Que a prática de exercícios físicos traz diversos benefícios para a saúde não é novidade, mas a importância desse estilo de vida no tratamento de doenças reumáticas pode ser pouco conhecida. Para doenças como a artrite reumatoide, osteoartrite, lúpus, fibromialgia, espondilite anquilosante e algumas miopatias, o exercício físico tem um papel fundamental. Embora, muitas vezes, essas condições possam limitar a capacidade física e causar dor, o sedentarismo pode piorar os sintomas e agravar a doença.
“A atividade física acaba atuando como um agente tanto na melhora do controle de comorbidades quanto em sintomas da própria doença reumatológica, além de ajudar na prevenção de déficits funcionais”, ressalta a reumatologista da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro, Luiza Grandini.
A prática regular de exercícios físicos ajuda a manter a flexibilidade, fortalecer a musculatura e reduzir a rigidez articular. Além disso, pode ajudar a controlar o peso corporal, reduzir o risco de doenças cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, é importante que o tipo, intensidade e duração do exercício sejam individualizados e supervisionados por um profissional qualificado, para evitar lesões e complicações.
“Antes do início das atividades físicas, o paciente reumatológico deve ser avaliado quanto a problemas que contraindicam a realização de exercícios, podendo ser essas restrições temporárias ou definitivas, de acordo com as comorbidades que possui. Vale lembrar que, para os pacientes que não apresentam contraindicações, durante os períodos de piora da doença, pode-se reduzir as atividades físicas, porém, o ideal é não interromper, pelo próprio efeito anti-inflamatório que o exercício causa”, orienta a médica.
Para Eduardo Tenório que tem 50 anos e convive há 18 anos com lúpus eritematoso sistêmico e vasculite sistêmica, além de artroses, osteonecroses e osteoporose, incluir o exercício físico em sua rotina sempre foi um desejo, porém, sentia dores e os sintomas aumentavam. Foi após realizar uma cirurgia no pulmão e precisar de uma reabilitação respiratória e física que Eduardo iniciou as atividades físicas.
“Após um período no módulo de fisioterapia, fui para os exercícios físicos. Fiz muitas atividades em piscinas, inicialmente, pois não tinha impacto. Na sequência, comecei a fazer exercícios fora da piscina. Fui ganhando massa muscular e óssea, perdendo peso”, conta Eduardo Tenório.
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“A reabilitação física e respiratória acabou depois de um ano e meio. Mas, dei sequência e comecei a fazer trilhas com o uso das muletas e caminhadas três vezes por semana. A fadiga diminuiu muito, passei a dormir melhor, as dores diminuíram, ganhei massa muscular e óssea, meus exames melhoraram e com isso vi mais resultado no meu tratamento medicamentoso. Atualmente, faço trilhas de 15km quinzenalmente”, completa.
Incluir atividade física na rotina pode ser mais simples do que se imagina. Algumas sugestões incluem caminhar para o trabalho ou escola, usar as escadas em vez do elevador, fazer uma caminhada no horário de almoço ou após o jantar, ou ainda reservar alguns minutos do dia para fazer exercícios em casa. “Mudar o tempo que se permanece sentado por leves caminhadas, mesmo que de poucos minutos ao longo do dia, tem se mostrado benéfico do ponto de vista cardiovascular”, explica a médica.
“O que os protocolos atualmente estabelecem como ideal é a realização de exercícios aeróbicos de 3 a 5 vezes na semana, com sessões de aproximadamente 40 minutos por dia, porém exercícios para treinamentos de força e seus benefícios têm sido cada vez mais alvos de novos estudos. Entretanto, é importante ressaltar que qualquer atividade física é melhor do que nenhuma”, completa a reumatologista da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro, Luiza Grandini.
Doenças Reumáticas - As doenças reumáticas são um grupo de doenças que incluem mais de 150 patologias. As mais comuns são a artrite reumatoide, osteoartrite, fibromialgia, lúpus e a espondilite anquilosante. Essas condições podem ser caracterizadas por sintomas como dor, inflamação, rigidez, fadiga e diminuição da capacidade física, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. O diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para minimizar os sintomas e limitações decorrentes dessas doenças.
Dra. Luiza Grandini é reumatologista da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro |
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