Visitas aos espaços permitem conhecer processos artísticos de forma mais intimista e profunda.
Ateliê de Júlio Vieira, nos Campos Elíseos.
Quando a vontade é conhecer o trabalho de um artista mais de perto, as possibilidades vão muito além da visita a museus, feiras e galerias de arte. Nos espaços expositivos tradicionais, ainda pode existir certo distanciamento entre visitante e obras.
As visitas aos ateliês, espaços onde artistas experimentam e desenvolvem novos trabalhos, são uma oportunidade de ter um contato mais próximo com a arte. Nesses locais, é possível conhecer as técnicas, materiais e processos criativos de um artista específico de forma mais íntima e profunda.
Ateliês individuais e coletivos de artistas visuais e outros profissionais criativos estão espalhados por toda a cidade de São Paulo. Nessa semana, em que acontece a feira Rotas Brasileiras entre os dias 28 de agosto e 01 de setembro, especialmente, as atividades nos espaços culturais se intensificam. Conheça a seguir os ateliês de quatro artistas que valem a visita:
Júlio Vieira
Júlio Vieira se inspira em paisagens urbanas para criar pinturas que se assemelham a colagens.
O artista, que trabalha com pintura a óleo e acrílica, mantém seu ateliê em um galpão espaçoso na região dos Campos Elíseos. Nas paredes, é possível observar referências que Vieira coleta pela cidade para compor suas pinturas, que incluem elementos urbanos como ladrilhos, portões de ferro e plantas. Pilhas de livros de História da Arte também servem de inspiração para o pintor, que inclui homenagens a artistas que admira em seus trabalhos. O ateliê fica no espaço coletivo Prismas Galpão, que ainda abriga o artista Juan Pablo Mapeto e o ateliê de joias Trillium.
Referências coletadas pelo artista em suas caminhadas pela cidade aparecem em suas obras.
Andrey Rossi
Andrey Rossi
Localizado no bairro de Santana, Zona Norte da cidade, o que mais chama a atenção ao entrar no ateliê de Andrey Rossi são pequenos bilhetes que cobrem todas as paredes do local. São frases que o artista anota em seu cotidiano, resultado de reflexões sobre a impermanência, a passagem do tempo e a solidão, temas abordados em suas pinturas a óleo. Os questionamentos ficam sempre à vista e orientam o processo criativo de Rossi, ao lado de estantes que exibem itens como crânios de pequenos animais e moldes de arcadas dentárias.
O artista orienta seu processo criativo a partir de anotações baseadas em suas reflexões sobre o tempo, a impermanência e a solidão.
Marlene Stamm
Aquarelas que retratam objetos do cotidiano recobrem as paredes do ateliê de Marlene Stamm.
O ateliê de Marlene Stamm parece coberto por obras em todos os espaços possíveis: é uma evidência do trabalho quase obsessivo da artista, que frequentemente cria séries com centenas de pinturas em aquarela. Sua obra retrata itens do cotidiano, como envelopes, cartas antigas, livros e móveis, investigando a força das histórias que ficam impregnadas nos objetos com a passagem do tempo. O espaço de Stamm fica no ateliê coletivo naUapi, um casarão antigo em Moema que ainda abriga artistas como Giba Gomes e Guilherme Callegari.
Marlene Stamm cria séries com centenas de aquarelas em seu ateliê.
Carla Duncan
Carla Duncan retrata a efervescência das cidades paraenses.
O ateliê da artista fica em uma casa aconchegante na Vila Mariana. Nascida em Belém do Pará, Duncan retrata cenas do cotidiano local, como comércios populares, portos e feiras em toda sua efervescência. Com seu trabalho, a artista busca combater estereótipos sobre os cartões postais da região Norte, mostrando como esses espaços promovem a formação de redes sociais entre os moradores e auxiliam na resistência à gentrificação. O ateliê também funciona como escola de pintura, sendo possível observar, além das telas a óleo da artista, os trabalhos dos alunos que passam pelo local.
Todos os ateliês podem ser visitados mediante agendamento.
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