SENHORES PASSAGEIROS, APERTEM O CINTO !


Lá para os idos de 1978, um diretor da ACMinas, de origem Libanesa, com seu relacionamento internacional, conseguiu programar uma missão de empresários árabes para vir a Minas Gerais a convite do governo do estado, para conhecer as opções de investimento no então terceiro estado do país. Programação acertada com detalhes, incluindo uma agenda com o governador, os visitantes viriam em um avião particular pertencente ao príncipe que liderava o grupo. Mas, na véspera da chegada cancelaram a viagem alegando que o nosso aeroporto não oferecia as mínimas condições para receber um voo internacional. Em função deste fato, a diretoria da ACMinas pressionou o estado e o governador levou esta demanda à Presidência da República, da necessidade de a terceira capital do país ter um aeroporto digno de sua importância. 

Além da situação acanhada do aeroporto, os usuários conviviam com várias outras situações constrangedores, como os alagamentos na época das chuvas (o que existe até hoje); sala de embarque pequena e desconfortável; ao descer do carro para acessar o balcão de despacho de bagagem parávamos em fila tripla; ao seguir para o avião sob chuva, entrávamos no avião molhados e ao regressar nas mesmas condições pluviométricas, muito embora disponibilizavam um guarda-chuva que só cobria a cabeça, chegávamos à esteira única para pegar a mala totalmente molhada, com um tumulto que só faltava sair briga. Uma vergonha para nós e uma péssima impressão para os que aqui chegavam, a negócio ou a passeio. Para quem viajasse ao exterior, tinha que embarcar na Pampulha, descer no Santos Dumont/Rio, pegar um ônibus ou táxi e viajar para embarcar no Galeão. O mesmo acontecia para quem embarcava em Guarulhos/São Paulo, obrigado a descer em Congonhas e fazer conexão por terra.

No governo seguinte, finalmente vimos o nosso aeroporto internacional sendo entregue, em uma área enorme, no municípios de Lagoa Santa e Confins. Evidente que mudanças causam desconforto aos usuários, acostumados à rotina de suas viagens domésticas. Transferidos os voos principais para o novo aeroporto. passamos a conviver com um outro problema, a acessibilidade. Novamente, pressionamos o governo estadual, que investiu na melhoria da Av. Antonio Carlos e a implantação da Linha Verde, melhorando sobremaneira o acesso, trazendo progresso para o zona norte. 

O Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, é hoje uma realidade incontestável, um motivo de orgulho para nós mineiros. 

Segundo palavras do CEO da BH Airport, Kleber Meira, o nosso aeroporto tem capacidade para receber 32 milhões de passageiros anuais. Antes da pandemia a movimentação era 11,3 milhões de pessoas, em 2020 caiu para 4,8 milhões, sendo que em 2021 subiu para 7 milhões. A expectativa para este ano, 2022, é de se alcançar os 10 milhões. Temos um amplo espaço a explorar em Minas Gerais. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) quem voa atualmente são as classes A e B. Em 2019 o brasileiro voou o equivalente a 0,48 vez por ano. Nos Estados Unidos, esse número chegou a 2,6 viagens por ano. Há plena condição de crescer, de elevar a demanda e também a oferta de destinos. No Brasil, porém, contamos com apenas quatro empresas de aviação comercial, enquanto na Europa são mais de 20. Há mais aéreas em operação na Argentina e na Colômbia que no Brasil. É inacreditável, mas ainda não contamos com empresas "low cost", de baixo custo. Países com quase o mesmo território, com a Austrália, tem quatro vezes mais companhias aéreas que o Brasil. Nações bem menores e com quase o mesmo número de habitantes, como a Indonésia, tem o dobro. 

É fundamental destravar as amarras. O país precisa enfrentar as questões regulatórias, a tributação sobre o querosene de aviação e a insegurança jurídica. Precisamos de um mercado competitivo, com a entrada de empresas de baixo custo, que fomentem o setor e contribuam para a expansão da malha aérea e para a redução de preços. Necessário se faz conectar mais destinos e pessoas de uma ponta a outra, encurtar as distâncias e ter um setor aeroportuário mais forte e participativo na economia. Precisamos fazer os brasileiros voarem mais. Há uma relação direta entre o volume de passageiros e quantidade de voos e destinos. Quanto mais usuários optam pelo transporte aéreo, maior a taxa de ocupação nas aeronaves, maior a demanda por novos voos, mais atratividade para as companhias e, por consequência, mais opções e menores custos para os passageiros. A aviação é hoje peça central para aumentar a conectividade no país, melhorar ainda mais a transferência de cargas, fazer crescer o e-commerce e, principalmente aumentar o turismo doméstico 

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