MOTTAINAI- ADOTE ESSA IDÉIA

Ilha dos Arvoredos, em Guarujá, é o berço da sustentabilidade.


Para os japoneses, os recursos naturais têm um valor diferenciado. São, na verdade, – até em função da escassez e por influência do budismo, considerados sagrados. E, nesse olhar, a valorização de tudo o que lhes chega tem um tom de privilégio. E, para traduzir esse – que é um comportamento, um estilo de vida, um valor, eles escolheram a palavra MOTTAINAI.

Ela tem significado amplo. Ao mesmo tempo em que expressa um profundo agradecimento pela vida e por tudo o que se tem, significa também não ao desperdício e a valorização dos recursos. MOTTAINAI significa, então, uma maneira mais humana de cuidar e de se relacionar com o planeta e com a vida. Uma filosofia que norteia atitudes vitoriosas de milhares de pessoas no mundo todo.

Assim, desde muitos anos atrás, os japoneses lançam mão da palavra MOTTAINAI sempre que se sentem privilegiados por algo ou alguma coisa que os façam especiais. Sempre que querem agradecer e chamar a atenção dos demais para valorizar o que se tem. E, com esta consciência expandida, encontram no dia-a-dia diferentes maneiras de celebrar e valorizar a vida, uma filosofia de harmonia e de respeito à natureza, às pessoas, e à existência em todas as suas formas.

Há inúmeros exemplos de como aplicar essa filosofia na simplicidade da vida doméstica e também na complexidade dos grandes negócios. Há uma história, no entanto, que me chama muito a atenção. Por volta do ano 1.800 três cidades no mundo possuíam mais de um milhão de habitantes. Paris, Londres e Edo (como era chamada Tókio na ocasião). Edo era uma cidade limpíssima, sem lixo e sem desperdício e se destacava das demais por esse grande diferencial. Recentemente, pesquisadores fizeram um estudo para entender – o porquê, ou melhor, como – já naquela época a cidade conseguia tamanha façanha.

O que descobriram foi que toda a população estava imbuída do espírito MOTTAINAI. E, com essa crença a tudo agradeciam e mais, aproveitavam seus recursos, valorizavam cada coisa, reciclavam, reutilizavam, sensibilizavam, conscientizavam a população como um todo sobre a importância de cada coisa que existe no mundo.

E, dessa forma, economizavam energia, não geravam resíduos e, prosperavam. E, isso era aplicado absolutamente por todos os homens e mulheres, e, as crianças que desde cedo eram educadas para agradecer e valorizar até mesmo um grão de arroz. O caminho desse grãozinho - da luta dos agricultores para produzir o arroz sob sol e chuva, os sacrifícios até fazer chegar à mesa - era contado e recontado aos pequenos chamando a atenção para o valor contido em um único grão de arroz. As mulheres, também, encontravam formas diferentes de reutilizar os materiais do cotidiano. O quimono, por exemplo, quando ficava mais velho, era transformado em roupa para criança. Depois em fralda e, quando não dava para mais nada, era picado para servir de enchimento para almofada ou acolchoado. O peixe era aproveitado por inteiro. A cabeça do peixe era honrosamente oferecida para o líder da família ou do grupo, valorizando essa parte do alimento. Os ossos eram colocados para secar e, depois de secos, batidos e transformados em outro prato, cheio de nutrientes como o cálcio para crianças, e assim por diante. Tudo era utilizado até o fim, reciclado de diferentes formas em diversas vezes. 

Esse estilo de vida tornou Edo uma cidade limpa e a população mais feliz, mais produtiva e exemplo em maximização e agradecimento no uso dos recursos e cidade limpíssima, com zero lixo – não sobrava lixo!

Viver dentro da filosofia do MOTTAINAI além de muito prazeroso nos faz melhor. Faz-nos contribuir e cuidar desse nosso mundo tão carente de cuidado e até mesmo de compreensão sobre o valor da natureza. Ideias, todos, podemos ter, elas são infindáveis e, se todos começássemos a trabalhar nesse sentido – viver num mundo sustentável seria muito mais possível. É preciso, no entanto, ATITUDE. Atitude de cada um.

Ontem, 27 de agosto de 2022, tive o prazer de acompanhar um press trip para Guarujá, estância turística do estado de São Paulo, organizado pelo Visite Guarujá – Convention and Visitors Bureau. Lá, conhecemos o berço da sustentabilidade, a Ilha dos Arvoredos. Exemplo de iniciativa que nos remete à filosofia MOTTAINAI – a qual reforça o sentimento de agradecimento, de não ao desperdício, simplesmente, porque tudo tem valor, é precioso e é limitado.

Uma experiência memorável, que recomendo para todos as pessoas jurídicas e físicas #EmbuscadoESG. Afinal, é preciso que saibamos o que já recebemos da natureza, das gerações passadas e investir em transformações, para o melhor, com foco na qualidade de vida e no bem-estar das gerações futuras.

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