O 3º Encontro RPE - Retail Payment Ecosystem, realizado em parceria com a Horizon Pay na quinta-feira, 19 de setembro, reuniu líderes dos setores de tecnologia, varejo e mercado financeiro para discutir os desafios e oportunidades em um cenário de rápidas mudanças globais. O evento, que contou com a participação de mais de 200 pessoas e cerca de 80 empresas, trouxe à tona temas cruciais como tecnologia aplicada ao varejo, meios de pagamento e as dinâmicas econômicas que afetam diretamente o setor.
Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, vice-presidente e conselheiro da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), apresentou dados importantes de um estudo com as 300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro, de 2024, feito pela SBVC e pela Cielo. “Se a gente analisar essas 300 maiores empresas, que são metade do varejo brasileiro, e comparar o saldo líquido de lojas no final do ano em relação ao início do ano, todas cresceram. Todos os anos foram de crescimento. Então, o varejo está muito mais pressionado pelo que se fala dele do que pelo que de fato está acontecendo no setor. O estudo mostra que as dez maiores empresas do varejo brasileiro tinham 16% de mercado em 2014, e agora elas têm 19%”.
Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) e membro do conselho da RPE - Retail Payment Ecosystem, também abordou o impacto da inteligência artificial no varejo, explicando que “a IA já está totalmente disponível e pronta para uso, mas as pessoas ainda não sabem como utilizá-la na estratégia de negócios. O gargalo da inteligência artificial nas empresas é o nosso”. Segundo Terra, para que as empresas consigam tirar proveito dessa tecnologia, precisam investir em transformação digital e adequar sua arquitetura tecnológica.
Inovação nos Meios de Pagamento
No setor financeiro, o Pix foi citado como uma das inovações mais importantes. Antonio Soares, CEO da Dock, afirmou que “o Pix não é apenas um meio de pagamento, mas serve como um trilho que pode ser comparado ao plástico. Retirá-lo do processo obriga a repensar toda a cadeia de experiência do consumidor”. Para Pedro Albuquerque, cofundador da RPE, “o Pix transformou a indústria de meios de pagamento e também o varejo, pois nesse setor ele é trilha para vários serviços: não só pode ser usado para compras, mas também para pagamentos de faturas e outras necessidades”.
Cenário Econômico e Perspectivas Globais
Marcos Troyjo, economista e ex-presidente do Banco BRICS, abordou as principais tendências globais que irão impactar o mundo nos próximos 25 anos. “Estamos navegando em um mundo de incertezas, onde a única certeza é a mudança constante”, disse ele ao comparar o atual cenário global a uma navegação por mares turbulentos. Troyjo destacou o impacto das mudanças demográficas e a transformação das cadeias produtivas, afirmando que “a China está perdendo sua posição como ‘fábrica do mundo’, com a produção sendo transferida para países como Índia e México, sendo que, hoje, 20% dos iPhones já são feitos na Índia. Roupas que estavam sendo feitas na Índia, estão sendo transferidas para Bangladesh. Isso já está acontecendo com uma série de países no mundo”.
Apesar dos avanços, Alberto Serrentino destacou que o varejo ainda enfrenta desafios. “Nós saímos de um ambiente de pandemia com juros baixos e liquidez abundante para um cenário de muita incerteza, inflação global, juros altos e uma economia andando de lado. Para o varejo, isso foi devastador”. Ele também alertou que o endividamento das famílias e a dificuldade de concessão de crédito são barreiras importantes que precisam ser superadas para que o consumo cresça de forma sustentável.
O 3º Encontro RPE mostrou que a adaptação rápida, o uso inteligente de novas tecnologias e o entendimento das tendências econômicas globais são essenciais para que as empresas possam navegar com sucesso pelos desafios futuros. Como Marcos Troyjo ressaltou, “o futuro pertence àqueles que souberem navegar pelas incertezas com inteligência e inovação”.
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