Programação 2022 do Museu de Arte Moderna de São Paulo destaca segunda geração de modernistas


 

Série de três exposições que serão realizadas durante o ano estimula

reflexão sobre os desdobramentos da Semana de Arte Moderna

 

Tombo: 2006.047 | Anatol Wladyslaw Naftali (Varsóvia, Polônia, 1913 - São Paulo, São Paulo, 2004)

Coleção MAM São Paulo, Doação Blanka Wladislaw, 2006 | Foto: Romulo Fialdini


 

A Semana de Arte Moderna de 22 foi um marco na história da arte brasileira, reuniu artistas que buscavam romper antigos formatos, criar novos estilos e explorar diferentes formas de expressão. Ao longo de 2022, ano em que se celebra o centenário da Semana, a programação do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) apresenta os desdobramentos do modernismo na segunda metade do século XX, trazendo para a discussão a segunda geração de modernistas que introduziram a arte construtiva geométrica e abstrata, como Samson Flexor e Grupo Ruptura, além de artistas contemporâneos que dialogam com esse formato, como Leonora de Barros e Marcius Galan. Uma programação que aprofunda a série de reflexões sobre a Semana de Arte Moderna que teve início em 2021.


 

Em 2022, no MAM, o público poderá conferir de perto exposições que refletem a segunda fase do movimento moderno: a mostra Grupo Ruptura 70 anos, que apresenta um conjunto de obras dos artistas que marcaram o início da arte concreta brasileira; o 37º Panorama da Arte Brasileira, que propõe desconstruir de maneira pedagógica certos olhares e paradigmas naturalizados em relação ao Brasil colônia, trazendo obras de artistas de diversas gerações; e a exposição itinerante Arte Moderna na Metrópole, com obras do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, retratando um marco importante para o contexto da arte moderna da cidade de São Paulo: a abertura da Galeria Domus.


 

Grupo Ruptura 70 anos, com curadoria de Heloisa Espada e Yuri Quevedo

 

O museu está programando uma exposição histórica sobre os 70 anos da exposição do grupo Ruptura, formado por artistas que exibiram sua produção no MAM São Paulo em 1952 e que marcou o início da arte concreta brasileira. Renovar os valores essenciais da arte visual, valorizar a razão e eliminar vestígios de subjetividade na arte estavam entre os objetivos desses então novos artistas. Este foi um dos nortes do manifesto Ruptura, publicado junto à emblemática exposição homônima. Dela, participava um grupo reunido em torno da defesa da arte geométrica, em detrimento à figuração, disputa que alimentou acalorados debates no mundo das artes durante o período.

 

A exposição marca uma data relevante para a arte moderna brasileira e propõe uma revisão crítica do legado da arte construtiva no Brasil. Trata-se de um conjunto representativo de obras de Geraldo de Barros, Augusto de Campos, Lothar Charoux, Waldemar Cordeiro, Kazmer Féjer, Hermelindo Fiaminghi, Leopoldo Haar, Judith Lauand, Maurício Nogueira Lima, Luiz Sacilotto e Anatol Wladyslaw.


Serviço
Grupo Ruptura 70 anos
Curadoria: Heloísa Espada e Yuri Quevedo

Período expositivo: De 02 de abril a 03 de julho de 2022


 

Lenora de Barros - Sala de Vidro

 

O trabalho de Lenora de Barros na sala de vidro estabelece um diálogo com a obra Aranha, 1996, de Louise Bourgeois, que foi exibida no MAM por cerca de 20 anos. A partir da memória do lugar, de espelhos retrovisores, de poemas e de sons, a artista constrói uma instalação com uma grande aranha de metal que ativa o passado recente, nos ajuda a superar as perdas e caminhar em direção ao futuro.

 

Serviço
Lenora de Barros

Período expositivo: De 02 de abril a 03 de julho

 

37º Panorama da Arte Brasileira, com curadoria de Cauê Alves, Cristiana Tejo, Vanessa Davidson e Claudinei Roberto da Silva

37º Panorama da Arte Brasileira do MAM São Paulo, Sob as cinzas, brasa”,  acontece numa data emblemática, o bicentenário do que se convencionou chamar de Independência do Brasil e o centenário da Semana de Arte Moderna de São Paulo de 1922. Esses dois acontecimentos, que se entrecruzam ao longo da história do Brasil, deixaram legados e uma série de questões que reverberam até hoje na sociedade brasileira. A partir da produção artística contemporânea, seria possível decantar os vínculos do Brasil atual com sua herança colonial, levando em conta as dimensões históricas, políticas e estéticas da Independência do Brasil e da arte moderna.

O título do Panorama 2022 insinua a resiliência e a força das coisas que persistem mesmo de maneira incógnita e recôndita, a brasa sob a cinza continuam ardendo. E no ano em que se celebram tantas datas significativas, o título aventa a possibilidade dos renascimentos, propõe uma reflexão sobre a construção dos nossos símbolos ancestrais e atuais.

 

Além disso, o Panorama do MAM se propõe a desconstruir certos olhares e paradigmas naturalizados. Avessa à noção moderna de progresso, a curadoria irá enfatizar as ruínas e as barbaridades de um país que ainda não se constituiu plenamente como civilização. Diante de uma crise mundial e também profundamente local/nacional, interessa investigar como os artistas enraizados no Brasil têm enfrentado os múltiplos problemas causados pelo modelo de desenvolvimento adotado nos últimos séculos. A partir de uma teia curatorial e de uma seleção de artistas de diversas gerações e origens, a mostra irá valorizar a dimensão pedagógica da arte e prospectar relações entre rupturas e continuidades.

 

O grupo de curadores responde sensivelmente a emergência das pautas sociais comprometidas com a promoção da igualdade étnica, de gênero e de classe.

 

Serviço
37º Panorama da Arte Brasileira
Curadoria: Cauê Alves, Cristiana Tejo, Vanessa Davidson e Claudinei Roberto da Silva

Período expositivo: De 23 de julho a 15 de janeiro de 2023

 

Arte Moderna na Metrópole
exposição itinerante da coleção do MAM no Instituto CPFL, em Campinas curadoria de José Armando Pereira da Silva

 

Esta exposição, com obras do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, faz um retrospecto de um momento importante no contexto artístico paulista, quando se estabeleceu em São Paulo a Galeria Domus. Fundada em 5 de fevereiro de 1947, a Domus organizou, em cinco anos de atividade, 91 exposições, tendo sido pioneira em apresentar artistas do modernismo brasileiro e da geração que os sucedeu, como indicava sua exposição inaugural.

 

Transformada em ponto de encontro de intelectuais e artistas, a Domus favoreceu a mobilização da classe na divulgação da produção artística, estimulando o foco da crítica e estratégias de publicidade, como o lançamento da revista Artes Plásticas. A exposição de pinturas paulistas, realizada no Rio de Janeiro, em 1949, reuniu 188 obras, postas à apreciação da imprensa e do público carioca -- iniciativa destinada a levar os artistas para além de seu território e ampliar o mercado.

 

Dos participantes das exposições na Domus, a maioria voltou a se apresentar em individuais ou coletivas, como ocorreu com Alfredo Volpi, Mário Zanini, Rebolo Gonsales e Paulo Rossi Osir. Raphael Galvez e Emídio de Souza tiveram na galeria suas primeiras exposições individuais e foi lá que Oswaldo Goeldi mostrou suas obras pela primeira vez em São Paulo.

As iniciativas da Domus lograram conjugar o propósito comercial com a repercussão crítica, tornando seus artistas mais conhecidos e suscitando uma discussão sobre as características da arte paulista naquele período.

 

Esta exposição, apresentando esse conjunto de obras em perspectiva histórica, estimula a análise de sua significação e potência no panorama da arte brasileira.


Serviço
Arte Moderna na Metrópole
Curadoria: José Armando Pereira da Silva

Período expositivo: Abertura prevista para o dia 13 de setembro

Local: Galeria de Arte do Instituto CPFL, Campinas

 

Sobre o MAM São Paulo

 

Fundado em 1948, o Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos. Sua coleção conta com mais de 5 mil obras produzidas pelos mais representativos nomes da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto o acervo quanto as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas.


 

O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de visitas mediadas em libras, audiodescrição das obras e videoguias em Libras. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.


 

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.


Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo

Endereço: Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3)

Horários: terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30)

Telefone: (11) 5085-1300

Ingresso: R$25,00. Gratuidade aos domingos. Agendamento prévio necessário.
Ingressos pelo link
Meia-entrada para estudantes, com identificação; jovens de baixa renda e idosos (+60). Gratuidade para crianças menores de 10 anos; pessoas com deficiência e acompanhante; professores e diretores da rede pública estadual e municipal de SP, com identificação; sócios e alunos do MAM; funcionários das empresas parceiras e museus; membros do ICOM, AICA e ABCA, com identificação; funcionários da SPTuris e funcionários da Secretaria Municipal de Cultura.

 

Acesso para pessoas com deficiência

Restaurante/café

Ar-condicionado

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