O Brasil tem 32 milhões de pessoas acima de 60 anos, e 55 milhões acima de 50 anos. Em 2050, o planeta estará lotado de pessoas maduras: 70 milhões de sessentões em nosso país e 2 bilhões no mundo inteiro. Os maduros serão a maior potência econômica global - a Economia Prateada.
Boa parte das pessoas maduras já estão estabilizadas
financeiramente, não precisam mais sustentar filhos e nem faz sentido guardar
dinheiro para a velhice. São consumidores natos, saudáveis e hedonistas por
natureza. Possuem tempo livre e são bem mais sossegados que os jovens. São o
turista ideal.
Esse explosivo segmento de mercado consome cultura,
natureza, busca experiências e emoções, conforto, lazer, bem-estar e qualidade
de vida. São pessoas atualizadas, conectadas, frequentam academias de ginástica
e restaurantes e estão construindo novos conceitos sobre envelhecimento
saudável, longevidade e vida com maior autonomia. Acima de tudo, estão buscando
novos prazeres e vocações
A Europa tem descoberto o potencial do turista maduro.
Pipocam programas destinados a fomentar o turismo prateado. Todos eles reconhecem
que ainda não se conhece a fundo os gostos, desejos, interesses, hábitos e
padrões de consumo desse público, mas alguns dados existem. Em 2017, o Eurostat (órgão oficial
de estatísticas da União Europeia) publicou um relatório afirmando que:
·
As principais motivações dos seniores para
viajar são entretenimento (53%) e visitar amigos ou familiares (38%), totalizando
91%
·
A grande maioria dos viajantes são pessoas com
poucas limitações físicas ou cognitivas
·
85% do público sênior viaja na primavera ou no
outono.
·
A duração média das viagens do público sênior é 40%
maior do que dos demais segmentos etários
A conclusão é que o turista sênior é a principal matéria
prima para se aumentar a taxa de ocupação de hotéis fora de temporada, bem como
estabilizar a receita em estabelecimentos comerciais e de serviços que dependem
fortemente de fluxo de visitantes.
Os programas já desenvolvidos são bastante criativos. Veja
estes exemplos:
1.
Eurosen
– Europe for Senior foca no turista
que prefere lugares sossegados, onde possa conviver com os habitantes locais e
aprender sobre a origem, a história e o que de interessante aconteceu por lá. Os
habitantes locais recepcionam os visitantes e interagem com eles, servindo como
guias turísticos. Os viajantes experimentam uma imersão total em um tipo de turismo
relacional, temático, participativo, experiencial e inclusivo, totalmente
conectado à identidade e à essência da região visitada.
2.
Forever
Young, focado na concepção de produtos turísticos com base no patrimônio
cultural local envolvendo tradições orais, monumentos, tradição gastronômica,
tradições musicais, bebidas típicas locais, etc.
3.
Seninter:
produto turístico direcionado aos maduros que viajam com seus netos durante a
baixa e média temporada.
4.
SenGor
– Seniors go rural: o programa
estimula indivíduos mais velhos a viajarem, fora do período de temporada, para
pequenas cidades de perfil rural, recuperando memórias de infância ou
simplesmente reconectando-os com a natureza.
O Brasil pode não ter a profusão de monumentos e sítios
arqueológicos que caracterizam o velho mundo mas é riquíssimos em folclore,
tradições musicais, artesanato, festas religiosas e outros atrativos que podem
ser explorados de maneira mais atraente
Viajantes maduros são tranquilos porém exigentes. Gostam de
atendimento personalizado, sem pressa e com paciência. Saber lidar com pessoas
que às vezes tem dificuldades de audição ou visão, estão menos familiarizadas
com tecnologia ou esperam por instruções muito detalhadas é uma virtude a ser
cultivada. Bares e restaurantes ganharão pontos se criarem pratos com menos sal
e gordura, sobremesas diet e cardápios legíveis. Pontos de sombra pela cidade, bancos
para descanso e calçadas desprovidas de buracos são fatores imensamente
apreciados pelas pessoas maduras. E, acima de tudo, a sociedade local deve
demonstrar seu apreço por estes visitantes que querem consumir, aprender e
interagir
Os dados disponíveis indicam que o poder de compra dos
brasileiros acima de 60 anos é de R$ 1,2 trilhão. Se considerarmos o público
50+, este número se eleva a R$ 1,8 trilhão. Uma pesquisa feita pelo
Observatório da Longevidade um pouco antes da pandemia revelou que 83% do
público maduro sonha em viajar. A diferença entre os 83% que querem viajar e os
53% que já viajam forma um mercado potencial enorme, de pelo menos 10 milhões
de pessoas, à disposição de quem queira atendê-lo.
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