Queridos amigos, quero compartilhar com vocês de mais uma crônica, “A cada etapa, a sua emoção”. Espero que gostem. Excelente semana para todos nós 😉

A cada etapa, a sua emoção.

​Na semana passada fui tomado de grande emoção.
​Mas antes de dizer qual a sua razão, quero contar algumas recordações que a ela se ligam.
​Lembro-me quão impactante foi o meu ingresso no primeiro ano do Colégio Bandeirantes, localizado aqui em Sampa. – Ai de mim, que isso foi no século passado!
​Imagina um adolescente que vivia fora da capital, cursava uma escola de bairro, e sempre foi um aluno mediano, que ora tirava boas notas, ora, não tão boas.
​De repente, vê-se obrigado a mudar de escola, pois terminava a oitava série.
​Naquela época – Oh! estigmatizada locução! –, tive que prestar um vestibulinho para poder ingressar no colégio. E conforme fosse minha classificação, iria ou não para a classe dos mais gabaritados.
​Não se precisaria dizer que saí da prova cheio de mim.
​Eis, porém, que publicaram o resultado.
E lá fui eu estudar na última classe.
​Fosse como fosse, o ano letivo começava, as muitas matérias avolumavam-se em meus cadernos, e o meu ritmo de estudo infelizmente permanecia preso ao ginasial. 
​Sendo assim, como viessem as primeiras provas bimestrais, também acho despiciendo dizer que as notas azuis rarearam.
​A realidade, então, achatou minha “sapiência”, tal como aquelas tremendas rochas que reiteradamente esmagam a cabeça do coiote, o eterno perseguidor do papa-léguas. – Vai dizer que nunca assistiu a esse desenho?!
​Pois bem, quando o ano terminou, ficava de quatro recuperações. E com esse placar, o aluno era gentilmente convidado – leia-se: obrigado – a deixar a escola.
​Mas como sempre fui um aluno proveitável – palavras de Maria Aparecida, então, minha professora de português –, os mestres se reuniram em conselho e “convenceram” um deles a me dar um ponto a mais na prova, o que me privou da expulsão.
​Daí que estudei muito, mas muito mesmo! E consegui ser aprovado para o ano seguinte. Ufa!
Ora, não precisei sonhar com nenhum gato escaldado para mudar em cento e oitenta graus minha dedicação aos estudos.
E por força dessa mudança radical, passei direto nos segundo e terceiro anos.
Foi um período de muito esforço. Mas também de muita alegria e companheirismo. Afinal, éramos uns oitenta rapazes que conviviam de segunda a sexta, e, via de regra, das sete da manhã até às seis horas da tarde. – E ainda agora ouço mães a reclamarem da “muita” carga horária dos seus filhinhos!...
A propósito, isso me fez lembrar de certo hábito que quase todos cultivávamos no terceiro colegial (hoje, ensino médio). Como ficávamos o dia inteiro na escola, trazíamos marmitas para o almoço. E como o tempo era todo disciplinado, no intervalo as deixávamos nos marmiteiros, e no recreio – era como chamávamos esse período – as trazíamos para dentro da classe.
Agora, imagina oitenta marmitas abertas, fumegantes e cheirosas, todas reunidas no interior de uma única sala, cuja porta permanecia fechada por causa do ar condicionado. Quando a aula que se seguia ao almoço começava, o professor que entrava só fazia reclamar dos mil odores que ali permaneciam combinados!
No entanto, nós também reclamávamos (a baixa voz) dele, pois quando o mestre entrava na sala, todos sentíamos o fortíssimo perfume com que “tomava banho”, o que nos deixava bastante enjoados.
E essa guerra aromática perdurou por todo o ano letivo!...
Outro episódio bem interessante por que passei foi a rápida visita que dois estudantes estrangeiros fizeram ao Bandeirantes.
Salvo engano – pois a memória já falha –, ambos ficaram não mais que três dias, assistindo às aulas, trocando experiências com os alunos, e sendo ciceroneados pela diretoria.
Um era francês. E o outro, norte-americano. Aquele frequentou a primeira classe; este, a nossa...
O francês era formal, bastante presente, e fumava feito homem grande. O gringo era descolado, nada interessado nas aulas, e se portava um isqueiro, com certeza não era para acender cigarros. Na realidade, o motivo por que se tornou “celebridade” foi a utilidade que dava àquele acendedor...
Ele arrancava uma folha de papel de um caderno, enrolava-a na forma de um cone, espetava na ponta um chiclete mascado, e o aquecia com o fogo. Depois, lançava o projétil para cima. O chiclete grudava no teto, e o cone ficava pendurado.
E qual não foi a minha surpresa, quando, ao entrar no banheiro, olhei para cima e vi que o teto estava completamente tomado por aquela manufatura de vândalo! – Sim, ele fizera seguidores.
Ah! se fosse contar todas as peripécias por que passei, todos os fatos interessantes que presenciei naqueles longínquos três anos!... Decerto escreveria um interessantíssimo livro de memórias.
E mesmo que às vezes me lembre, e com certa aflição, das incontáveis horas gastas com os estudos, das noites, finais de semana ou feriados sacrificados ante a proximidade das provas, e do vestibular, o fato é que todo esse esforço valeu à pena, pois o conhecimento que adquiri, mormente quanto à Flor do Lácio, abriu-me bem mais de uma porta, e me permite ir cada vez mais longe.
Mas se me emociono cada vez que me recordo dessa etapa da vida, sobretudo quando revejo os álbuns de fotos com que nos presenteavam no final de cada ano, muito maior foi a emoção que se apoderou do meu espírito ao retornar ao Band na semana passada.
Foi preciso, contudo, o início de um novo ciclo...

Amigo leitor, você não pode imaginar o que sente um ex-aluno ao levar o seu filho para conhecer o colégio em que estudou, e do qual fará parte no próximo ano!

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