Neste 27 de setembro, quando celebramos o Dia Mundial
do Turismo, somos convidados a refletir sobre o verdadeiro potencial deste
setor. Muitos ainda o veem apenas como lazer, mas a realidade é que o turismo,
quando planejado de forma estratégica, é um dos mais poderosos motores para o
desenvolvimento sustentável de um país. A inspiração para realizar esse
potencial veio de um pioneiro que pensava décadas à frente: Walt Disney.
Quando Disney concebeu a Disney World, seu
brilhantismo não foi apenas criar um parque temático, mas um universo integrado
ao redor dele. Ele não vendeu uma atração; ele criou um destino. Esse é o
conceito do Distrito Turístico (DT):
uma área onde poder público e iniciativa privada colaboram para criar um
ecossistema completo, com infraestrutura, segurança jurídica e sinergia entre
negócios. O resultado é um ciclo virtuoso de investimento, qualidade e
crescimento.
Foi com essa visão que trouxemos o modelo para o
Brasil e, em parceria com governo do Estado e empresários, instituímos o Distrito Turístico Serra Azul (DTSA),
no interior de São Paulo. O que antes era uma área rural hoje é um polo
vibrante que integra parques, shoppings, hotéis e centros de convenções e
outras atividades Turísticas. O DTSA já é responsável pela geração de mais de 5.000 empregos diretos e indiretos,
atraindo investimentos expressivos que já superou os R$ 3,2 bilhões e
aumentando a arrecadação dos municípios de Itupeva, Jundiaí, Vinhedo e
Louveira.
O setor de parques e atrações no Brasil principal componente
de um Distrito Turístico de lazer e diversões confirma sua pujança: em 2024
foram 138 milhões de visitantes e um
faturamento estimado em R$ 8,4 bilhões,
segundo a 3ª edição do Panorama Setorial:
Parques, Atrações Turísticas e Entretenimento. Foram mapeados 854 empreendimentos, entre parques
temáticos, aquáticos e Centros de Entretenimento Familiar (FEC), com mais de R$ 12 bilhões em investimentos totais
em curso — somando novos projetos e reinvestimentos — e previsão de geração de
pelo menos 15 mil empregos diretos
com as inaugurações planejadas.
O Estado de São Paulo consolidou esse tipo de
iniciativa, através da Lei nº
17.374/2021, que institui distritos turísticos no seu território. A lei
determina que tais distritos passem por estudos técnicos, de impacto econômico,
social, ambiental e urbanístico, delimitação clara territorial, adesão
municipal, e plano de gestão com metas públicas bem definidas. Municípios e
Estado devem oferecer infraestrutura adequada — saneamento, vias de acesso,
energia, telefonia e incentivos à inclusão de investimentos até internacionais
e também tributários e creditícios para empreendedores privados. A gestão se dá
por Conselho Gestor com representantes públicos, privados e da sociedade civil.
Mas o impacto vai além do econômico. O desenvolvimento
social se traduz na qualificação da mão de obra local e na melhoria da
infraestrutura que beneficia tanto turistas quanto moradores. No pilar
ambiental, os empreendimentos do DTSA compartilham práticas sustentáveis, como
a gestão responsável da água e a preservação de áreas verdes — entendendo que a
natureza é nosso maior patrimônio.
O exemplo do Serra Azul e o respaldo da lei paulista
não são casos isolados, mas modelos replicáveis. O Brasil, com sua diversidade
cultural e natural incomparável, tem todas as condições de transformar esse
potencial em prosperidade real. Criar e regulamentar novos Distritos Turísticos
é um dos caminhos para gerar empregos em larga escala e promover um
desenvolvimento que seja, ao mesmo tempo, economicamente viável, socialmente
justo e ambientalmente responsável.
Neste Dia Mundial do Turismo, a mensagem é clara: com
visão estratégica, legislação robusta e colaboração, podemos construir um
futuro no qual o turismo seja protagonista do desenvolvimento do Brasil.
*Alain Baldacci é o primeiro brasileiro a presidir a
IAAPA, maior associação mundial de parques e atrações e CEO do Wet’n Wild e
presidente do Conselho de Administração do Distrito Turístico Serra Azul.






0 Comentários