J U N T O S S O M O S M A I S R E S I L I E N T E S


Dias atrás a revista econômica Mercado Comum trouxe o renomado economista Luiz Paulo Rosemberg, que nos brindou com as considerações que repassamos a vocês:

Importante trazer uma visão mais acessível do que está acontecendo, o que vemos no mercado mundial, no Brasil e quais são as perspectivas. Realmente é uma quadra terrível. Se pegarmos a quebra financeira de 2008, a pandemia e a guerra da Ucrania, é uma sucessão de agressões à normalidade econômica. que obviamente tinha que trazer consequências. Poderia falar do que representa aquela especulação desvairada de 2008 no mercado imobiliário americano, que se espalhou pelo mundo todo. A tragédia em termos de mortes que foi o COVID e o que significa algo que nunca tínhamos visto antes, nem demanda, nem oferta. Outra agressão brutal e grotesca que é a invasão pela Russia, que ainda não se encerrou. Mas quero chamar a atenção para o  outro lado. É a rapidez e deficiência da resposta. Quando houve a crise de 2008, o sistema financeiro nunca esteve tão próximo do colapso. E mesmo assim o mundo todo se congraçou e tivemos a mais rápida recuperação de uma crise que faria a de 29 parecer brinquedo de escoteiro. Ou seja, o nosso instrumental. a nossa rapidez, a percepção política do que precisa ser feito, aguçou uma capacidade de defesa que ainda não tínhamos visto e isso, nós vimos no COVID. Esta tragédia mundial poderia ter assumido proporções muito mais violentas. Lembram, em um ano tínhamos a vacina, o que nunca aconteceu. mostrando que as forças da economia, as forças da tecnologia, a capacidade que o homem continua tendo de mobilizar recursos, talentos e obstinação, continua existindo. Durante a crise o Estados Unidos, o Brasil, a Europa, todos se empenharam para o cidadão não passar fome. Vimos a Alemanha, que é o país mais rigoroso, mais severo, mais impiedoso que existe em relação à austeridade, a meritocracia, acudindo outro países, como Espanha e Portugal. Chamo a atenção de todos que apesar de ter sido uma quadra terrível, a capacidade de mobilização, a capacidade criativa, a energia dentro deste sistema econômico, que hoje tem uma só ideologia. 

Em 89 quando o Muro de Berlim caiu, ao contrário do que se esperava, imaginávamos que o ocidente teria que derrubar o muro e libertar os "escravos" do regime soviético. E o que aconteceu? Eles é que derrubaram, não precisou dar um único tiro. A ineficiência do sistema era tal que só pelo o que eles conseguiam de notícias, percebiam que a solução estava na economia de mercado. E desde então, viemos experimentando um crescimento da integração do mundo, da globalização, da especialização dos países daquilo que eles melhor sabem fazer, de uma forma espetacular. Isto não pode ser perdido de vista quando temos que ver tanto sofrimento, tanta tragédia. No fundo tem que ter planejamento, tem que ter uma visão de longo prazo, precisa saber onde quer chegar. E hoje, não tenhamos mais dúvida. Só chegaremos a algum lugar no mundo ou no Brasil, é com o setor privado, é com o empresariado, pois se o governo se limitar a fazer estudos, se limitar a planejar bem e se limitar, em casos como o nosso, a promover uma justiça social maior sem a  intervenção do qual isto não vai acontecer, deixa que o resto nós faremos. 

E isto, voltando agora para o mercado brasileiro, está acontecendo. Não posso deixar de lamuriar de um Banco Central que coloca a taxa de juros onde ele colocou, no overnight, como se esta fosse a economia com a maior inflação do mundo. Um dia destes saiu um ranking no qual o Brasil é o terceiro país com a maior inflação do mundo, primeiro a Turquia, depois a Russia que está em guerra e a seguir o Brasil, que tem uma inflação acumulada de 13%. Ora, inflação não se mede pelo acumulado. Se você está numa luta contra a inflação, tem que olhar para frente. Se olhar assim, nos Estados Unidos foi de 1% no mês passado e a do Brasil foi de 0,5%. Estamos usando uma dosagem do remédio absolutamente mortal. Não precisava fazer isto. Nos tratam como se a compulsão à inflação fosse nossa e que portanto, onde nos outros países estão trabalhando com 3 a 4% de juros, aqui estamos trabalhando com mais de 13 e ainda discutindo se não devia estar em 15%. A critica ao Banco Central, quando há, é a de que deveria ter os juros mais baixos do que deveria. 

Quando você olha o que aconteceu de modernização institucional no atual governo, é extremamente louvável. Veja o que aconteceu quanto a consciência sobre o deficit publico. Nunca havia sido este assunto debatido com a intensidade que é hoje. Isto é uma conquista. Chamo a atenção para a privatização de setor de saneamento, outra conquista. Hoje em dia o setor privado adquiriu uma força, um dinamismo, uma independência, que faz com que o político acabe fazendo o que a modernização exige. E o país está se modernizando. Está avançando, se preparando para um novo momento. Tivemos a reforma trabalhista, temos esta flexibilidade de vermos o salário real caindo mas o nível de empregos subindo. Neste segundo semestre, sem dúvida, vamos fechar o ano em recessão, pelo efeito da taxa de juros. Mas fecharemos 2022 com condições de recuperação muito sustentável. Com a estrutura que temos hoje, com mais liberdade, com mais participação do setor privado, a coisa muda. Este movimento vai permitir o contínuo crescimento para os próximos anos, seja o governo que vier. É só criar as condições para que possamos produzir. Teremos um começo de um novo governo com uma situação bem melhor, com esperanças renovadas e um futuro melhor do que vivenciamos até agora. 



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