Conviver em Paz: Utopia ou caminho viável?


A violência, justificada ou não, é um fato que atravessa a história da humanidade. Em 2025, ainda é um traço dominante de nossas relações sociais, econômicas e até afetivas. O direito à defesa, amparado juridicamente e celebrado como pilar da liberdade individual, muitas vezes se converte em instrumento de perpetuação da violência, legitimando ações que ferem o coletivo sob o pretexto da proteção pessoal ou da propriedade.

Vivemos numa sociedade marcada por contradições gritantes. Supor que a espécie humana seja capaz de conviver em paz plena é quase um ato de fé, pois o comportamento beligerante continua sendo incentivado — e premiado — em muitos círculos de poder. A cultura do confronto, do "nós contra eles", atravessa fronteiras geográficas, ideológicas e até familiares. A busca irracional por poder transforma o outro em ameaça e a defesa em ataque.

Mas é nesse mesmo paradoxo que reside a esperança de transformação. O desafio contemporâneo está em reinterpretar os valores que nos regem, não pela negação da propriedade ou do direito à defesa, mas pela valorização de algo ainda mais fundamental: o direito à dignidade compartilhada. Não apenas sobreviver, mas viver com propósito. Sonhar com recursos dignos e acessar meios legítimos de realização, sem que isso resulte em prejuízo para o próximo ou para o planeta.

O lucro, tão demonizado em discursos românticos e tão endeusado nos manuais de negócios, é necessário. Ele financia a inovação, a ciência, a educação e as ferramentas que nos permitem construir a paz — ou ao menos reduzir a ignorância que perpetua a violência. Desde que seja reinvestido com propósito, com senso de comunidade e com visão de longo prazo, o lucro pode se tornar uma alavanca de bem-estar coletivo.

É aí que o turismo se revela não apenas como um setor econômico estratégico, mas como prática civilizatória. Não me refiro ao turismo de massa predatório, mas àquele que emerge do respeito à diversidade e ao território. O turismo de saúde, o pedagógico, o regenerativo, o de negócios sustentáveis e os eventos criativos B2B e B2C, todos esses segmentos se encontram num ponto comum: a valorização da experiência como ferramenta de encontro.

Encontrar o outro, diferente de nós, pode nos ensinar mais sobre nós mesmos do que qualquer manual de ética. E esse encontro — quando mediado por respeito, hospitalidade e conhecimento — torna-se uma prática de paz. Uma experiência que celebra os saberes ancestrais, os rituais culturais, os costumes locais. É nesse campo simbólico que o turismo se conecta à sabedoria coletiva e ganha um papel protagonista na formação de uma cidadania global.

A paz pode não ser um ponto de chegada, mas ela precisa ser o caminho. Um caminho pavimentado pela inclusão, pela compreensão e pela capacidade de reconhecer que a liberdade só se sustenta quando estendida ao outro. A utopia da convivência pacífica talvez nunca se concretize plenamente. Mas cada gesto, cada escolha, cada política pública que favorece o conhecimento, o diálogo e o encontro respeitoso nos aproxima de um mundo menos hostil.

E talvez — só talvez — isso seja mais revolucionário do que qualquer ato de defesa.

A PAZ: Bing Vídeos

Postar um comentário

0 Comentários