Trocando obras de arte pelos correios: arte postal envia cartas, telegramas e pequenos trabalhos por correspondência


 

Apesar da perda de popularidade em relação aos meios digitais, artistas ainda mantêm forma de expressão artística viva.

 

Já pensou em receber uma obra de arte pelo correio? Foi assim que nos anos 60 surgiu o movimento de arte postal, quando artistas começaram a enviar pequenos trabalhos por correspondência. Nesta forma de expressão artística estão incluídos envelopes e telegramas com poemas, colagens, desenhos, carimbos e qualquer outra coisa que possa ser enviada pelos correios.

 

Uma das precursoras do movimento foi a New York Correspondence School, uma rede de artistas americanos que teve a participação de nomes como Andy Warhol e Willem DeKooning. Os artistas trocavam obras entre si, mas também as enviavam para críticos de arte, curadores e pessoas não relacionadas ao mundo da arte. No Brasil, os principais representantes da arte postal são os artistas Paulo Bruscky e Ypiranga Filho, que adotaram essa forma de expressão como meio de combater e criticar a censura imposta pela ditadura militar na época.

 


“Título de eleitor cancelado”, de Paulo Bruscky. [foto: Enciclopédia Itaú Cultural/ Reprodução fotográfica Breno Laprovitera]

Obras de arte postal de Paulo Bruscky. [foto: Google Arts & Culture / Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães]


 

Essa forma de arte sofreu um declínio nos últimos anos, consequência de uma preferência cada vez maior por meios de comunicação digitais: o último levantamento dos Correios, em 2014, atestou que o número de cartas enviadas naquele ano foi o menor em 15 anos. Porém, ainda há aqueles que trabalham para manter essa forma de arte viva: uma delas é a artista paranaense Ana Kawajiri. que usa elementos do cotidiano, da cultura pop e objetos descartáveis para criar obras que envia por correio.

 

Recentemente, a artista foi procurada pela OMA Galeria, galeria de arte localizada nos Jardins, que propôs uma colaboração para presentear seus colecionadores, artistas e apoiadores no final do ano. Para a parceria, Ana criou a série Space Invaders, onde faz intervenções sobre fichas quadriculadas. Usando um bisturi, a artista faz cortes minuciosos dos quadrados impressos na ficha, como se fossem pixels, formando imagens vazadas dos personagens do jogo que dá nome à série.

 

Obra da série “Space Invaders”", de Ana Kawajiri. [foto: divulgação OMA Galeria]

Obra de arte postal da artista Ana Kawajiri. [foto: divulgação OMA Galeria]

 

Todas as fichas são feitas a mão e numeradas, resultando, portanto, em obras de arte únicas. Cada pessoa receberá uma ficha e um cartão postal que explica o trabalho. “Optamos pela arte postal porque quisemos resgatar esse modo de comunicação mais afetivo. Consideramos que receber uma pequena obra de arte pelos correios é muito mais marcante e sofisticado do que um e-mail, um champanhe ou algo do tipo, e tem a ver com a essência do que trabalhamos. Foi uma forma especial de agradecer àqueles que nos apoiaram ao longo do ano.”, diz o galerista Thomaz Pacheco.

 

 


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