PREVISIBILIDADE, RESPONSABILIDADE E TRANSPARÊNCIA

 




Indicador considerado a prévia da inflação, o IPCA-15 registrou nova queda de preços. Desta vez, de 0,07% em junho. sendo a segunda deflação seguida, provando que a economia está se reequilibrando e pressionando, cada vez mais, o Banco Central, a reduzir os juros na reunião deste mês de agosto do COPOM. 

Antes vilões, alimentos e energia elétrica puxaram a queda. Ou seja, o nível dos reservatórios está considerável para esta época do ano, de seca para algumas regiões e as safras batendo recordes de colheitas. Em 12 meses, o IPCA-15, que tem uma medição diferente do IPCA, o índice oficial de inflação do país, tem alta de 3.19%. No ano a taxa chega a 3,09%. A título de comparação, ambos os números estão dentro da meta estipulada pelo Banco Central para ano este ano, de 3,25%. Com tanta pressão do governo e de alguns setores da economia, em especial da indústria, a cautela adotada pelo COPOM na hora de estipular a taxa básica de juros deve ser deixada de lado na primeira reunião do segundo semestre. Por mais que a tendência seja de redução de 0,25% ponto percentual da Selic, pode ser que o corte de 0,5% ponto percentual possa aparecer. Algo acima disto seria arrojado demais, ainda mais com a previsão do indicador encerrar o ano em 12%. 

Inflação e juros são o termômetro para o setor, principalmente para a parte que cabe ao bolso do consumidor. Com isso, os dois indicadores, em um nível mais equilibrado e justo, a economia pode crescer, com a moeda circulando de uma forma mais rápida e fazendo o país ficar em um bom parâmetro nas agências de classificação de risco. Os tempos de incerteza do Brasil, parecem estar ficando para trás. Ainda que desafios de se colocar o país novamente nos trilhos permaneçam, é possível olhar para o horizonte e ver perspectivas alvissareiras para a economia. Não à toa, a confiança dos empresários e consumidores aumentou e, entre as multinacionais, o mercado brasileiro desponta como um dos mais promissores do planeta. Uma série de fatores contribuiram para que o Brasil saísse da letargia, provocada por uma grave crise política. A tensão entre os poderes se dissipou, as dúvidas sobre a forma como o atual governo conduziria a economia diminuíram consideravelmente, o compromisso com a responsabilidade fiscal voltou a ser a regra e houve o efetivo combate à inflação. E mais, a atividade econômica, puxada expressivamente pelo agronegócio, mostrou-se mais forte do que se imaginava e o Congresso redobrou os esforços para levar adiante projetos que vão mudar o ambiente de negócios no país, em especial, a reforma tributária.

Não há exagero em dizer que a normalidade voltou a ser regra no país, um ganho excepcional para a sociedade. É nesse contexto, que se espera ações concretas do governo, sem demagogia, para resolver os problemas que se acumularam nos últimos anos. É por meio do crescimento consistente da economia que se reduz, efetivamente, as desigualdades entre pobres e ricos, abrindo oportunidades para aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade. Não há mágicas neste processo. E todas as vezes em que o governo tentou pular etapas, recorrendo a estripulias, o resultado foi perverso. Enquanto o avanço do PIB vai se consolidando e ficando mais claro ao longo do segundo semestre, a forte queda da inflação terá papel importante neste momento para facilitar a vida de todos. Afinal, a maior parcela dos alimentos fica mais barata com estimativas de novas quedas nos próximos meses. Essas perspectivas se baseiam no forte recuo dos preços no atacado, ou seja, no início da cadeia que vai até os consumidores. Parte disso será repassado para as gôndolas dos supermercados. Agora, resta saber se em 2024, quem sabe, a reforma fiscal e tributária em voga, até que ponto as metas estipuladas pelo Conselho Monetário Nacional conseguirão ficar nos limites impostos. 

Apesar da visão global um pouco mais otimista, o FMI alerta que as projeções globais são fracas em comparação com a média das duas décadas anteriores à pandemia. Também apontou que o  balanço de riscos para o crescimento global continua inclinado para baixo. Jogam contra os juros altos em vários países para combater a inflação persistente, represando a atividade econômica global. Choques adicionais como os EUA entrar em recessão nos próximos 12 meses; a intensificação da guerra na Ucrânia e os desastres climáticos, cada vez mais intensos, podem estimular ainda mais o aperto monetário.

Aqueles que detêm o poder de decisão tem a responsabilidade de não deixar esse quadro virtuoso se perder no meio do caminho. A população brasileira não aceitará mais arcar com os erros daqueles aos quais confiaram o destino do país. Mesmo com as recentes conquistas e com o reforço publicitário em nome da democracia, as demandas continuam enormes. É hora de agir com bom senso, sem voluntarismos, para que o Brasil saia do campo das promessas e se encontre com o futuro. Previsibilidade, responsabilidade e transparência formam o tripé do que se espera de uma nação mais justa.  


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