Complexo Theatro Municipal apresenta “Na Solidão dos Campos de Algodão”

  


 

Com espaço cênico aberto à visitação criado a partir de obra de Cildo Meireles, o espetáculo do francês Bernard-Marie Koltès será encenado na Praça das Artes com a direção de Eliana Monteiro
 


 

Considerado um dos grandes nomes do teatro francês do século XX, o dramaturgo Bernard-Marie Koltès (1948-1989) escreveu, em 1985, a peça Na Solidão dos Campos de Algodão, que acaba de ganhar uma montagem inovadora e ousada dirigida por Eliana Monteiro. O espetáculo estreia na Praça das Artes, onde fica em cartaz entre 11 e 31 de agosto, em temporada gratuita.
 

A peça é encenada em um espaço cênico criado a partir da obra “La Bruja”, do artista visual carioca Cildo Meireles. Esse espaço é todo composto por centenas de fios brancos que invadem e se apropriam da sala de exposições da Praça das Artes. O espaço poderá ser visitado pelo público fora do horário das apresentações.
 

A obra de Koltès adota como protagonista a própria linguagem. Na trama, duas pessoas se encontram à noite em um local indefinido - aparentemente com a intenção de fazer negócios. Uma delas pretende fornecer o que a outra quer comprar, mas nem o desejo, nem a mercadoria são revelados. Essa relação mostra-se, ao longo do tempo, mais parecida a um combate. Tendo a solidão como horizonte e a palavra como principal arma, ela evidencia estruturas como o patriarcado, o racismo e a luta de classes.
 

“Há aí uma espécie de comércio do desejo, em que a Dealer oferece à outra o que ela desejar, não sem violência, numa relação que vai se estabelecendo como contraditória e tensa”, comenta a diretora Eliana Monteiro sobre o texto.
 

“Abordar temas tão relevantes quanto os que o texto de Bernard-Marie Koltès nos apresenta são essenciais para a programação do espaço, ligada às demandas mais atuais da sociedade. Melhor ainda quando ele dialoga com as artes visuais e obras de artista como Tunga, patrimônios brasileiros”, afirma Andrea Caruso Saturnino, diretora-geral do Complexo Theatro Municipal de São Paulo.
 

A montagem também inova ao trazer, pela primeira vez, os dois protagonistas masculinos do texto original interpretados por mulheres, as atrizes Lucienne Guedes e Mawusi Tulani. A tradução é de Silvia Fernandes.
 

No Brasil, Na Solidão dos Campos de Algodão ganhou uma icônica montagem no porão do CCSP -- Centro Cultural São Paulo em 1996, dirigida por Gilberto Gawronski e estrelada por ele e por Ricardo Blat. Na época, a encenação evocava a questão do HIV/AIDS e como a doença representava um fantasma bastante cruel que rondava os desejos e o imaginário da sexualidade tal como um castigo.
 

“Quase 30 anos depois da primeira montagem no Brasil, a AIDS, e mesmo a questão da homossexualidade ali depositada na tensão entre os dois homens da peça, muito embora de maneira não explícita, já não está tão presente nos medos do nosso imaginário. Agora, com duas atrizes em cena, nossa montagem desloca as questões presentes no texto para o plano do enfrentamento do patriarcado, esgarçando e desvendando a teia da estrutura racista e machista”, completa a diretora.
 

Oficina

Além do espetáculo e da visitação ao espaço cênico, a Praça das Artes recebe a oficina “Procedimentos de criação da montagem de Na Solidão dos Campos de Algodão”, ministrada pela diretora e pelas atrizes. A ação acontecerá nos dias 23, 24 e 26 de agosto (mais informações abaixo).
 

A ideia da oficina é fazer com que as/os participantes experienciem os procedimentos de criação do espetáculo, a partir dos temas evocados pela dramaturgia. O workshop proporcionará ação prática e reflexiva sobre as possibilidades de leitura e encenação dos textos contemporâneos.
 

Sinopse

O texto de Bernard-Marie Koltès (1948-1989) traz a linguagem como protagonista. Na situação da peça, duas pessoas se encontram à noite num lugar indefinido, aparentemente para fazer negócios. Uma tem algo a ofertar para a outra, sem que tal mercadoria seja revelada. Nesse encontro, estabelecem um embate de ideias e pensamentos que as leva a entrar em contato com suas profundas condições humanas, com seus desejos e suas solidões.
 

Ficha técnica

Texto: Bernard-Marie Koltès

Direção artística: Eliana Monteiro

Atrizes: Lucienne Guedes e Mawusi Tulani

Tradução: Silvia Fernandes

Iluminação: Aline Santini

Direção musical: Dani Nega

Figurino: Claudia Schapira

Espaço cênico: criação a partir da obra La Bruja, de Cildo Meireles

Coordenação de produção: Leonardo Birche e Renata R. Allucci

Assessoria de imprensa: Pombo Correio
 

Serviço

Na Solidão dos Campos de Algodão
Praça das Artes - Avenida São João, 281

Sé - São Paulo, SP
Capacidade Sala do Conservatório - 200 pessoas

Temporada: 11 a 31 de agosto, de segunda a quinta, às 20h; às sextas, às 17h e às 20h; aos sábados, às 16h e às 19h; nos dias 30 (terça) e 31 (quarta) de agosto, sessões extras às 17h*

*Nos dias 20 (16h), 24 (20h), 25 (20h) e 26 de agosto (20h), a sessão tem tradução simultânea em LIBRAS

Classificação: 14 anos

Duração: 120 minutos

Ingressos: gratuitos, devem ser retirados aqui
 

Entrada não permitida depois do início
 

Visitação ao espaço cênico

Quando: 4 a 31 de agosto, de segunda a sábado, das 10h às 15h
 

Sinopse: visitação gratuita aberta ao público do espaço cênico da peça Na Solidão dos Campos de Algodão, criado a partir da obra La Bruja, de Cildo Meireles. Composto por centenas de fios brancos que invadem e se apropriam da Sala de Exposições, criando um lugar-nenhum. Todos os dias haverá arte-educadores para receber o público, propor mediações e novas percepções sobre o espaço cênico.
 

Oficina

“Procedimentos de criação da montagem de Na Solidão dos Campos de Algodão”, com Eliana Monteiro, Lucienne Guedes e Mawusi Tulani
 

Sinopse: a partir dos temas movidos pela dramaturgia de Na Solidão dos Campos de Algodão, as participantes e os participantes serão conduzidos pela diretora artística e pelas atrizes da montagem para experienciarem procedimentos de criação do espetáculo. A oficina proporcionará ação prática e reflexiva sobre as possibilidades de leitura e encenação dos textos contemporâneos.

Quando: 23, 24 e 26 de agosto, na terça e na quarta-feira, das 14h às 17h, e na sexta, das 9h30 às 12h30

Local: Sala de exposições

Forma de seleção: análise de currículo e breve carta de interesse, enviadas através do formulário

Cronograma: Inscrições de 1º a 14 de agosto. Resultados divulgados por e-mail no dia 17 de agosto

Vagas: 25

Público: Estudantes de artes cênicas (bacharelados, licenciaturas, cursos técnicos, pós-graduação etc).

 

SOBRE O COMPLEXO THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

O Theatro Municipal de São Paulo é um equipamento da Prefeitura da Cidade de São Paulo ligado à Secretaria Municipal de Cultura e à Fundação Theatro Municipal de São Paulo.
 

O edifício do Theatro Municipal de São Paulo, assinado pelo escritório Ramos de Azevedo em colaboração com os italianos Claudio Rossi e Domiziano Rossi, foi inaugurado em 12 de setembro de 1911. Trata-se de um edifício histórico, patrimônio tombado, intrinsecamente ligado ao aperfeiçoamento da música, da dança e da ópera no Brasil. O Theatro Municipal de São Paulo abrange um importante patrimônio arquitetônico, corpos artísticos permanentes e é vocacionado à ópera, à música sinfônica orquestral e coral, à dança contemporânea e aberto a múltiplas linguagens conectadas com o mundo atual (teatro, cinema, literatura, música contemporânea, moda, música popular, outras linguagens do corpo, dentre outras). Oferece diversidade de programação e busca atrair um público variado.
 

Além do edifício do Theatro, o Complexo Theatro Municipal também conta com o edifício da Praça das Artes, concebido para ser sede dos Corpos Artísticos e da Escola de Dança e da Escola Municipal de Música de São Paulo.
 

Sua concepção teve como premissa desenhar uma área que abraçasse o antigo prédio tombado do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo e que constituísse um edifício moderno e uma praça aberta ao público que circula na área.
 

Inaugurado em dezembro de 2012 em uma área de 29 mil m², o projeto vencedor dos prêmios APCA e ICON AWARDS é resultado da parceria do arquiteto Marcos Cartum (Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura) com o escritório paulistano Brasil Arquitetura, de Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz.
 

SOBRE A SUSTENIDOS

Eleita a Melhor ONG de Cultura de 2018, a Sustenidos é a organização responsável pela gestão do Projeto Guri (nos polos de ensino do interior, litoral e Fundação CASA), do Conservatório Dramático-Musical dr. Carlos de Campos - Tatuí e do Complexo Theatro Municipal. Além do Governo de São Paulo, a Sustenidos conta com o apoio de prefeituras, organizações sociais, empresas e pessoas físicas. Instituições interessadas em investir na Sustenidos, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, têm suporte fiscal da Lei Federal de Incentivo à Cultura e do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FUMCAD). Pessoas físicas também podem ajudar. Saiba como contribuir neste link.
 

Patrocinadores e apoiadores do Theatro Municipal de São Paulo - Sustenidos: Bradesco.

Patrocinadores Institucionais da Sustenidos: Microsoft e VISA.

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