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Na última Copenhagen Fashion Week SS26, em meio a vestidos arquitetônicos, alfaiataria desconstruída e propostas maximalistas, um detalhe escapou aos olhares menos atentos.
De acordo com Symone Rech, especialista em negócios de moda e fundadora da plataforma New & Now, o chinelo foi o protagonista da vez. Mas você pode se perguntar, “O chinelo? Sim, ele mesmo!”, diz.
Presente não como figurante, mas como peça de destaque, ele surgiu em versões impressas em 3D, fruto de uma colaboração entre OpéraSPORT, Havaianas e Zellerfeld, combinado a vestidos de seda, transparências delicadas e alfaiataria resort.
“Também invadiu o street style, acompanhado de meias transparentes, criando um contraste irresistível entre o relax e o refinado. O que poderia ser apenas um capricho de styling revela algo muito mais profundo: um momento de ruptura na forma como definimos sofisticação”, explica a especialista.
De acordo com a sua análise, o chinelo sempre carregou o DNA do descanso. Era sinônimo de pés livres na praia, no pós-treino ou dentro de casa. Agora, ele caminha pela cidade como um objeto de desejo, atravessando a fronteira entre o básico e o aspiracional.
“Este movimento reflete a desconstrução das antigas hierarquias do vestir. O consumidor atual busca conforto, mas quer sentir-se único, notado e desejado. Nesse ponto, o casual elevado deixa de ser apenas um conceito e se torna um território fértil para inovação”, salienta Rech.
Não é um fenômeno isolado. Nos últimos anos vimos a ascensão do athleisure, o crescimento do tênis como ícone de status e, agora, a consagração de calçados ultra casuais nas passarelas mais prestigiadas, confirme ela explica.
E o luxo já não reside no formalismo, mas na narrativa que sustenta o produto. “E isso, para o mercado brasileiro, abre uma oportunidade rara. Temos clima, cultura e hábito que favorecem o uso do chinelo o ano inteiro. O desafio é transformar essa peça em um verdadeiro Produto Icônico, aquele que atrai novos clientes, fideliza e garante fluxo constante de vendas”, indica a especialista que atua há mais de 30 anos no segmento de Moda e garimpa tendências internacionais, que são compartilhadas para indústrias e marcas de moda em sua plataforma, que oferece planos por assinatura.
Sobre como chamar a atenção, ela pontua que é preciso ousar no design, explorar texturas inesperadas, experimentar matérias-primas premium e criar colaborações que aproximem universos improváveis.
“O storytelling visual deve legitimar o uso em ocasiões não óbvias, ampliando a percepção de valor. Quando o chinelo é reposicionado dessa forma, ele deixa de ser apenas um item de verão e passa a representar um estilo de vida”, diz.
Enquanto muitos enxergam a presença do chinelo na passarela como um gesto provocativo, Symone vê como um sinal claro de mercado.
“É um convite para que as marcas revisitem seus básicos, resgatem peças subestimadas e as elevem ao status de desejo. Se o chinelo pode ocupar o pódio da sofisticação, quais outros itens estão esperando para serem redescobertos e transformados?”, finaliza a especialista.
Serviço:
New & Now - Symone Rech
Site: link
Instagram: symoneb.rech
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