Além da situação acanhada do aeroporto, os usuários conviviam com várias outras situações constrangedores, como os alagamentos na época das chuvas (o que existe até hoje); sala de embarque pequena e desconfortável; ao descer do carro para acessar o balcão de despacho de bagagem parávamos em fila tripla; ao seguir para o avião sob chuva, entrávamos no avião molhados e ao regressar nas mesmas condições pluviométricas, muito embora disponibilizavam um guarda-chuva que só cobria a cabeça, chegávamos à esteira única para pegar a mala totalmente molhada, com um tumulto que só faltava sair briga. Uma vergonha para nós e uma péssima impressão para os que aqui chegavam, a negócio ou a passeio. Para quem viajasse ao exterior, tinha que embarcar na Pampulha, descer no Santos Dumont/Rio, pegar um ônibus ou táxi e viajar para embarcar no Galeão. O mesmo acontecia para quem embarcava em Guarulhos/São Paulo, obrigado a descer em Congonhas e fazer conexão por terra.
No governo seguinte, finalmente vimos o nosso aeroporto internacional sendo entregue, em uma área enorme, no municípios de Lagoa Santa e Confins. Evidente que mudanças causam desconforto aos usuários, acostumados à rotina de suas viagens domésticas. Transferidos os voos principais para o novo aeroporto. passamos a conviver com um outro problema, a acessibilidade. Novamente, pressionamos o governo estadual, que investiu na melhoria da Av. Antonio Carlos e a implantação da Linha Verde, melhorando sobremaneira o acesso, trazendo progresso para o zona norte.
O Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, é hoje uma realidade incontestável, um motivo de orgulho para nós mineiros.
Segundo palavras do CEO da BH Airport, Kleber Meira, o nosso aeroporto tem capacidade para receber 32 milhões de passageiros anuais. Antes da pandemia a movimentação era 11,3 milhões de pessoas, em 2020 caiu para 4,8 milhões, sendo que em 2021 subiu para 7 milhões. A expectativa para este ano, 2022, é de se alcançar os 10 milhões. Temos um amplo espaço a explorar em Minas Gerais. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) quem voa atualmente são as classes A e B. Em 2019 o brasileiro voou o equivalente a 0,48 vez por ano. Nos Estados Unidos, esse número chegou a 2,6 viagens por ano. Há plena condição de crescer, de elevar a demanda e também a oferta de destinos. No Brasil, porém, contamos com apenas quatro empresas de aviação comercial, enquanto na Europa são mais de 20. Há mais aéreas em operação na Argentina e na Colômbia que no Brasil. É inacreditável, mas ainda não contamos com empresas "low cost", de baixo custo. Países com quase o mesmo território, com a Austrália, tem quatro vezes mais companhias aéreas que o Brasil. Nações bem menores e com quase o mesmo número de habitantes, como a Indonésia, tem o dobro.
É fundamental destravar as amarras. O país precisa enfrentar as questões regulatórias, a tributação sobre o querosene de aviação e a insegurança jurídica. Precisamos de um mercado competitivo, com a entrada de empresas de baixo custo, que fomentem o setor e contribuam para a expansão da malha aérea e para a redução de preços. Necessário se faz conectar mais destinos e pessoas de uma ponta a outra, encurtar as distâncias e ter um setor aeroportuário mais forte e participativo na economia. Precisamos fazer os brasileiros voarem mais. Há uma relação direta entre o volume de passageiros e quantidade de voos e destinos. Quanto mais usuários optam pelo transporte aéreo, maior a taxa de ocupação nas aeronaves, maior a demanda por novos voos, mais atratividade para as companhias e, por consequência, mais opções e menores custos para os passageiros. A aviação é hoje peça central para aumentar a conectividade no país, melhorar ainda mais a transferência de cargas, fazer crescer o e-commerce e, principalmente aumentar o turismo doméstico
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