Entre os convidados está Abderrahmane Sissako, um dos cineastas do continente africano mais consagrados pela crítica internacional, que também participa de uma masterclass no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. Exibições dos filmes acontecem no Cinesesc.
Black Tea - O Aroma do Amor (2024). Dir. Abderrahmane Sissako - Crédito: Olivier Marceny
A Mostra de Cinemas Africanos entra no seu 7º ano com mais uma programação na cidade de São Paulo (SP). Nesta edição, o festival acontece de 11 a 18 de setembro no Cinesesc e apresenta 16 longas e 4 curtas de 14 países do continente africano, com vários títulos inéditos no Brasil e uma programação especial sobre a exploração colonial, violência e epistemicídio que marcaram a história de países do continente. A presença de convidados africanos também se mantém na programação com debates pós sessão. Os ingressos para assistir aos filmes custam R$ 24,00 (inteira), R$ 12,00 (meia) ou R$ 8,00 (credencial plena), enquanto as atividades paralelas têm entrada franca. Informações no site www.mostradecinemasafricanos.
A Mostra abre com a estreia no Brasil do longa “Black Tea - O Aroma do Amor” (2024), de Abderrahmane Sissako, um dos cineastas do continente africano mais premiados no mundo. O longa conta a história de uma jovem da Costa do Marfim que se apaixona por um homem chinês mais velho, após imigrar para a Ásia. Nascido na Mauritânia, Sissako é conhecido por filmes que exploram a globalização e o deslocamento, com várias premiações em festivais internacionais. Com apoio da Embaixada da França no Brasil e no Senegal, o cineasta estará presente no festival e participa de uma masterclass no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc.
Outro destaque deste ano é o conto senegalês Banel e Adama (2023), da franco-senegalesa Ramata-Toulaye Sy, que acompanha um jovem casal de uma pequena aldeia confrontado pelas convenções da sua comunidade. O filme, que já chegou despertando atenção e concorrendo à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2023, foi exibido no Festival do Rio no ano passado e tem sua pré-estreia comercial no Brasil na Mostra de Cinemas Africanos. A diretora também vem a São Paulo para participar da Mostra. “Black Tea - O Aroma do Amor”e Banel e Adama tem distribuição garantida no Brasil pela Imovision
Entre os filmes estreantes no Brasil, que também contarão com a presença dos seus realizadores, estão a docuficção Pirinha (2024), da cabo-verdiana Natasha Craveiro, que apresenta a jornada de uma jovem lutando para libertar-se das masmorras de seu subconsciente e dos traumas de infância. Da África do Sul, o documentário “Banido” (2024), de Naledi Bogacwi, narra os acontecimentos em torno do filme “Joe Bullet” (1973), composto totalmente por pessoas africanas negras e banido pelo governo do apartheid. Já o nigeriano Dika Ofoma discute as complexidades das relações comunitárias e familiares em um contexto de tensão política no curta “Uma Segunda-Feira Tranquila” (2023).
Único festival calendarizado no Brasil dedicado exclusivamente à exibição de filmes africanos contemporâneos, a Mostra de Cinemas Africanos 2024 tem curadoria de longas assinada pela diretora e idealizadora da Mostra, Ana Camila Esteves e pela programadora senegalesa Ibee Ndaw.
Programação Especial: Direito à arte, à terra e ao luto
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Uma seleção de filmes que tratam da exploração colonial, racismo e epistemicídio, integra um programa especial na Mostra de Cinemas Africanos 2024. Com curadoria de Ana Camila Esteves, Gabriela Almeida e Emi Koide, esta sessão exibe curtas e longas documentais que tematizam, de diferentes formas, o trauma e o luto da violência colonial e o direito à restituição de objetos, obras de arte e restos mortais.
A sepultura vazia (2024) de Agnes Lisa Wegner e Cece Mlay mostra os traumas do colonialismo e a luta das famílias para repatriar os restos mortais de seus familiares. Em Nossa terra, nossa liberdade (2023) de Meena Nanji e Zippy Kimundu, mãe e filha quenianas investigam as atrocidades cometidas pelo governo colonial britânico contra o Quênia e seu povo. A História de Ne Kuko (2023) de Festus Toll segue o ativista Mwazulu Diyabanza na luta pela devolução de objetos africanos mantidos em museus europeus. Dois filmes clássicos que também tratam do saqueamento e opressão colonial sobre obras de arte africanas fecham a programação: As Estátuas Também Morrem (1963), de Alain Resnais, Chris Marker, Ghislain Cloquet e Você me Esconde - A colonização da arte africana no Museu Britânico (1970) de Nii Kwate Owoo.
Masterclass Abderrahmane Sissako
Abderrahmane Sissako. Foto Chevié Link
A Mostra de Cinemas Africanos também tem como missão difundir conhecimento, produzir conteúdo e promover o diálogo entre a produção audiovisual africana e brasileira. Nesta edição em São Paulo, o festival realiza uma Masterclass com o cineasta mauritano Abderrahmane Sissako, um dos maiores nomes do cinema africano contemporâneo, vencedor dos prêmios Cesar de melhor Direção, Roteiro e Filme, com "Timbuktu” (2015), além do Prêmio Especial do Juri, no Festival de Cannes, entre vários outros festivais. O evento é gratuito e acontece dia 12 de setembro (quinta-feira), das 10h30 às 13h, no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, com mediação da pesquisadora brasileira Hannah Serrat, especialista na obra do cineasta.
A conversa abordará como Sissako retrata experiências migratórias e diaspóricas em seus filmes, criando novas formas de identidade coletiva. A discussão também abordará como esses temas são construídos esteticamente nos enquadramentos, na mise-en-scène e na montagem. Baseado na pesquisa de Hannah sobre a filmografia de Sissako, este encontro entre a pesquisadora e o realizador oferece uma análise profunda de uma obra que explora questões essenciais ao continente africano, como as complexidades em torno dos processos de deslocamento das pessoas africanas no mundo.
A Mostra de Cinemas Africanos 2024 em São Paulo tem realização do Sesc São Paulo, idealização de Ana Camila Comunicação & Cultura e apoio cultural da Embaixada da França no Brasil e no Senegal.
Serviço:
Mostra de Cinemas Africanos 2024
São Paulo (SP): 11 a 18 de setembro
Local: CineSesc (Rua Augusta, 2075)
Filmes: 8 dias, 16 longas e 4 curtas de 14 países
Cineastas africanos convidados: Abderrahmane Sissako (Mauritânia), Ramata-Toulaye Sy (França/ Senegal), Natasha Craveiro (Cabo Verde), Naledi Bogacwi (África do Sul), Dika Ofoma (Nigéria)
Ingressos para os filmes: R$ 24,00 (inteira), R$ 12,00 (meia), R$ 8,00 (credencial plena);
Masterclass com Abderrahmane Sissako
12/09 (quinta-feira), das 10h30 às 13h
Mediação: Hannah Serrat (pesquisadora especialista na obra do Sissako)
Local: Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar)
* Tradução simultânea FR-PT
Entrada franca
Programação completa: mostradecinemasafricanos.com
Longas:
“Adeus, Julia” (“Goodbye Julia”, Sudão, Egito, Alemanha, França, Arábia Saudita, Suécia: 2023), dir.: Mohamed Kordofani - Trailler;
“A sepultura vazia” (“The empty grave”, Tanzânia, Alemanha: 2024), dir.: Agnes Lisa Wegner e Cece Mlay;
“Banel & Adama” (“Banel & Adama”, Senegal, França, Mali: 2023), dir: .Ramata-Toulaye Sy - Trailler;
“Banido” (“Banned”, África do Sul: 2024), dir.: Naledi Bogacwi;
“Black Tea - O Aroma do Amor” (“Black Tea”, França, Luxemburgo, Taiwan, Mauritânia: 2024), dir. Abderrahmane Sissako - Trailler;
“Dente por dente” (“Dent pour dent”, Senegal, Bélgica, França, Ruanda: 2023), dir.: Ottis Ba
“Depois das longas chuvas” (“Baada Ya Masika”, Quênia, Suíça: 2023), di.: Damien Hauser;
“Didy” (“Didy”, Suíça: 2024), dir.: Gaël Kamilindi e François-Xavier Destors
“Disco Afrika: Uma história de Madagascar” (“Disco Afrika: A Malagasy Story Madagascar”, França, Alemanha, Ilhas Maurício, Catar, África do Sul: 2023), dir.: Luck Razanajaona;
“Donga” (“Donga”, Líbia: 2023), dir.: Muhannad Lamin
“Não se atrase para o meu funeral” (“Don’t be late for my funeral”, África do Sul: 2023), dir.: Diana Keam;
“Nossa terra, nossa liberdade” (“Our land, our freedom”, Quênia, Portugal, EUA: 2023), dir.: Meena Nanji e Zippy Kimundu
“Os recrutas de Londres” (“London recruits”, África do Sul: 2024), dir. Gordon Main;
“Pirinha” (“Pirinha”, Cabo Verde: 2024), dir.: Natasha Craveiro;
“Todas as cores do mundo estão entre o preto e o branco” (“All the Colours of the World are Between Black and White”, Nigéria: 2023), dir: Babatunde Apalowo;
“Zaho Zay” (“Zaho Zay”, Madagascar, Áustria, França: 2020), dir.: Maéva Ranaïvojaona e Georg Tiller;
Curtas:
“As Estátuas Também Morrem” (“Les statues meurent aussi, França: 1963), dir.: Alain Resnais, Chris Marker, Ghislain Cloquet
“A história de Ne Kuko” (“The Story of Ne Kuko”, Países Baixos: 2023), dir.: Festus Toll
“Uma segunda-feira tranquila” (“A Quiet Monday, Nigéria: 2023), dir.: Dika Ofoma;
“Você me esconde - A colonização da arte africana no Museu Britânico” (“You Hide Me - The Colonization of African Art in the British Museum”, Reino Unido: 1970 ), dir.: Nii Kwate Owoo
Sobre a Mostra de Cinemas Africanos
A Mostra de Cinemas Africanos é o único festival continuado dedicado exclusivamente à exibição de filmes africanos contemporâneos no Brasil. Criado em 2018, em Salvador (BA), pela produtora cultural e pesquisadora brasileira Ana Camila Esteves, juntamente com a curadora e pesquisadora espanhola Beatriz Leal-Riesco, o festival traz ao Brasil uma seleção dos títulos relevantes apresentados nos principais festivais internacionais de cinema e outros filmes de destaque identificados por meio da pesquisa das curadoras.
O trabalho curatorial da Mostra de Cinemas Africanos leva em conta filmes de curta e longa-metragem contemporâneos, de realizadores da África e sua diáspora. Nesses 7 anos, a Mostra exibiu mais de 300 filmes de 33 países africanos, alcançando mais de 400 mil pessoas e proporcionando uma visão rica e diversificada da cinematografia do continente. Além da programação de filmes, o evento realiza cursos, encontros, debates e a publicação de um catálogo anual com artigos científicos, ensaios e entrevistas, disponíveis no site: www.mostradecinemasafricanos.
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Sobre o Sesc São Paulo
Prestes a completar 78 anos de atuação, o Sesc – Serviço Social do Comércio conta com uma rede de mais 40 unidades operacionais no estado de São Paulo e desenvolve ações com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida aos trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e para toda a sociedade. Mantido pelos empresários do setor, o Sesc é uma entidade privada que atua nas dimensões da educação e da cultura, com ações nas áreas físico-esportivas, meio ambiente, saúde, odontologia, turismo social, artes, alimentação e segurança alimentar, inclusão, diversidade e cidadania, são voltadas para todas as faixas etárias, com o objetivo de contribuir para experiências mais duradouras e significativas. São atendidas nas unidades do estado de São Paulo cerca de 30 milhões de pessoas por ano. Hoje, aproximadamente 50 organizações nacionais e internacionais do campo das artes, esportes, cultura, saúde, meio ambiente, turismo, serviço social e direitos humanos contam com representantes do Sesc São Paulo em suas instâncias consultivas e deliberativas. Mais informações, clique aqui.
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