Realidade Estendida: multiexperiências para as interações humano-computador


 

Fabio Lopes

 

A Realidade Estendida, mais conhecida como XR -- acrônimo para Extended Reality, é um termo que inclui três aspectos das interações humano-computador: Realidade Aumentada (AR), Realidade Virtual (VR) e Realidade Mista (MR). Nos três casos, estamos falando de elementos digitais de hardware e software cujo propósito é alterar a realidade mixando os mundos físico e virtual.

 

Os produtos dessas tecnologias podem contribuir em diversos segmentos das nossas vidas como saúde, trabalho e entretenimento. A efetividade deles depende diretamente dos resultados que os estudos dessas experiências, conhecidas como UX -- User Experience -- irão nos propiciar.

 

A sopa de letrinhas que enfrentamos nesta área lembra aquela brincadeira da infância: a língua do P. Aqui, no caso, o R, de Reality, é mais promissor. As demais letras categorizam o tipo de realidade que vamos observar. A letra A, de Aumentada (Augmented), está relacionada à interação em que inserimos novas informações ou visualizações ao mundo físico, criando uma integração entre real e digital. A letra V, de Virtual, é mais imersiva, pois nos insere em um mundo artificial simulado, com regras que podem ser diferentes daquelas que conhecemos no real. Por fim, a letra M, de Misturada (Mixed), busca aprimorar a nossa interatividade com os planos físico e virtual, combinando aspectos da computação, sensoriamento e percepção. Parece um pouco complicado de explicar, mas quando vemos exemplos destas tecnologias fica mais evidente, bem como a sua aplicabilidade em nossos contextos.

 

Segundo a Microsoft, a MR será o próximo ciclo na computação, elevando o poder da UX a um novo patamar, por meio de interações instintivas com dados, espaços e pessoas.

 

Se olharmos com atenção, o que podemos observar são as possibilidades tecnológicas que estão evoluindo para aprimorar o que fazemos ou como interagimos com o mundo, ampliando habilidades humanas em metaversos ou no mundo real, de modo híbrido.

 

Acho pouco provável passar o dia inteiro vestindo óculos de VR, sentado em uma cadeira para desfrutar as benesses do mundo virtual. Contudo, as possibilidades de hibridismo, tanto em modo AR ou MR, são mais atraentes.

 

As pesquisas que estão em evidência, no mundo acadêmico e nas empresas, exploram possibilidades nos três cenários (VR, AR e MR) e indicam que há espaço para todas as apostas. VR e AR são distintas, portanto, podem atender a inúmeros tipos de necessidades. O melhor desses dois mundos pode contribuir para as aplicações MR ou XR.
 

As contribuições para interatividade melhoram a experiência do usuário em diversos cenários. O mercado e a academia entendem a importância de criar produtos na área, de modo a melhorar experiências de usuário, a conhecida UX.

 

Nesta linha, a experiência multidimensional considera a mistura de interações por meio de vozes, toques, gestos e no mundo digital. O desenvolvimento de aplicações multiexperiência gera produtos que podem prover interações mais consistentes, utilizando internet, mobilewearable ou uma combinação deles.

 

A área de Design tem longa experiência na criação de produtos que proporcionam uma melhor experiência aos sentidos humanos. Estamos aprendendo como trazer esse conhecimento para os produtos digitais. Já temos exemplos de dispositivos capazes de gerar experiências olfativas ou mesmo tocar, sentir e apreciar a textura de um objeto virtual. Tudo isso ainda em modo extracorpóreo, mas os estudos já avançam em projetos de dispositivos subcutâneos com tecnologia RFID e NFC, ampliando tais experiências.

 

Não obstante, a Inteligência Artificial converge com a XR por meio da implementação de regras para as novas realidades. Os algoritmos de Machine Learning colaboram como a identificação de padrões comportamentais, potencializando a ilusão de realidade. Ambos são essenciais para criar a sensação de presença em um mundo paralelo que funde o real e o virtual de modo muito transparente, minimizando os ruídos desta experiência.

 

Nossas habilidades cognitivas são aptidões que desenvolvemos para compreender e sobreviver no mundo real. Estímulos captados pelos nossos sentidos (visão, olfato, tato, paladar, audição) são processados e podemos produzir informações para tomar decisões sobre como viver neste mundo. Se os estímulos são estendidos para além dos domínios que as leis da natureza regem, como a nossa cognição será impactada? Se as nossas capacidades não conseguem distinguir o real do artificial, como as nossas decisões serão afetadas?

 

A ciência segue na perspectiva de construir novas formas de interação entre os mundos real e digital, por meio dos recursos que a realidade estendida oferece. De fato, são possibilidades impressionantes que vão produzir a melhoria da qualidade de vida. Contudo, não podemos deixar de entender os impactos para a sociedade que estará suscetível a estas tecnologias.

 

 

Fabio Lopes é professor do Programa de Mestrado em Computação Aplicada da Faculdade de Computação e Informática (FCI) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

 

Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie
 

A Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) está na 71ª posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa Times Higher Education 2021, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Comemorando 70 anos, a UPM possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação, Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras.



Imagem: Roberto Remiz


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