As mulheres produzem cerca da metade dos alimentos e representam o 43% da mão de obra agrícola, mas ainda têm seu papel e importância negligenciados e estão fora dos principais espaços de decisão. No geral, as mulheres no campo também têm mais dificuldade de acesso à terra, ao crédito e a cadeias de alto valor, essenciais para sua subsistência e para o bem-estar das comunidades.
Trabalhar pela igualdade entre mulheres e homens no campo, reconhecendo o papel delas como beneficiárias e agentes para o desenvolvimento sustentável, é fundamental para o alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
“A Covid 19 mostrou que as crises são sofridas com particular incidência pelos grupos mais desfavorecidos, como mulheres e meninas. Quero destacar o compromisso da Espanha nesta área. Somente a liderança feminina e a participação das mulheres em igualdade de condições na vida política, econômica e social alcançarão a verdadeira transformação de nossos países. Não devemos esquecer que feminismo, paz e justiça social são inseparáveis”, disse o embaixador da Espanha no Brasil, Fernando Garcia Casas. “A maior semente transformadora do campo é a igualdade”, completou.
Em sua fala, a representante da ONU Mulheres no Brasil, Anastasia Divinskaya, chamou a atenção para a falta de reconhecimento ao trabalho das trabalhadoras do campo.
“As mulheres rurais têm um papel central para a agricultura mundial e ainda sim possuem acesso limitado a terras, água e renda, o que é uma violação dos seus direitos humanos básicos. Isso é consequência da falta de reconhecimento do trabalho, muitas vezes não remunerado, desempenhado por essas mulheres, o que leva a sua invisibilização e desvalorização. Portanto, é imprescindível que se invista na autonomia econômica das mulheres rurais, de forma a promover o trabalho decente e o acesso equitativo a recursos, bem na como proteção de seus direitos ao incentivar sua liderança e participação na construção de leis e políticas que afetam as suas vidas”, afirmou.
“Na América Latina, estima-se que cerca de 40% das mulheres que vivem no campo não têm renda própria. No caso dos homens, são 14% nesta situação. Além disso, menos de um terço das mulheres rurais possuem a titularidade da terra em que elas moram. Outro desafio que temos que superar é ausência de reconhecimento ao trabalho realizado pelas mulheres”, disse Gabriel Delgado, representante do IICA no Brasil.
A premiação acontece em um momento chave para a recuperação pós-covid-19. Segundo a FAO, os efeitos da pandemia incidiram de maneira desproporcional na capacidade produtiva, reprodutiva e de geração de renda das mulheres rurais, porque tende a reduzir suas oportunidades econômicas e acesso a alimentos nutritivos, ao mesmo tempo em que aumenta sua carga de trabalho e intensifica a violência de gênero.
“Fortalecer a liderança feminina no campo e desenvolver ações afirmativas é chave para um mundo pós-pandemia com maior promoção da autonomia econômica, eliminação da pobreza, aumento da produtividade, igualdade de acesso aos mercados e maior segurança alimentar e nutricional. Só assim seremos capazes de transformar verdadeiramente nossos sistemas agroalimentares”, explicou Gustavo Chianca, representante adjunto da FAO no Brasil.
Parcerias - O concurso contou com apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), do Serviço Social do Comércio (Sesc) e da Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (Asbraer) e da Rural Commerce, e com o patrocínio das empresas espanholas Acciona, Indra, Mapfre, Josep Llorens e Cmr Fruits.
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