O "complexo de cachorro vira-lata", termo cunhado por Nelson Rodrigues, é frequentemente associado a um sentimento de inferioridade que leva à desvalorização do que é nacional em favor do que é estrangeiro. Embora inicialmente vinculado ao futebol, essa ideia permeia diversas áreas da sociedade brasileira, prejudicando a autoestima coletiva e o aproveitamento pleno das potencialidades do Brasil.
No entanto, o cenário das indústrias criativas –
impulsionado pelo turismo, pelas viagens e pelos eventos – apresenta uma
oportunidade única para superar esse complexo e evidenciar as vantagens
competitivas que os brasileiros possuem. Neste artigo, abordo como as
qualidades nacionais podem ser um vetor estratégico para o desenvolvimento
sustentável no Século XXI, destacando aspectos culturais, sociais e
profissionais que nos colocam em posição de destaque global.
Criatividade e inovação como diferenciais
Uma das características mais marcantes do
brasileiro é a criatividade. Em contextos de recursos limitados, somos capazes
de desenvolver soluções inovadoras que surpreendem o mundo. Essa criatividade
se reflete nas artes, na moda, na gastronomia e na música, produzindo uma
identidade cultural rica e diversa. A música brasileira, por exemplo, é um
produto de exportação que cativa audiências em todos os continentes, enquanto
estilistas brasileiros levam para as passarelas internacionais a originalidade
e a sofisticação de nossa cultura.
No âmbito das startups e da tecnologia, o espírito
empreendedor também se destaca. Empresas como Nubank e iFood mostram como
ideias disruptivas, criadas em solo nacional, podem conquistar mercados
globais. A capacidade de transformar desafios em oportunidades é um diferencial
que deve ser explorado nas indústrias criativas.
Resiliência e adaptabilidade em ambientes competitivos
A resiliência é outra qualidade essencial do
brasileiro. Enfrentamos crises econômicas, desastres naturais e outros desafios
com uma capacidade ímpar de nos reinventar. Essa habilidade é especialmente
valiosa em setores como turismo e eventos, que demandam adaptação constante a
cenários mutáveis.
Exemplo disso é a maneira como cidades brasileiras
reestruturaram suas estratégias turísticas durante a pandemia de COVID-19,
valorizando experiências ao ar livre e promovendo o turismo regional. Essa
adaptação é resultado direto da flexibilidade e criatividade que caracterizam
nossa população.
Hospitalidade e calor humano como trunfos no
Turismo
Nenhum outro povo é tão conhecido por sua hospitalidade quanto o brasileiro. O acolhimento caloroso oferecido aos turistas é uma das maiores qualidades que podemos oferecer em um mundo onde experiências autênticas e conexões humanas são cada vez mais valorizadas. A capacidade de criar um ambiente amigável e receptivo diferencia o Brasil como destino turístico e como anfitrião de grandes eventos.
Essa hospitalidade também se reflete no ambiente corporativo, onde o brasileiro demonstra empatia e disposição para trabalhar em equipe, criando redes colaborativas que impulsionam a inovação e a produtividade.
Diversidade cultural: Uma fonte inesgotável de inspiração
A diversidade étnica, cultural e religiosa do
Brasil é uma riqueza inestimável. Essa pluralidade nos torna mais inclusivos e
capazes de lidar com diferenças, promovendo soluções criativas que atendem a
uma ampla gama de preferências e necessidades.
Nos setores de turismo e eventos, essa diversidade
é um ativo valioso. O carnaval, as festas juninas e as manifestações culturais
regionais são exemplos de como o Brasil pode criar experiências únicas que
atraem turistas de todas as partes do mundo.
Alegria e otimismo: O combustível do desenvolvimento sustentável
A alegria é uma marca registrada do brasileiro.
Mesmo em situações adversas, mantemos um espírito otimista e uma capacidade
ímpar de celebrar a vida. Esse traço cultural é essencial para as indústrias
criativas, pois cria um ambiente de trabalho positivo e impulsiona a criação de
experiências memoráveis para o público.
Superando barreiras e construindo o futuro
Para que o Brasil aproveite plenamente essas
vantagens competitivas, é essencial superar o complexo de cachorro vira-lata.
Isso passa por valorizar o que temos de melhor, investir em educação e
capacitação, e promover nossas qualidades tanto no mercado interno quanto no
internacional.
No cenário do Século XXI, as indústrias criativas serão um dos principais vetores de desenvolvimento sustentável, integrando turismo, eventos e cultura. O Brasil está em uma posição privilegiada para liderar esse movimento, desde que reconheçamos e celebremos nossas qualidades como forças transformadoras. Viva Joãozinho 30!
*Luiz Henrique Arruda Miranda É Comunicador Social, CEO da Agência Amigo – Comunicação Integrada e Diretor de Comunicação e Marketing da Skål Internacional São Paulo.
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