A terceira temporada do Balé da Cidade de São Paulo revisita duas obras de sucesso. BIOGLOMERATA, de Cristian Duarte, ao lado da Orquestra Sinfônica Municipal, sob a direção do maestro Alessandro Sangiorgi, com adaptações musicais de Tom Monteiro e Carlos Bauzys, e Fôlego, de Rafaela Sahyoun, com trilha original, produção musical e montagem sonora de Yantó.
Cena da coreografia BIOGLOMERATA, de Cristian Duarte. Foto: Larissa Paz.
O Balé da Cidade de São Paulo retorna com sua terceira temporada em duas remontagens marcantes: BIOGLOMERATA, de Cristian Duarte, e Fôlego, de Rafaela Sahyoun. As apresentações acontecem nos dias 14 e 15, às 20h, 16 e 17, às 17h, na Sala de Espetáculos. Os ingressos variam de R$11 a R$92, a classificação é livre e a duração aproximada de 110 minutos, com intervalo.
Para Alejandro Ahmed, diretor do Balé da Cidade de São Paulo, no projeto artístico do Balé da Cidade de São Paulo, as remontagens marcam uma prática de continuidade e expansão dos modos de fazer e de compreender o repertório. Remontar Fôlego e BIOGLOMERATA abre a oportunidade de revisar seus parâmetros de existência, ao mesmo tempo em que aprofunda os fundamentos estruturais que cada obra propõe ética e esteticamente.
BIOGLOMERATA, de Cristian Duarte
A obra BIOGLOMERATA, de Cristian Duarte, coreógrafo formado no Estúdio e Cia. Nova Dança em São Paulo e na P.A.R.T.S. em Bruxelas, terá a participação da Orquestra Sinfônica Municipal, sob a batuta de Alessandro Sangiorgi, com adaptações musicais de Tom Monteiro e Carlos Bauzys. Cristian Duarte assina a coreografia, direção e espaço cênico, Aline Bonamin, assistente de coreografia, Tom Monteiro uma composição original para orquestra e theremin, e Carlos Bauzys, orquestração, André Boll, desenho de luz e Diego Dac, produção cenográfica.
Cristian Duarte ressignifica e adapta o conceito original de Biomashup, que estreou em 2014 durante uma residência de Duarte no Lote, na Casa do Povo. Esta recriação para o Balé da Cidade, cuja estreia ocorreu em 2024, oferece uma nova perspectiva ao repertório da companhia. Nessa versão, o elenco utiliza memórias de danças, gestos e referências para interagir com a música e com um ambiente em constante transformação, ampliando a compreensão dos tempos históricos.
Uma das mudanças para essa nova montagem foi o aumento no número de bailarinos. Duarte explica que o desafio de trabalhar mais corpos no mesmo espaço e a riqueza que cada repertório individual acrescenta à coreografia.
“Os corpos dos bailarinos funcionam como forças dinâmicas, criando configurações transitórias que envolvem a percepção contínua do público. O músico Tom Monteiro, utilizando o theremin – um dos primeiros instrumentos eletrônicos inventados e um dos poucos que pode ser tocado sem contato físico direto –, estabelece também uma ética do trabalho: quando o que não se vê se torna matéria indispensável para o movimento”, explica.
Fôlego, de Rafaela Sahyoun. Foto: Jorge Sato.
Fôlego, de Rafaela Sahyoun
Fôlego, criação de Rafaela Sahyoun, foi indicada ao Prêmio APCA Dança 2022 na categoria Espetáculo. Na equipe de criação conta com Inês Galrão como assistente de criação, Yantó – trilha original, produção musical e montagem sonora, inclui trechos de obras de The Field (Axel Willner), Karina Mondini como figurinista e Aline Santini com desenho de luz.
A proposta da peça incentiva a exploração da condição dos indivíduos como sujeitos sociais, oferece uma experiência relacional que alterna entre proximidade e distância, ressoando, transformando-se, falhando, desintegrando-se e renovando-se. Configura-se, assim, como um processo de contágio, caracterizado por um intercâmbio contínuo de desejos e assimilação.
Na criação de Sahyoun, a trilha sonora também está sendo revisitada a partir da produção de Yantó. Na montagem original de Fôlego, a trilha foi construída a partir de loops de trechos de três faixas do The Field, projeto do produtor sueco Axel Willner, conhecido por criar paisagens eletrônicas minimalistas, repetitivas e hipnóticas, marca do techno e ambiente europeu dos anos 2000 para cá.
Nesta nova versão, as mesmas obras são usadas, agora sem loops e apresentadas em suas versões originais, sem repetições e com o mínimo de cortes, para destacar as transformações e sutilezas que já existem nelas. Ao mesmo tempo, Yantó compôs duas peças inéditas para integrar a trilha, buscando dialogar com esse universo sonoro denso e estratificado do The Field, mas também abrindo um campo próprio, que pudesse acompanhar e sustentar as evoluções coreográficas do trabalho. “É uma música mais expressionista, que revela a pulsação do corpo de forma mais crua”, complementa Yantó.
“Fôlego é contágio, negociação de desejos, assimilação, um inesgotável influxo oscilatório de acontecimentos hipnóticos de afetos. Tentativas constantes de narrativas coexistirem. O pulso na obra atua como sustentáculo: urdido por intensidades em transformação gradual. O coletivo se compõe no acontecimento latente — entre aproximações e distâncias, reverbera na insistência em escapar da imobilidade que mora na individualidade. Numa dramaturgia de força propulsora, Fôlego evoca o erotismo de se estar vivo”, afirma Rafaela.
Balé da Cidade de São Paulo na França
Em programação oficial do Ano do Brasil na França, o Balé da Cidade se apresentará em cinco cidades do país com três coreografias, duas delas criadas em 2025. Além de Fôlego, peça de Rafaela Sahyoun criada para o repertório da companhia em 2022, as obras apresentadas serão BOCA ABISSAL, também assinada por Sahyoun, estreada em maio no Theatro Municipal, e Réquiem SP, de Alejandro Ahmed, coreografia do atual diretor artístico da companhia que abriu a temporada em março.
Essas obras buscam apresentar ao público francês a potência técnica e artística que distingue o Balé da Cidade de São Paulo. Réquiem SP é complexa, navega entre a melancolia e a adrenalina, trazendo o notório Requiem de György Ligeti no primeiro ato e Hajnal e Kétsarkú Mozgalom, composições do aclamado álbum de breakcore de Venetian Snares, no segundo. Entre os atos, Síncope para Motor e Água: Tálamo K costura essa troca de cenário.
Já BOCA ABISSAL e Fôlego conduzem o público a um estado de arrebatamento, impulsionado pela intensidade musical e pelo vigor dos movimentos. A pulsão que conecta o grupo irradia uma força propulsora que evoca o erotismo de se estar vivo. Assistir a ambas as coreografias reunidas em uma mesma noite é uma rara oportunidade de entrar em contato com o trabalho de Rafaela Sahyoun, coreógrafa de destaque na cena brasileira contemporânea.
A turnê na França passará por cinco cidades: Arcachon (18/09), Paris (23 a 27/09), Clermont-Ferrand (2 e 3/10), Annemasse (8 e 9/10) e Lyon (15 a 19/10), onde serão apresentados Fôlego e BOCA ABISSAL. Com Fôlego e Réquiem SP, o Balé chega a Lyon (15 a 19/10), e encerra a passagem pela Europa.
Mais informações disponíveis no site.
SERVIÇO
14/08, às 20h
15/08, às 20h
16/08, às 17h
17/08, às 17h
BALÉ DA CIDADE DE SÃO PAULO
Alejandro Ahmed, direção artística
ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL
Alessandro Sangiorgi, regência
BIOGLOMERATA (40’)
Cristian Duarte, coreografia, direção e espaço cênico
Aline Bonamin, assistente de coreografia
Tom Monteiro, trilha sonora – composição original para orquestra e theremin
Carlos Bauzys, orquestração
Alessandro Sangiorgi, regência
Cristian Duarte em companhia de Aline Bonamin e Lucas Lagomarsino, em colaboração com Ateliê Vivo – Andrea Guerra, Carolina Cherubini, Flávia Lobo e Gabriela Cherubini, figurino
André Boll, desenho de luz
Diego Dac, produção cenográfica
Intervalo (20’)
FÔLEGO (40’)
Rafaela Sahyoun, concepção e coreografia
Inês Galrão, assistente de criação
Yantó, trilha original, produção musical e montagem sonora – inclui trechos de obras de The Field (Axel Willner)
Karina Mondini – Tela Studio SP, figurinista
Aline Santini, desenho de luz
SOBRE O COMPLEXO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO
O Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo ligado à Secretaria Municipal de Cultura e à Fundação Theatro Municipal de São Paulo.
O edifício do Theatro Municipal de São Paulo, assinado pelo escritório Ramos de Azevedo em colaboração com os italianos Claudio Rossi e Domiziano Rossi, foi inaugurado em 12 de setembro de 1911. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras).
Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado. Além do edifício do Theatro, o Complexo Theatro Municipal também conta com o edifício da Praça das Artes, concebido para ser sede dos Corpos Artísticos e da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo.
Sua concepção teve como premissa desenhar uma área que abraçasse o antigo prédio tombado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e que constituísse um edifício moderno e uma praça aberta ao público que circula na área.
Inaugurado em dezembro de 2012 em uma área de 29 mil m², o projeto vencedor dos prêmios APCA e ICON AWARDS é resultado da parceria do arquiteto Marcos Cartum (Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura) com o escritório paulistano Brasil Arquitetura, de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz.
Quem apoia institucionalmente nossos projetos, via Lei de Incentivo à Cultura: Nubank, Bradesco, IGC Partners, Lefosse, Banco Daycoval e Grupo Splice. Pessoas físicas também fortalecem nossas atividades através de doações incentivadas.
SOBRE A SUSTENIDOS
A Sustenidos é uma organização referência na concepção, implantação e gestão de políticas públicas na área cultural que já impactou a vida de mais de 2 milhões de pessoas em 25 anos de atuação. Atualmente, é gestora do Complexo Theatro Municipal de São Paulo, do Conservatório de Tatuí e do Musicou, além do projeto especial MOVE e o festival Big Bang. De 2004 a 2021, também foi gestora do Projeto Guri, maior programa sociocultural brasileiro. Eleita pelo prêmio Melhores ONGs a Melhor ONG de Cultura em 2018 e uma das 100 Melhores ONGs do Brasil em 2022, a Sustenidos conta com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura Municipal de São Paulo e outras, de empresas e pessoas físicas. As instituições interessadas em investir na Sustenidos podem contribuir por verba livre ou através das Leis de Incentivo à Cultura (Federal e Estadual). Pessoas físicas também podem ajudar de diferentes maneiras. Saiba como contribuir no site da Sustenidos.
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