Fui convidado para passar um final de semana em um sítio de amigos queridos a uma hora de BH. Ao chegar notei que esqueci em casa o meu celular, o que me deixou preocupado com a ausência e com o hábito de tê-lo à mão. Confesso que não foi fácil, todos os outros presentes com os seus equipamentos e usando-os, sendo que eu era o único destoando. Mas cá entre nós, acabei sentindo um alívio de não estar dependente, livre, leve e solto. Foi uma experiência vivida, muito prazerosa. Comecei então a prestar atenção às pessoas em nosso entorno, que não conseguem viver sem o seu aparelho, levando-o onde estiver, mantendo-o próximo e à vista, quando não estão o utilizando. E não somos só nós, jovens a mais tempo. Vejo meus filhos e netos, que se não colocarmos limites _ o que é muito difícil _ querem se sentar à mesa de refeição com a família, com os aparelhos ligados, alheios ao convívio com os presentes. Sem dúvida, o que estamos participando nos dias atuais, jamais pensaríamos que iria acontecer. Os filmes que assistíamos na TV, Flash Gordon, os Jetsons, Star Trek/Jornada nas Estrelas, faziam parecer histórias infantis. A cada momento são apresentadas novidades que não acreditávamos reais e, no entanto, elas estão aí nos envolvendo e várias, já incorporadas no nosso dia a dia. O que para nós é um contínuo aprendizado, para a turma dos mais jovens é absolutamente natural, onde assimilam com facilidade invejável as novas tecnologias desenvolvidas pela IA-Inteligência Artificial e a Internet das Coisas, como se elas sempre existissem.
Estas inovações, tão variadas, afetam cada vez mais e sem volta, o que será de nossas vidas nos próximos 10 anos, nos setores básicos como no trabalho, saúde, moradia, moda, mobilidade, entretenimento, educação e alimentação. Vamos fazer rápidos comentários sobre cada um destes itens acima listados, dentro da realidade que já acontece. Os principais elementos do novo contexto do trabalho para a gestão de pessoas, serão metaverso, jornada flexível, trabalho remoto e inteligencia artificial. Mais de 300 milhões de pessoas se conectam por dia em reuniões virtuais, de acordo com apenas uma das plataformas, o Zoom. A nova realidade abre espaço para uma jornada de trabalho flexível, deixando de lado o atual de oito horas por dia, cinco dias da semana. A tecnologia criará novas funções à medida que as empresas busquem seus benefícios, enquanto outras funções se tornarão desnecessárias. Cerca de 60% dos empregos ainda nem foram criados.
No futuro da saúde, os tratamentos médicos não se limitarão apenas a cuidar de doenças. Terão um novo olhar sobre os pacientes, numa convergência dos sistemas de cuidados com a saúde e de cuidados com a doença. Haverá uma mudança estrutural no setor, com a formação de um novo sistema que passará a armazenar informações sobre as pessoas. Fatores como prevenção, bem-estar e nutrição serão tão importantes como o tratamento de doenças. A telemedicina e programas de cuidados virtuais permitirão aos médicos monitorar pacientes remotamente usando sensores para rastrear sinais vitais, registros médicos e outras informações pessoais.
Com as mudanças climáticas, o crescimento da população e novas tecnologias, as principais tendências para a moradia, as casas do futuro são sustentabilidade, acessibilidade e conexão. Lâmpadas e eletrodomésticos inteligentes, conectáveis a comando de voz, já começam a se tornar comum. Haja visto a assistente virtual da Amazon, a Alexa, uma das queridinhas do mercado. As possibilidades apontam para um passo mais distante. Na casa do futuro, dispositivos poderão rastrear hábitos e equipamentos com a intenção de apontar menor gasto de energia, sugerir rotinas de sono, a música para o momento certo de sua preferência e até equipamentos que avisam quando os alimentos estão acabando. Novos métodos construtivos com o uso de robôs e a própria construção erguida em 3D. A produção de energia limpa, como a solar. Acesso à eletricidade sem fio, permitindo que as cidades tenham ruas e estradas capazes de recarregar os carros elétricos. Um novo jeito de ir e vir, será a mobilidade do futuro, representada por veículos autônomos, carros voadores e mobilidade compartilhada. Só a brasileira EVE, criada pela Embraer, já tem uma carteira de pedidos de carros voadores com decolagem e aterrissagem vertical elétrica, de 1825 veículos e 19 clientes. As máquinas devem mudar e com elas, a economia e a própria maneira como vivemos.
Os muros das escolas estão caindo. Estudar deixou de ser uma fase da vida para se tornar um exercício permanente, integrado às vontades e necessidades. A jornada de cada aluno será única. Na escola do futuro, aulas não parecerão aulas. O diploma será um documento dinâmico, sujeito a acréscimos onde você constrói a sua reputação. As comidas de laboratório e alternativas com origem vegetal atendem a uma nova demanda dos consumidores, o uso da tecnologia. A onda vegetal veio para ficar. Cada vez mais pessoas preocupadas com o meio ambiente e qualidade de vida, o segmento de plant-based, como são chamados os alimentos à base de plantas e vegetais, cresce ano após ano. E agora, com a novidade das fazendas verticais.
Na área do entretenimento uma multidão de quase 5 bilhões de pessoas estão conectadas em equipamentos móveis. Socializar com um amigo à distância não terá mais uma tela mas sim um aparato de óculos de realidade virtual, num universo paralelo.
Quem viver, verá! Estamos prontos?
0 Comentários