso fiscal e sinais positivos de inflação. No caso das taxas de juros real crescente subiu para 9,8% a.a., a terceira posição entre as maiores taxas de juros real do mundo, atrás apenas de Turquia e Rússia. Este foi o 6º aumento consecutivo, o maior patamar em quase duas décadas e sinaliza que os juros devem seguir elevados por período bastante prolongado, na expectativa que seja o suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. É a maior taxa desde julho de 2006.
O que estamos vendo é o executivo e o seu principal partido bem irritados com o presidente do Banco Central. Havia expectativa que o banco começaria a baixar a taxa básica de juros quando houvesse a mudança do comando no BC. Mas a última ata divulgada foi recebida como uma banho de água fria. Galípolo e os diretores do BC sinalizaram, na ata, que a taxa de 15% a.a. atingida dias atrás será mantida por muito tempo. A ata foi entendida como uma manifestação de apoio do banco às cobranças do mercado por mais corte de gastos.
A taxa básica de juros da economia (Selic) em 15% deve permanecer alta por um longo período para "segurar" a inflação. A decisão, no entanto, pode ter reflexos negativos no mercado de trabalho e no bolso do consumidor. O principal impacto é na concessão de crédito, pois empréstimos e financiamentos tendem a ficar mais onerosos, o que desestimula o consumo e o investimento. Importante destacar que o Copom já observa sinais de moderação no crescimento , especialmente fora do setor agropecuário. Outro ponto é o impacto na geração de empregos formais, há expectativa de que os efeitos da política monetária nos próximos trimestres afetem o emprego e renda. A avaliação que se ouve é que a taxa de juros é um dos remédios contra a inflação, mas ressaltando que outro antídoto é o controle de gastos pelo governo.
Política fiscal tem que andar de mãos dadas com a política monetária. O objetivo de se alcançar uma estabilidade monetária mais rápida é o governo fazer uma boa gestão do gasto público, a política monetária trabalhar com juros nesse patamar por mais alguns meses, assim a meta de inflação seria alcançada, torturando um pouco menos a população que sofre com aumento de preços e também com o encarecimento do crédito. O fato é que temos um balanço econômico que fecha o primeiro semestre de forma francamente negativa e marcado por mais oportunidades perdidas que avanços significativos. É um diagnóstico pouco ou nada animador, sendo que o maior gargalo da gestão econômica do governo atual é o rombo das contas públicas. A dívida bruta alcançou 76,2% do PIB. O compromisso do governo de zerar o déficit está sendo sabotado pelo próprio governo, que se recusa a cortar despesas e teima em aumentar impostos, apesar da forte oposição da sociedade e dos políticos. A maior frente de desencontros é a política, como as trombadas com o Congresso, no caso da derrubada do IOF, que acabou se confirmando.
Graças mais uma vez ao desempenho excepcional do Agro, estima-se que o PIB neste ano deverá atingir 2,5%, muito abaixo, portanto, dos 3,4% apresentados no ano passado. É possível afirmar que o início do ciclo de corte da Selic ficou para as calendas, ou seja, talvez só ocorra após 2026 e da eleição presidencial. Quanto ao caráter perdulário dos gastos públicos. com mira eleitoreira, é uma demonstração inequívoca de que a campanha eleitoral já começou. O governo sentiu na pele a perda do apoio de mais de 72% da população que não aprova a gestão atual. O presidente deveria refletir profundamente sobre a atual situação. Uma nação que falha no combate à corrupção _ vide os aposentados do INSS _ e que erra repetidamente na política econômica acaba por prejudicar o próprio povo. Isso se manifesta no aumento constante da tributação, nos gastos com dinheiro que não se tem e, ao mesmo tempo, na falta de demonstração clara de zelo pelo dinheiro público. E a crítica ao governo gera, evidentemente, um ambiente muito ruim para o país. O presidente mudou o seu comportamento, agora ele critica de todas as formas, por vezes agressivamente, aqueles que estão na oposição. O problema não é controlar a opinião pública, mas sim as despesas, os gastos , a inflação, a corrupção e tudo aquilo que preocupa a todos.
Seja como for, o governo com sua política econômica equivocada, escândalos não solucionados como o do INSS _ até agora ninguém foi preso ou condenado a 17 anos de cadeia _ e erros acumulados, corre um sério risco. Afinal, 72% do eleitorado brasileiro não avalia sua gestão como positiva.
Enquanto isso, aparece no cenário o Movimento Pessoas à Frente, que apresentam um estudo sobre os penduricalhos responsáveis por inflar salários de juízes e acima do teto, no qual o crescimento foi puxado por verbas indenizatórias que entram no contracheque dos magistrados sem respeitar o limite e sem pagar Imposto de Renda.
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