Santas Casas buscam sustentabilidade para vencer desafios

 


No mês em que se celebra o Dia Nacional das Santas Casas, a comemoração dá lugar à preocupação


No dia 15 de agosto é celebrado o Dia Nacional das Santas Casas, porém, o setor filantrópico de saúde está, há tempos, sem grandes motivos para comemorar. Isso porque as instituições vêm atuando em delicada situação financeira e lutam dia após dia em busca da sustentabilidade para não prejudicar o atendimento à população.


“As entidades filantrópicas trabalham sempre no vermelho, uma vez que os valores repassados pelo SUS estão defasados há quase duas décadas e, com a pandemia, a situação piorou. Como o setor de maneira geral, os hospitais atuam na corda bamba, enfrentando dificuldades para honrarem seus compromissos com fornecedores e com os pacientes. Adotando práticas boas de gestão, as instituições paulistas seguem fazendo o trabalho, mas claro que a situação não é confortável, é no limite”, salienta o diretor-presidente da Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo, Edson Rogatti.


No Brasil são 1.824 hospitais filantrópicos do Brasil, e dentre eles, 407 são unidades situadas no Estado de São Paulo. São entidades sem fins lucrativos, responsáveis por 50% do atendimento de média complexidade e mais de 70% da alta complexidade do SUS. “As Santas Casas de Misericórdia são importantes Centros de Referência Hospitalar, sendo parte fundamental do sistema de saúde público brasileiro, uma vez que, sem essas instituições, os governos municipais e estaduais, assim como o governo federal, não conseguiriam promover o acesso universal à saúde, conforme determinado pela Constituição”, fala Rogatti.


Na pandemia, esse quadro piorou, com muitas dificuldades para se conseguir analgésicos, antibióticos, insumos básicos como gases, ataduras e oxigênio. “Para agravar, os preços subiram muito, com nossos hospitais tendo que bancar também essa defasagem adicional”, lembra o diretor-presidente da Fehosp.


Mesmo com a complexa situação de ordem econômica, a rede filantrópica se mobilizou para que nenhum cidadão ficasse sem atendimento. No ano passado, de janeiro a maio, período mais crítico da pandemia da Covid-19, as Santas Casas e hospitais filantrópicos deram importante suporte e atenderam à mais da metade dos casos da doença. Há instituições do setor que foram responsáveis por 99,2% dos atendimentos, como as que integram a DRS (Departamentos Regionais de Saúde) de Franca. Outras DRS's em que os hospitais filantrópicos se destacaram com o maior percentual de atendimento são Araçatuba (85,2%); São João da Boa Vista (71,1%); Barretos (69,9%); e Sorocaba (69,3%).


Desafios

O aumento da demanda do SUS provocado pelo desemprego ou por pessoas que não conseguem mais arcar com um plano de saúde; a continuidade da Covid-19 e, agora, casos crescentes de varíola dos macacos; inflação que atinge medicamentos e insumos e a sanção de lei que fixa o piso salarial da Enfermagem, sem indicação de fonte de recursos, são alguns dos principais desafios das entidades filantrópicas para manterem as portas abertas e seguirem sendo o fundamental suporte ao SUS. “Nossas Santas Casas e hospitais filantrópicos travam uma batalha constante pelo reconhecimento do seu trabalho na sociedade, buscando sempre um relacionamento respeitoso e justo com a Gestão Pública Federal, Estadual e Municipal, para que, em conjunto, possamos encontrar ações que garantam a sustentabilidade do setor e a continuidade desse trabalho vital para o atendimento à saúde da população brasileira”, conclui Rogatti.

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