Qual é o real motivo dos carros estarem tão caros?



As mudanças que aconteceram no mundo nos últimos anos, visivelmente atingiram com grande força o mercado automotivo, e a previsão é que os preços dos carros não voltarão a ser o que eram tão cedo.

O setor dos usados e seminovos apresentou crescimento no preço, como consequência do que está acontecendo com o mercado de zero quilômetro.

Dependendo dos modelos, algumas concessionárias oferecem uma parte deles com preços superiores aos do mesmo carro novo, porém, usado.

Como é possível imaginar, não só os carros encareceram, mas também as peças deles nas lojas automotivas atingiram preços exorbitantes.

Os consumidores que se dirigiram até as lojas para trocar peças se surpreenderam ao encontrar itens como uma bateria estacionárias de veículo custando quase o dobro do preço anterior, ou muitas vezes, com um valor até mais do que isso.

São vários os motivos que compõem o problema da alta nos preços dos automóveis em todos os setores, independentemente se o consumidor busca por um usado ou quer adquirir um novo: todos os preços estão altos.

Dessa forma, este artigo pretende explicar o porquê da alta dos preços dos carros em escala global, bem como os motivos pelos quais os usados e seminovos, de maneira particular no Brasil, também estão tão caros. 

Além das expectativas para as vendas de automóveis com selo mecânico tipo 21 ainda este ano. Acompanhe!

Qual o motivo do aumento nos preços dos carros?

No ano de 2021, as produtoras foram afetadas pela escassez dos componentes automotivos, o que acabou atrasando muito a produção de veículos. Assim, com muito pouco estoque e altíssima demanda, os preços dispararam.

Além disso, a alta nos preços dos automóveis acabou aumentando junto consigo os preços das peças, de maneira que o fenômeno todo se tornou uma grande bola de neve.

O que começava com o aumento no preço de uma linha de veículos de duas rodas, terminava por chegar no preço de uma retífica de cabeçote de carro, por exemplo.

Inclui-se nessa lista, com um dos primeiros motivos para o aumento geral, a crise dos semicondutores, junto a uma avalanche de mudanças que aconteceram no mundo nos últimos anos.

Os problemas se concretizaram em uma crise na fabricação de modelos novos de automóveis. É esse o motivo central por trás de todo esse cenário caótico dos preços.

Pois o fato é que, com o surgimento da pandemia, diversos setores, sobretudo os ligados à saúde, precisaram de itens que antes possuíam mais destaque na área automotiva. Dentre todos eles, os principais são os semicondutores.

Esses materiais estão presentes em tudo, desde computadores, microprocessadores e televisões, até carros.

Como no período de isolamento as montadoras foram obrigadas a parar de funcionar, o que consequentemente ocasionou a diminuição na compra de componentes, as empresas que produzem os semicondutores passaram a dar preferência a companhias de outros ramos.

Acontece que os semicondutores são responsáveis por partes importantes do carro, inclusive pelo funcionamento dos sistemas avançados de segurança que a maioria deles dispõe.

Não adianta nada comprar um carro usado ou seminovo, dar a partida com a sua chave codificada renault, se o seu sistema de segurança não estiver em dia. Aliás, os carros nem podem mais ser aprovados se não estiverem assim.

Com as fabricantes de carros no final da fila para receber o suprimento de semicondutores, foi preciso pausar as suas produções mais uma vez, o que está causando até agora uma falta de veículos zero nas principais concessionárias.

Afinal, de nada adianta uma fábrica com um estoque cheio de vela de ignição ford ka 3 cilindros, mas por outro lado, com os semicondutores em falta.

Como resultado, essa carência da indústria proporcionou uma grande explosão nos preços, como já era de se esperar segundo a lei da oferta e da demanda, uma vez que a produção de modelos novos caiu.

Além de tudo isso, a crise geral proporcionou grandes aumentos na conta de energia, tal como no preço do frete aéreo e marítimo. Tudo isso evidentemente também influenciou a crise, e precisou ser repassado no preço para o cliente final.

Se for parar para pensar, até quem trabalha fazendo lavagem de estofados de carros foi afetado.

Usados e seminovos no Brasil

Com a carência no mercado dos zero quilômetro, os consumidores acabam recorrendo aos usados e seminovos. O problema é que esse crescimento na procura pode causar o mesmo problema de antes com a oferta.

Com muitas pessoas atrás dos carros e um mercado que não está preparado para as atender, os produtos acabam ficando supervalorizados.

Consequentemente, o problema se estende mais uma vez para os preços das peças, chegando ao ponto do preço de um difusor de escape ultrapassar o de um motor de portão basculante ppa para portões de condomínio.

Para se ter uma noção, os carros de segunda mão, cujo tempo entre a compra e a sua revenda era superior a 2 meses no ano de 2019, hoje tem seu tempo de revenda para aproximadamente 30 dias.

Ademais, com a redução na rotatividade dos carros comercializados os lojistas precisam, para manter o caixa da loja no verde, reajustar o preço dos que são vendidos.

Expectativas para esse ano

Conforme dados da Anfavea, que é a Associação das Fabricantes de Veículos, até 2023 o mercado automotivo global deverá finalmente voltar a ter estabilidade no abastecimento dos semicondutores.

Ou seja, se trata de algo que traz a esperança de um novo vigor para a produção de novos carros, sobretudo no mercado nacional. Com uma produção em escala regular, a procura por usados e seminovos também deve voltar ao normal.

Isso é fato, pois com a virada do ano de 2021 para 2022, o setor de carros zero quilômetro já começou a registrar algumas novas retrações, muito por causa do IPVA, que é o Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor, que ficou novamente mais caro esse ano.

Com isso, o setor de usados e seminovos também terá algumas leves retrações, mas isso não significa que os preços voltarão a ser o que eram antes assim tão rápido.

Pelo contrário: ainda existem diversos problemas sociais e econômicos que refletem no preço dos automóveis. São fatores que não dependem só do abastecimento de semicondutores nas indústrias.

Desta forma, quatro são os fatores que dão indícios de que a baixa nos preços dos automóveis não irá acontecer do dia para a noite, mas gradual e lentamente:

  • Aumento dos impostos;

  • Necessidades de tecnologias de segurança caras;

  • Metas de sustentabilidade;

  • Tempo de resposta do mercado.

O que mais encareceu o valor de produção dos carros nos últimos anos foi o alto custo das novas tecnologias, sobretudo as de segurança, que são obrigatórias e possuem componentes de produção cara.

Além dessas tecnologias estarem sendo difundidas em todas as indústrias por moda, por necessidade de segurança, obrigatórias na lei, ainda entra a questão dos tipos de normas que os fabricantes não podem negligenciar, relacionadas à sustentabilidade.

Para dar um exemplo, é possível citar as metas de limitação da emissão de gases poluentes.

No fim das contas, tudo isso acaba encarecendo os projetos veiculares, o que impacta diretamente no preço final.

Se somar a isso o peso dos impostos, será acertado dizer que muitas famílias irão adiar o sonho da aquisição de um automóvel para depois que a poeira baixar

Considerações finais

Em uma crise onde até o preço do detergente tensoativos aniônicos esteve em alta, não é de se espantar que os automóveis tenham se tornado um artigo do qual a maioria não pode mais se dar o luxo de ter.

Houve um disparo geral no preço dos automóveis de todas as linhas no mundo inteiro, e de maneira bem notável no Brasil, os seminovos e usados encareceram proporcionalmente aos zero quilômetro.

Como foi visto ao longo do texto, esse aumento de preços foi inevitável, tanto por conta da crise financeira causada pelo isolamento social, quanto por questões industriais pontuais, como a carência no fornecimento de semicondutores para as indústrias de automóveis.

Além disso, fenômenos como impostos chegando a preços exorbitantes, falta de matérias-primas produzidas por nações que estão em guerra, como a Rússia e Ucrânia, mostram que a estabilização do setor não depende apenas dos semicondutores.

A crise geral afetou aspectos importantes do comércio de peças de produtos industrializados, e talvez o principal deles seja a disponibilidade dos fretes aéreo e marítimo, bem como os seus preços.

Dessa forma, é possível concluir que, apesar do início do ano de 2022 ter trazido o alívio de uma leve melhora no quadro, não se poderá esperar grandes baixas nos preços tão cedo.


Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de Investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.

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