Entrevista com o Presidente do São Paulo Convention & Visitors Bureau

 


“A regionalização empodera os órgãos públicos para prover investimento, infraestrutura e promoção dos destinos”, diz Toni Sando, presidente do SPC&VB

Um dos executivos mais respeitados do país, na área que engloba turismo, eventos e promoções, concede entrevista ao Show Vip, com respostas densas em conteúdo e esclarecedoras. Dono de observação arguta e capacidade analítica notável, Toni Sando discorre, entre outros, sobre a regionalização do turismo, criação dos Distritos Turísticos e prêmio Top Destinos Turísticos. Vale a pena conferir.

 

1. Quais são os impactos que a política de regionalização do turismo no estado de São Paulo exercem sobre os CVBs?

São Paulo, por muito tempo, ficou conhecido como um destino de negócios e eventos, devido à essa grande vocação, muito por conta da Capital e dos equipamentos que possui, como hotelaria, centros de convenções, presença das principais multinacionais e um rico calendário de feiras e congressos. Entretanto, desde sempre, o Estado contou com um leque de opções de altíssima qualidade em praia, campo, natureza, aventura, religião, gastronomia e muito mais nas cidades do interior.

A regionalização empodera os órgãos públicos para prover investimento, infraestrutura e promoção desses destinos. Lideranças e empresas locais podem auxiliar no desenvolvimento do turismo, gerando oportunidades, riqueza e renda, organizadas de forma independente ou por meio de entidades e associações. Neste passo, os CVBs locais e o São Paulo Convention & Visitors Bureau (SPCVB), que é estadual, têm mais ferramentas para trabalhar de forma regionalizada em sua função de promover os destinos, captar eventos e capacitar profissionais do bem-receber.

 

2. Como você avalia a criação dos Distritos Turísticos?

Há uma série de exemplos fora do Brasil de sucesso de destinos que se desenvolveram no turismo por meio da criação de Distritos Turísticos. As regiões eleitas o Estado de São Paulo, hoje, formadas pelos distritos de Serra Azul, Olímpia e Iguape, possuem um potencial enorme para gerar ainda mais crescimento no segmento e nas cidades ao redor. O diálogo constante com a iniciativa privada e investidores para aporte de novos empreendimentos e melhoria dos que já existem, com uma continuidade das ações do poder público para desenvolvimento e promoção, serão cruciais para o sucesso da operação da lei estadual.

 

3. O SPCVB apoia o Prêmio Top Destinos Turísticos desde a primeira edição. Quais os fatores que diferenciam e recomendam a premiação?

O SPCVB encoraja todas as ações feitas por entidades credibilizadas em prol do setor de turismo, eventos e viagens. A entidade foi criada há 38 anos e, por décadas, vem trabalhando em seus objetivos estatutários,. Quais sejam – promoção, captação e capacitação, em diálogo constante com o poder público e projetos em parceria com a iniciativa privada e seus associados. Há diversos cases de sucesso que movimentaram toda a cadeia produtiva, gerando riqueza e renda.

Possui em seu board de conselho curador um rol de entidades que compõem o setor, e, somando, exerce uma série de atividades com outras associações que complementam o trabalho. E o Top Destinos Turísticos, realizado pela ADVB e Skål, é uma desses projetos, que valorizam as cidades do interior, dando luz ao leque de diversidade de destinos que o Estado possui.

 

4. São inquestionáveis os benefícios que o agronegócio proporciona à economia brasileira, a partir dos ganhos de produtividade conquistados por conta da ciência e tecnologia empegadas na produção rural. O mesmo desempenho ocorre no mercado de Viagens, Turismo e Eventos?

Em potencial, sim. Turismo é, e sempre foi, um setor que carrega o poder de geração de emprego e renda de forma ágil em curto prazo, mas também com resultados em médio e longo prazo. Muito se diz que “turismo é o novo agro”. E realmente pode ser, pois todo o País tem vocação para ser um grande destino mundial e objeto de desejo de viagem de todo o globo. Agora se sabe que é preciso ainda de um maior esforço, com trabalho sincronizado entre o poder público nos três níveis, para uma maior promoção dos destinos brasileiros no exterior, assim como investimento em capacitação de profissionais ao menos bilingues, comunicação, transporte, infraestrutura e segurança.

 

5. O Secretário de Turismo do Estado de São Paulo, ex-ministro do Turismo, Vinícius Lummertz, afirma que o Turismo tem potencial para ser mais relevante que o agro na formação do PIB do Brasil. Qual é a sua opinião sobre isso? Concorda, discorda ?.

Como supracitado, sim. Além dos temas apontados anteriormente, é preciso de um trabalho de reconhecimento do setor pela população. É preciso trabalhar que os moradores enxerguem no turismo uma atividade que gera oportunidades. A inclusão da disciplina de turismo na grade curricular do ensino básico e médio da rede estadual de educação é exemplo de uma ação que trabalha diretamente nesta conscientização.

 

6. A matriz econômica do Turismo inclui mais de 50 setores impactados direta e indiretamente pela dimensão econômica resultante de viagens a lazer, negócios, eventos ou intercâmbio. Na sua opinião, quais medidas devem pautar a política pública, visando atrair investimentos para o desenvolvimento sustentável?

O poder público deve pensar em como ser aliado das empresas e investidores que possuem capital e vontade de gerar oportunidades dentro de um destino. Ao passo que se pensa a política pública de turismo e como isso pode agregar aos moradores (como diz a máxima, “Uma cidade boa ao morador, é uma cidade boa aos visitantes”), todas as medidas sustentáveis que viabilizam novos empreendimentos, projetos e ações são bem-vindas. Há bancos públicos com linhas especiais de crédito, programas de treinamento, a própria criação dos distritos turísticos, recursos destinados a infraestrutura turística, e mais.

 

7. Favor incluir outras considerações sobre temas relevantes que as perguntas acima não contemplam.   

É importante falar como as associações e entidades de classe possuem um papel importante no diálogo com o poder público. Seja representando o setor e pautando o governo das principais pautas e dores, que necessitam de medidas para solucioná-las; seja para entender o movimento pró-desenvolvimento que toda a iniciativa privada pode abraçar e unir forças, exponenciando os resultados. E são as entidades que possuem esse poder de concentrar os empresários e pautá-los dos movimentos futuros de investimentos e iniciativas do poder público, para assim, endossá-los.

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