Empresas precisam se adaptar para contratar e reter os profissionais de Tecnologia


 

Por Gregory Goris, Diretor de Tecnologia da Printi

 

A falta de profissionais qualificados no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) é um problema bem conhecido por gestores da área há anos. Até 2022, estima-se que a carência no setor deve passar dos 400 mil postos de trabalho¹, enquanto os indicadores de desemprego no país seguem aumentando. Apesar deste cenário, cerca de dois a cada cinco brasileiros não consideram atrativas as carreiras em tecnologia² - seja por desinformação ou falta de interesse próprio. Assim, empresas de todos os portes lutam com unhas e dentes para contratar e, principalmente, reter profissionais que são cada vez mais assediados por empresas estrangeiras e pela promessa de receber em moedas mais valorizadas. Neste ambiente hipercompetitivo, existem algumas atitudes e práticas que as empresas podem adotar para se tornarem mais atraentes.

 

A primeira delas é a questão da adequação salarial, e por mais que seja um assunto considerado “delicado” para muitos negócios, ele precisa ser abordado. Os salários dos profissionais de tecnologia já vinham em uma crescente nos últimos anos, e foram impulsionados ainda mais após a pandemia de Covid-19 que forçou muitos negócios a acelerarem seus projetos de transformação digital. Por mais difícil que seja equiparar os salários no Brasil aos oferecidos pelas empresas estrangeiras, os negócios nacionais precisam ao menos oferecer remuneração equivalente ao mercado para evitar perder seus atuais e futuros talentos.

 

O ambiente de tecnologia vive em constante estado de evolução, fomentando a colaboração e troca de conhecimento no ambiente digital. Basta olhar para a infinidade de projetos open-source, repositórios públicos do GitHub, artigos no Medium e tutoriais no YouTube nas plataformas digitais. A empresa que espera reter seus talentos e se tornar mais atraente para os profissionais que estão no mercado precisa ser um reflexo deste cenário - incentivando a realização de painéis de discussão, apresentações, mentorias e muito mais. É importante que os colaboradores sintam que estão em um ambiente de trabalho no qual podem continuar aprendendo e se desenvolvendo.

 

Passando o foco agora para como os negócios podem se tornar mais atraentes para os talentos que estão no mercado ou para as muitas pessoas que saíram de suas antigas carreiras em busca de uma transição, um dos principais pontos que devem ser considerados é o employer branding - ou a forma como sua empresa é vista pelos potenciais candidatos. Pergunte para dez profissionais de tecnologia onde eles gostariam de trabalhar e a maioria deles responderá uma destas três opções: big techs, fintechs e unicórnios. Isso se dá pelo fato de que empresas de outros setores fora de TIC não conseguem comunicar com sucesso quais tecnologias e ferramentas utilizam no dia a dia. Muitas delas aproveitam o que existe de mais novo e avançado em seus processos, mas falham na hora de exteriorizar esses pontos para o mercado. Assim como no último ponto, o potencial candidato precisa saber que mesmo que esteja indo para uma indústria que não é a de tecnologia, ele vai continuar utilizando soluções e metodologias atualizadas.

 

Outra forma de encontrar novos talentos é olhando para dentro da própria companhia. Com o mercado aquecido e a alta demanda por profissionais super capacitados, procurar profissionais de outras equipes internas que estejam interessados ou mostrem aptidão e potencial para tecnologia é alternativa efetiva para suprir a necessidade das equipes, ao mesmo tempo em que melhora o employer branding do negócio e fomenta a troca de conhecimento e de experiências entre os profissionais. Neste ponto, é importante ficar atento também às soft skills desses candidatos internos, assegurando que eles consigam buscar informações, saibam se comunicar e tenham interesse em aprender, e garantir que estes novos profissionais sejam acompanhados de um mentor - uma pessoa com mais senioridade e que seja capaz de transmitir seus conhecimentos - para que se desenvolvam mais rapidamente e tragam mais valor às equipes.

 

Com o mercado aquecido e a ampla oferta de vagas, cada vez mais pessoas estão deixando suas antigas carreiras de lado buscando uma recolocação. Com diversos bootcamps, tutoriais, documentações e até mesmo organizações como o PrograMaria, que visa capacitar mulheres - que ainda são sub-representadas no setor de TIC - para trabalhar com tecnologia, é importante que as empresas se atentem aos pontos previamente mencionados para receber melhor estes recém-chegados.

 

Além disso, outro ponto fundamental que deve ser continuamente avaliado é o quão atualizada sua empresa está em relação às novas tecnologias, sejam ferramentas ou linguagens de programação, ou específicas do setor de atuação de sua empresa. Ao fornecer o que há de mais novo para seus colaboradores e ajudá-los em seu desenvolvimento, a empresa não queima as pontes com estes profissionais quando e se eles resolverem partir para outras empreitadas profissionais, melhorando ainda mais sua imagem perante o mercado.

 

¹ Estudo realizado pela Softex,Organização Social Civil de Interesse Público (OSCIP) que atua em prol do fomento da Transformação Digital Brasileira.

² Pesquisa realizada pela Morning Consult e Salesforce.





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