Realizado pelo Museu Céu, primeira celebração da data nacional, após sanção da Lei 14.996/2024, marca novo momento para a arte urbana no Brasil. Evento contará com exposição coletiva, música, cinema, debates e oficinas para fortalecer a presença do graffiti como expressão cultural e a luta por políticas públicas para a arte de rua. Obras ficarão expostas até o dia 6 de abril.
No próximo dia 27 de março, a partir das 13h, o Complexo Cultural Funarte, localizado na Alameda Nothmann, 1058, Campos Elíseos, São Paulo, será palco de uma celebração histórica para a arte urbana brasileira. Organizada pelo Museu Céu, em parceria com a Ação Educativa e com o apoio da Funarte, a exposição coletiva reunirá mais de 50 artistas grafiteiros de diversas gerações e regiões do país, destacando a diversidade e a riqueza da expressão artística urbana para comemorar o Dia Nacional do Graffiti.
Kleber Pagu durante montagem do evento Dia do Graffiti na Funarte
Este evento ganha um significado especial após a sanção da Lei nº 14.996, de 15 de outubro de 2024, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reconhece o graffiti, a charge, a caricatura e o cartum como manifestações culturais brasileiras. A legislação assegura a livre expressão dessas formas de arte e estabelece o dever do poder público em promover sua valorização e preservação.
Kleber Pagu, fundador do Museu Céu, comenta: "A exposição visa ocupar o espaço da Funarte — já reconhecido como um polo de experimentação artística — com obras que retratam a história do graffiti por meio de diferentes gerações de artistas”. Além das obras expostas no espaço até o dia 6 de abril, a programação nesta quinta-feira contará com sessões de música, cinema, debates e oficinas, promovendo um grande encontro do setor e proporcionando uma experiência imersiva ao público presente.
O produtor cultural também destaca a importância de iniciativas como essa para a valorização da arte urbana no país: “A arte urbana é uma poderosa ferramenta de transformação social e cultural. Eventos como este não apenas celebram o talento dos nossos artistas, mas também reforçam a necessidade de políticas públicas que reconheçam e apoiem essas expressões. O Museu Céu nasceu com o propósito de democratizar o acesso à arte urbana e promover o diálogo entre artistas e a sociedade."
A convocatória aberta permitiu que artistas de todas as regiões do país entregassem obras nas mais variadas formas — telas, prints, fotografias, lambes, stencils, esculturas, entre outros — refletindo a pluralidade de técnicas e estilos presentes no graffiti nacional. A expectativa é que a mostra proporcione um panorama abrangente da cena atual, evidenciando tanto artistas consagrados quanto novos talentos emergentes.
Mais informações e marcação de entrevistas
Elisa Espósito (11) 97336-8002 / Kleber Pagu (11) 99958-2888
Museu Céu e a Arte Urbana
A arte urbana tem conquistado cada vez mais espaço no cenário cultural brasileiro, não apenas como expressão artística, mas também como ferramenta de transformação social. O graffiti, uma de suas manifestações mais marcantes, extrapola muros e paredes para ocupar galerias, festivais e até museus a céu aberto, reforçando sua relevância na construção de uma identidade visual para as cidades.
Para Kleber Pagu, um dos expoentes dessa cena, é essencial que a sociedade compreenda a importância da arte urbana e valorize seus artistas. "O graffiti não é apenas uma manifestação estética, mas uma forma de comunicação que dá voz a realidades invisibilizadas. Ele carrega narrativas, ocupa o espaço público e transforma ambientes, tornando-os mais inclusivos e democráticos", pontua. Essa valorização passa, segundo ele, por políticas culturais que incentivem a produção e a profissionalização dos artistas urbanos, garantindo que eles tenham reconhecimento e oportunidades reais dentro do mercado da arte.
Um dos grandes desafios enfrentados pelos artistas urbanos é a falta de espaços dedicados à sua arte. Muitas vezes marginalizados ou associados à ilegalidade, grafiteiros e muralistas encontram dificuldades em estabelecer suas carreiras e conquistar respeito institucional. Nesse contexto, iniciativas como o Museu Céu se tornam fundamentais. Criado por Kleber Pagu, o Museu Céu é um projeto inovador que transforma áreas públicas em espaços de exposição permanentes para a arte urbana. "A ideia de construir um museu sem paredes, é fazer com que a cidade se torne o suporte e a arte dialogue diretamente com o público", explica.
O Museu Céu não apenas amplia as possibilidades de exibição para artistas urbanos, mas também promove a democratização da arte, permitindo que qualquer pessoa tenha acesso gratuito a produções de alta qualidade. Além disso, ele se insere na lógica de requalificação urbana, tornando locais antes degradados em pontos de referência cultural. "Espaços como esse são essenciais para um país que ainda precisa aprender a valorizar sua arte urbana. Precisamos de mais iniciativas que garantam que o graffiti e outras manifestações da arte de rua sejam compreendidos como parte do nosso patrimônio cultural", ressalta Pagu.
Diante desse cenário, o crescimento de eventos e festivais dedicados à arte urbana reforça a necessidade de dar mais espaço e voz aos artistas de rua. O reconhecimento da importância do graffiti como forma legítima de expressão cultural e social abre caminho para um futuro onde esses artistas possam criar, expor e viver de sua arte com dignidade e respeito.
Sobre o Museu Céu
Fundado em 2022 por Kleber Pagu, o Museu Céu é a primeira instituição museológica do Brasil e da América Latina dedicada exclusivamente à promoção, preservação e valorização das artes urbanas. Com o objetivo de democratizar o acesso à arte e atuar como um instrumento de reconhecimento das contribuições da arte urbana no Brasil, o museu desenvolve projetos que dialogam diretamente com a comunidade e o espaço público. Seu principal projeto atual é o Circuito #ArteNãoÉPrivilégio, que busca realizar exposições a céu aberto nas 27 capitais brasileiras entre 2025 e 2026, promovendo o encontro entre diferentes atores da sociedade e fortalecendo a rede de trocas entre artistas e comunidades.
Sobre o Dia Nacional do Graffiti
O Dia Nacional do Graffiti foi instituído pela Câmara Municipal de São Paulo por meio da Lei nº 13.903/2004, com o objetivo de defender políticas públicas para o graffiti na cidade.
Nos últimos anos, o graffiti e a arte urbana conquistaram maior reconhecimento nacional e internacional, com uma produção de altíssima qualidade, ganhando espaço também nas discussões sobre políticas públicas. Prova disso é a sanção da Lei Federal nº 14.996/2024, da Lei Municipal nº 17.896/2023 e do Projeto de Lei nº 379/2020. Esses marcos legais reafirmam o graffiti como elemento da cultura, garantindo sua promoção e fomento.
A data remete a 27 de março de 1988, quando um grupo de artistas — entre eles Maurício Villaça, Ozi, Julio Barreto, Hudinilson Júnior, entre outros — realizou uma intervenção no túnel que liga a Avenida Dr. Arnaldo à Avenida Paulista, em homenagem ao pioneiro do graffiti Alex Vallauri, falecido um ano antes. Na ocasião, um jornal noticiou a ação com a manchete: “Está decretado o Dia do Graffiti”. Desde então, ações similares se repetem anualmente, até que, em 2004, Celso Gitahy, que liderava a comemoração na época, propôs a pintura do hall da Ação Educativa, ONG que tem sede na Rua General Jardim, 660, Vila Buarque, reconhecida como Ponto de Cultura, espaço que é referência para encontros e eventos de graffiti na Cidade de São Paulo. Naquele ano, Celso realizou a curadoria de uma exposição reunindo diversos artistas em celebração à data.
Com o tempo, coletivos periféricos passaram a organizar o evento, criando uma curadoria coletiva e diversa. Atualmente, 24 coletivos compõem a curadoria, mas artistas independentes seguem participando ativamente da construção dessa celebração.
Sobre Kleber Pagu
Kleber Pagu, paulista de 38 anos, é estudante de sociologia, artivista, artista urbano e produtor cultural. Desde jovem, Pagu demonstra uma profunda conexão com a arquitetura e a arte das cidades. Ao longo de sua carreira, acumulou mais de 300 obras em áreas centrais e periféricas, com projetos que se estendem por mais de 20 países, sempre promovendo reflexões sociais e culturais. Fundador do Museu Céu, Pagu também atua como conselheiro de Arte Urbana no Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e possui o certificado do Guinness World Records como produtor do maior grafite do mundo, o mural "Etnias", produzido ao lado do artista Eduardo Kobra durante as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro.
Em 2023, Pagu obteve uma grande conquista para o setor ao ser eleito para o Conselho Consultivo do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), tornando-se o primeiro conselheiro a representar a arte urbana no Brasil. Essa eleição consolidou o valor museológico da arte urbana e representou um avanço no diálogo entre as expressões contemporâneas e as instituições tradicionais de preservação cultural. Em 2025, Pagu foi eleito para o Conselho Municipal Participativo de São Paulo, reforçando sua atuação política e seu compromisso com a inclusão da arte urbana como forma de manifestação dentro de um contexto cultural mais amplo.
Das suas mais de 300 obras, quase 100 estão no centro de São Paulo, no entorno do Minhocão e são assinadas por artistas como Carlinhos Brown, Elza Soares, Jean Wyllys, Arnaldo Antunes, Laerte, Marcia Tiburi, Catarina Gushiken, Rita Wainer, Os Tupys e o muralista chileno Mono Gonzales. Seus projetos, realizados em mais de 20 países sempre com foco na promoção e valorização da arte urbana, utilizando a prática artística para transformar espaços públicos e engajar comunidades em discussões sociais significativas, têm repercussão midiática nos principais veículos de comunicação nacional e já foram citados até no The New York Times,.
É, ao lado de Fernanda Bueno (jornalista, bailarina, mestranda em políticas públicas e coordenadora do Balé da Cidade de SP), propositor e um dos principais articuladores do Projeto de Lei municipal 379/2020 em vias de aprovação, que propõe instituir a cidade de São Paulo como uma "Galeria de Arte a Céu Aberto", reconhecendo mais de 30 espaços urbanos como museus ao ar livre e estabelecendo "Polos Oficiais de Arte Urbana." Mais do que reconhecer a arte urbana como parte essencial da identidade cultural da cidade, o PL também visa promover uma abordagem integrada que une arte, turismo e revitalização urbana. Com sua tramitação avançando na Câmara Municipal, espera-se que essa iniciativa traga mudanças significativas para o cenário artístico e social da capital paulista. Veja mais na reportagem sobre territórios da arte urbana produzida por Beth Pacheco no programa Balaio da Globo News.
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Serviço
Museu Céu Oferece: Exposição Coletiva na Funarte SP em Comemoração ao Dia Nacional do Graffiti
Data: 27 de março de 2025
Local: Complexo Cultural Funarte SP
Endereço: Alameda Nothmann, 1058 - Campos Elíseos, São Paulo
Horário: A partir das 13h – As obras ficaram expostas na Funarte SP até 6 de abril
Classificação: Livre
Portal: CÉU | Museu CÉU
Kleber Pagu durante montagem do evento Dia do Graffiti na Funarte
Kleber Pagu durante montagem do evento Dia do Graffiti na Funarte
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