Academia Editorial Júnior lança livros na Bienal do Rio 2025




Os acadêmicos com o presidente do SNEL, Dante Cid, ao centro, Thalita Rebouças, à esquerda de Dante, e Mariana Cláudio, gerente do Instituto Chamex


Em sua segunda edição, primeiro projeto social do SNEL tem como objetivo ensinar primeiros passos do ofício de editor de livros para jovens universitários em situação de vulnerabilidade social e/ou econômica

Foi numa rede social que Karoline Aguiar, 21 anos, descobriu que estavam abertas as inscrições para a Academia Editorial Júnior (AEJ), primeiro projeto social do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), criado em 2023 e chegando à sua segunda edição em 2025, com o objetivo de ensinar os primeiros passos do ofício de editor de livros para jovens universitários em situação de vulnerabilidade social e/ou econômica.


Estudante do quinto período de Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a moradora de Realengo, na Zona Oeste do Rio, foi uma das 20 selecionadas para aprender, por seis meses, com profissionais do setor — de editores a designers, passando por curadores de eventos literários, advogados, jornalistas, especialistas em marketing e redes sociais, entre outros — os primeiros passos da arte de produzir livros.


Atualmente, Karoline é estagiária na Editora Globo, onde desbrava o universo dos revisores de texto. “A gente teve tantas aulas incríveis na AEJ que bateu uma dúvida até do curso que eu faço! Sempre gostei muito de produzir eventos. E aí, quando a gente recebeu a diretora do TikTok, Juliana Gueli, me deu a maior vontade de trabalhar na organização de eventos literários”, conta a jovem fã de obras de suspense.


Mas nem sempre foi assim. Ela cresceu em uma casa sem livros. “Comecei a ler através do Maurício de Sousa. Acredito que muitas pessoas, né? Sempre que a minha mãe saía para pagar as contas na lotérica, a gente passava por um sebo. E, todo mês, ela comprava um gibi da Turma da Mônica”, rebobina Karoline. Ela lembra com riqueza de detalhes do momento em que juntou as primeiras sílabas diante de uma página dos quadrinhos mais famosos do Brasil.


Todos os alunos desta edição da AEJ receberam uma bolsa mensal de R$ 600, além de auxílio transporte e alimentação, pelos seis meses de aprendizado. Os ganhos, no entanto, foram muito maiores. A turma preparou dois livros como trabalho de conclusão do curso. Eles escolhem tudo, desde o tipo de papel até as minúcias da capa. Essas obras, lançadas sempre na Bienal do Livro do Rio, funcionam como uma espécie de trabalho de conclusão de curso.

Participação de Thalita Rebouças
O lançamento desses títulos – “Editodos” e “Construindo um novo amanhã” – foi realizado no estande do SNEL, nesta sexta-feira, 13 de junho, primeiro dia da Bienal do Livro Rio 2025. “Editodos” reúne textos inéditos dos alunos, em prosa e verso, na tentativa de compreender a existência humana num mundo tão turbulento. A jornalista e escritora Thalita Rebouças escreveu o prefácio.


“Eu me lembro de quando era uma jovenzinha, sem nenhum apoio, achando que só quem tinha artista na família publicava livros e ver esses jovens acreditando neles, imagina se eu não faria esse prefácio! Porque eu sei o que é ter o sonho de escrever. E não tive o incentivo que eles estão tendo nesse começo. Isso é muito especial. Quero parabenizar o SNEL pela iniciativa”, exulta Thalita, que, febre entre a garotada, está comemorando 25 anos de carreira.


Já “Construindo um novo amanhã” traz 27 redações vencedores do 49º Concurso de Redação, uma parceria do Instituto Chamex com a startup Redação Online. Todos os textos são de estudantes das escolas públicas do país e refletem sobre os impactos das mudanças climáticas no planeta. A turma se dividiu em duas para dar conta dos dois livros


Além do Instituto Chamex, a Academia Editorial Júnior existe hoje em virtude de uma rede de patrocinadores (Konekta, Gráfica Santa Marta, Grupo GEN, GL Events, Instituto Maurício de Sousa). E o Núcleo de Estratégias e Políticas Editoriais (Nespe) ficou responsável pela Coordenação Pedagógica desta segunda edição do projeto que só tende a crescer.


“Fiquei muito tocado pela qualidade dos profissionais que colaboraram com a Academia Editorial Júnior e pela facilidade que eles aceitaram esse convite de trazer os seus conhecimentos aos alunos. É importante mencionar que não houve dinheiro envolvido, foi tudo voluntário, e muitos conciliaram agendas para estar no Rio ou até pagaram passagem para encontrar a turma”, destaca o escritor, editor e diretor do Nespe, Leandro Müller.


“Outra coisa que achei sensacional é que as aulas foram na sala da diretoria do SNEL. Eram 20 pessoas muito jovens – o aluno mais novo tem 19 anos – sentadas como se fossem diretores de editoras. A energia que tinha ali era muito boa e funcionou muito. Todo mundo se empolgou”, comemora Müller. Em 2027 tem mais.


Lista dos participantes dessa edição
Amanda Spisso, Ana Carolina Ribeiro, Beatriz Araujo, Camile Damásio, Carlos Eduardo Siqueira, Eduarda Serejo, Juliana do Valle, Leticia Seabra, Karoline Aguiar, Maria Eduarda Coutinho, Mariana dos Santos, Nicole Ferreira, Thaiane Catarino, Thaís Figueiredo, Thais Carvalho, Thalia Reis.

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