Vamos aprender com o marco temporal?

José de Souza Martins, emérito colunista social do Caderno EU&, do jornal Valor Econômico, na página 4, da edição de 7 e 8 de setembro de 2023, estampa claras diferenças e antagonismos culturais conflitantes entre os “brancos” (que vivem o direito de propriedade) e os povos originários (que vivem o direito de posse) na República Federativa do Brasil.

Carlos Jacchieri, precursor da arte-educação no Brasil, reconhecido como o 1º cenógrafo da América Latina e considerado, por mim, mestre em antropologia cultural, nos ensina o que difere a propriedade da posse, com singular didatismo.

“Você acolhe um cachorrinho de estimação para morar. Ao chegar no imóvel, ele vai delimitar o território dele. Passado algum tempo, você prospera e muda para um imóvel maior. Leva o cachorrinho. Chegando lá, ele vai novamente delimitar a posse de um novo território. A diferença é que você pode ter trazido o título de propriedade do imóvel que não vai mais ocupar”, exemplifica ele.

Mito cultural, a propriedade ganha, cada vez mais, ritos de proteção altamente elaborados. Vejam a variedade de contratos existentes no mercado imobiliário. Levado à esfera geopolítica, posse e propriedade amplificam o conflito no âmbito das ocupações e invasões. Eclodem embates que alcançam até violência armada.

A perspectiva deslavada, dedicada à acumulação, acelera o juízo de valor em defesa de causa própria, unilateral. Pactua com o risco do desequilíbrio. Força a balança pender para o lado diametralmente oposto ao do bom-senso.

Sejamos francos, em plena segunda década do Século XXI, a supremacia do poder irracional é vergonhosa. O desenvolvimento sustentável e regenerativo das boas práticas científicas, compromissadas com bem-estar coletivo, é capaz de absorver o azedo do limão e, “eureca”, aprender como se faz doce e refrescante limonada.

*Luiz Henrique Nascimento de Arruda e Miranda é diretor de Comunicação e Marketing da Skål Internacional São Paulo e CEO da Agência Amigo! – Comunicação Integrada



 

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