Regulamentação
A terapia celular em animais é regulamentada no Brasil. Os médicos veterinários podem exercê-las como prática clínica, conforme as Resoluções 1.363 e 1.364 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), publicadas em 23/10/2020 no Diário Oficial da União (DOU). Por serem consideradas um produto veterinário, as células-tronco só podem ser utilizadas sob registro no Ministério da Agricultura.
Entre as doenças tratadas estão a osteoartrose, lesões tendíneas e ligamentares, falhas ósseas, sequelas de cinomose, hipoplasia medular, traumas medulares, úlcera de córnea, ceratoconjuntivite seca, injúria renal aguda, doença renal crônica, dermatite atópica, doenças autoimunes, cicatrização de feridas e endometrite etc. Há outras indicações em fase de estudos.
A professora Michele Milistetd informa que existem bancos de célula-tronco no Brasil. O material é retirado do tecido adiposo de animais jovens e sadios, por meio de uma microcirurgia com o paciente anestesiado.
A retirada de células-tronco precisa ser autorizada pelo tutor. Os laboratórios especializados têm doadores cadastrados que passam por um check up antes da coleta do tecido adiposo.
O que são células-tronco?
De acordo com a mestre em Ciência Animal e Terapia Celular, as células-tronco são células indiferenciadas, capazes de se transformar em outros tipos celulares com especialidades e funções específicas quando estimuladas.
“Estas células são encontradas em todos os indivíduos, desde a fase embrionária até a fase adulta. Existem diferentes tipos de células-tronco e, na medicina veterinária, são utilizadas as células-tronco mesenquimais. Elas estão presentes em diversos tecidos do corpo e podem auxiliar no reparo de lesões do tecido onde estão localizadas, bem como realizar a substituição de células que morrem naturalmente nos tecidos”, ensina a especialista.
Tratamento individualizado
O tratamento com células-tronco pode ser feito de diferentes formas: infusão intravenosa, infiltração intra-articular, intratecal (no canal raquidiano) e em forma de colírio. A quantidade de aplicações e o intervalo entre as doses, informa a professora de Medicina Veterinária do UniCuritiba, depende da doença a ser tratada. “Quanto mais inicial for a doença, melhor será o resultado e menor o número de aplicações. Para as osteoartroses, fraturas e tendinopatias, normalmente é apenas uma aplicação.”
Michele diz que a taxa de sucesso do tratamento também é variável e os ganhos em qualidade de vida são incomparáveis. “Para úlceras de córnea, osteoartrose, lesões tendíneas e consolidação de fraturas, a taxa de sucesso é extremamente elevada e ultrapassa 80%. Para doenças crônicas, como a doença renal crônica, a pancreatite crônica, as doenças imunomediadas, o sucesso depende muito do estágio da doença. Quanto mais cedo, melhores são as taxas de sucesso”, finaliza.
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