A 3ª edição da Feira Literária de Tiradentes -- FLITI, evento que neste ano, homenageou o conjunto da obra do escritor e ilustrador Ziraldo e a celebração dos seus 90 anos atraiu cerca de 20 mil pessoas. “A terceira edição da FLITI finaliza com o protagonismo dos alunos da rede pública de Tiradentes que participaram ativamente do evento. É muito importante fazer da feira literária uma grande diversão. Estamos todos muito felizes”, comemora Cristina Figueiredo, idealizadora da FLITI. Cristina foi Diretora Executiva da SABIN - Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional, depois, assumiu a diretoria executiva da ASSMAM -- Associação dos Amigos do Museu de Arte Moderna/MAM-RJ. Hoje é gestora da CMA de Figueiredo realizando diversos projetos culturais como a FLITI.
Mais de mil crianças da rede pública compareceu ao evento e além de visitar os estantes, puderam assistir aos filmes e conhecer um pouco mais sobre a vida do Ziraldo.
O evento foi aberto ao público, gratuito e ocorreu entre os dias 03 e 06 de novembro, na charmosa Tiradentes-MG, em três locais da cidade: Gramado do Santíssimo Resort, com duas Arenas Literárias, Largo das Mercês com o Ônibus Biblioteca e Centro Cultural Yves Alves, onde estava uma exposição do Ziraldo e a exibição de diversos filmes como: “ERA UMA VEZ UM MENINO DE 90 ANOS,” em homenagem ao aniversário do escritor Ziraldo; Longa metragem: O Menino Maluquinho 1, o filme; O Menino Maluquinho 2, a aventura; Documentário: A Turma do Pererê e o documentário: Ziraldo, era uma vez um menino.
Nesta edição, o evento duplicou de tamanho e contou com duas arenas literárias. Outro destaque foi o encontro de autores consagrados com autores independentes, que foram selecionados por meio de um concurso para estarem na FLITI.
O encerramento do evento foi com a Festa de 3 anos da Flitinha, a menina maluquinha, no Reino do Conhecimento, com Grupo Julya e, logo depois, com a apresentação da tradicional banda da cidade, a Banda Ramalho que celebrou seus 162 anos de tradição musical em Tiradentes.
Depoimentos
Glaucia Gonçalves - presidente da Câmara Mineira do Livro - “Quero parabenizar a FLITI, pois, a cada ano, a Feira está maior, mais linda e bacana. Quero debutar os 15 anos da FLITI e da Flitinha. E digo: crianças, aproveitem muito a infância, brinquem muito e leiam. Ruben Alves, um grande poeta já falava que o livro é um brinquedo com letras, então descubram as histórias e o mundo da fantasia nos livros”.
Penelope Clearwater lançou o livro O cretino do meu chefe - “Foi minha primeira vez aqui e achei muito legal a experiência de poder mostrar um pouco mais meu trabalho; uma experiência única. Este é um evento muito importante, principalmente para muitos que não têm a oportunidade de ir para outros eventos literários. Aqui, podemos estar perto da leitura”.
Ana Cintra, vice-presidente da academia de letras de São João Del Rei -- “Fico apaixonada com esse evento. A terceira edição está perfeita, diversificada e atraindo um público que realmente gosta de literatura. O ambiente é muito gostoso e estimula jovens autores e os que já estão na estrada há muito tempo. Eles têm a oportunidade da troca. Aqui também fomentam novas editoras. Considero um evento brilhante”.
Cristiana Oliveira lançou o livro Versões de uma vida -- “Aos 52 anos, eu já era uma atriz conhecida e respeitada. Mas, percebi que realmente eu estava envelhecendo e comecei a lidar com minhas questões de uma forma leve e divertida. Eu tive uma trajetória de vida que eu tive que amadurecer e aprender. Fui até o fundo do poço e dali realmente eu não tinha pra onde ir, a não ser levantar e, assim, comecei a escrever esse livro”.
Beth Goulart lançou o livro Viver é uma Arte: Transformando a dor em Palavras - “Minha mãe é minha maior referência de vida, aprendi com ela o amor, sentimento maior que governa a minha vida. Perder a minha mãe me jogou no vazio. E agora, quem sou eu? A perda dela me fez repensar a minha identidade, me aprofundar dentro de mim mesma para encontrar essa essencialidade e a força de minha voz, a minha pessoalidade. Era nosso primeiro livro juntas. Tive que encontrar a minha mae dentro de mim”.
Antonio Gois lançou o livro “O ponto a que chegamos: duzentos anos de atraso educacional e seu impacto nas políticas do presente” -- “Meu trabalho é diferente do historiador, do professor. Um livro que nasceu de um incomodo dos jornalistas e uma viagem histórica. O jornalista sempre trabalha com tema do presente, o que e notícia para ontem e amanhã. Mas, desde 1996 trabalho com jornalismo de educação e eu sentia muita falta de entender melhor alguns processos. No caso da educação, mais do que qualquer outra área, você não entende os problemas do presente e os desafios do futuro se você não souber contextualizar do ponto de vista histórico. A educação é uma área que quando a gente avalia os alunos com teste de larga escala, quando você faz isso, a maior parte que você está captando é um efeito do passado. Pois, o desempenho dos alunos nessas provas reflete muito mais o nível socioeconômico das famílias e do nível de escolaridade dos pais. Quando você aplica uma prova dessa no presente, boa parte é do que aconteceu no passado. Como temos um histórico de descaso com a educação é importante entender isso”.
Luciana Savage apresentou Minhas histórias são suas histórias- o que sentimos com o isolamento- “Ninguém estava prestando atenção que as crianças também estavam sofrendo. De repente, pararam e tiveram que ficar em casa, sem nem poder ir ao colégio. Eu resolvi perguntar o que as crianças achavam da pandemia e como seria o futuro. Elas me mandaram depoimentos e resolvi publicá-los. Um que me marcou muito, um menino do morro do Alemão que havia perdido o pai. Ele diz que o vírus era uma coisa muito forte, tanto que levou o pai para longe. Outro, foi um menino na China, que foi quando começou mesmo. Ele disse que quando ele teve a notícia e todos se trancaram dentro de cada, ele se escondeu debaixo da cama, com medo do vírus pegar ele. Foram histórias bem impactantes. Esse livro me ajudou muito a romper o ano de 2020 em casa, eu não me sentia sozinha. Comecei conversando com uma prima que tem três filhos que moram na Itália, quando ainda não tinha chegado tão forte no Brasil”.
Leo Cunha lançou o livro Uma história de muitas histórias e Poemas e brincadeiras -- “Estou vindo pela primeira vez. Já rodei o Brasil todo, fui em muitas feiras e essa é uma das mais bonitas. muito bem organizado. Falei sobre meus livros e minha trajetória para um público diverso. No Ônibus falei com muita criança, li histórias, fiz brincadeiras poéticas, foi muito divertido”.
Beto Silva lançou o livro Estão matando os humoristas e participou do bate-papo “O Riso e o humor” com Carlos Eduardo Novaes -- “Existem vários tipos de humor e depois do Casseta levamos isso adiante. Começamos escrevendo revistas e não na TV. Sempre atuei nos livros de humor e hoje se vende menos do que já se vendeu antes no Brasil, isso por questões da indústria editorial e do mercado que vive de moda. Publiquei cinco livros de humor, três romances e dois outros de não ficção. Meu primeiro livro, Cinco Contra um, um romance e que depois virou filme. Fala sobre a violência no Rio e a questão dos traficantes”.
Kiusam de Oliveira apresentou LINEBEIJU: A Literatura Negro-Brasileira do Encantamento Infantil e Juvenil como caminho para a Liberdade - “Falei de um campo teórico que eu defendo que propõe uma literatura que visa fortalecer as identidades de crianças e jovens negros e não negros no Brasil, trazendo como centralidade os conflitos que ocorrem no cotidiano, em sala de aula, nas escolas, a partir da minha experiência de 40 anos como professora em escola infantil e berçário. Temos que trabalhar nossa identidade para vencer essas barreiras. Este evento está muito legal e interessante”.
Tiago Valente bateu um papo sobre o impacto da comunidade “BookTokers” - os criadores de conteúdo literário no TikTok - no mercado editorial e na formação de novos leitores nos últimos anos.“É muito legal falar para quem já me acompanhava no Tik Tok, sobre a minha grande paixão que sempre foram os livros. Tive um processo de avaliar se seria aceito em uma rede descolada. Mas, no começo de 2020, percebi que não faria mais sentido estar na internet se não fosse para falar sobre literatura, aquilo que eu passava maior parte do meu tempo. Comecei resumindo Dom Casmurro em 30 segundos, para ajudar as pessoas no Vestibular. Foi um grande desafio e no dia que postei o vídeo, chegou a 100 mil visualizações. Vi que ali tinha um público interessado. Tive muito apoio do próprio aplicativo para seguir fazendo esse tipo de conteúdo. Desde esse dia, meu conteúdo no TIk Tok se tornou 99% literário”.
Mona Vilarda apresentou “As mulheres do Rádio” com lançamento e leitura musical do livro Dalva, minha avó e eu. “No ano que vem, 100 anos de Emilinha, vou lançar Marlene. Quero agradecer a presença de vocês neste momento tão importante de poder valorizar os 100 anos do rádio. Em especial, as mulheres do rádio”.
Cris Lyra lançou Draguxa - “Quando a gente acredita no nosso poder é que ficamos poderosos e que ficamos realmente capazes de realizar os nossos sonhos. Concentração e acreditar no poder da gente. Esses são dois segredos de magia que vocês vão ler no livro da Draguxa”.
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