Feira de Segurança e Saúde no Trabalho volta a Minas

 


Depois de 10 anos, PROTEMINAS                                                                   traz novidades em produtos e serviços com o que há de mais avançado no mundo. Entre os especialistas presentes, a maranhense Ludmila Albuquerque, Engenheira Civil e de Segurança do Trabalho

Minas Gerais, terceira economia do país e o segundo Estado mais prevencionista, não recebe evento desta natureza desde 2012. O hiato chega ao fim com a próxima edição da PROTEMINAS – Feira Mineira de Segurança, nos dias 5, 6 e 7 de abril de 2022, em Belo Horizonte. Evento será no tradicional pavilhão de feiras Expominas, que dispõe das melhores condições para abrigar iniciativas deste porte.


Realização da PROTEMINAS é de responsabilidade da PROMA Feiras, sob a direção experiente e segura de José Roberto Sevieri. O credenciamento já está aberto em www.proteminas.com.br, para que os interessados possam receber seus crachás diretamente nos seus endereços. Assim, são desnecessários registros na recepção e retiradas de documentos, o que torna os procedimentos sanitários ainda mais seguros.


Durante os três dias, além dos expositores, também haverá várias atividades nas três arenas de conhecimento, que incluem vigorosa e ampla programação dotada de temas e conteúdos relevantes. Objetivo dos organizadores é levar prevenção, vida e tecnologia aos mais de 8.000 visitantes esperados para o evento.


Sugestão de Entrevista

No contexto que antecede a PROTEMINAS, sugerimos entrevista com Ludmila Albuquerque, Engenheira Civil e de Segurança do Trabalho, com 15 anos de experiência em Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, Atua em grandes projetos, como construção de indústrias, frigoríficos e estaleiros. Fez gestão de SST em construção naval e de redes elétricas.

“Atuei também na gestão de contratos na administração do Porto de Suape, em Pernambuco. Possuo experiência em Gestão de Engenharia Civil em Órgãos Públicos e realizei Gestão de Terceiros de estrangeiros em organizações Europeias. Atualmente, atuo como engenheira de SMS no CREA-PE. E no mundo digital, ajudo centenas de profissionais, por meio da oferta de conteúdos em Gestão de Riscos Ocupacionais (GRO) de Terceirizados”, conta Ludmila Albuquerque.


Para servir de referência, aproveitamento parcial ou total no caso de haver interesse em veicular o tema, oferecemos entrevista inédita e exclusiva com Ludmila Albuquerque. Segue pingue-pongue com a jovem, porém experiente profissional, radicada há 14 anos em Recife (PE).


1 – Embora jovem, você acumula experiência consistente no universo da SST – Saúde e Segurança do Trabalho. O que a levou a escolher esse segmento para trilhar sua carreira?

Sou engenheira civil formada pela Universidade Estadual do Maranhão e na minha primeira oportunidade como Engenheira Civil Jr. Estive auxiliando a coordenação principal do Programa “Luz Para Todos” do Governo Federal em 2007 no estado do Maranhão na antiga CEMAR, hoje Equatorial Energia. E ao viajar todo interior do estado do Maranhão para conhecer os locais mais remotos e auxiliar no planejamento de montagem e construção de linhas elétricas, pude constatar condições precárias de terceirizados expostos a riscos graves de acidente. E o Gerente geral do programa no MA, ao saber que eu já tinha a pós-graduação em Engenharia de SST, me pediu para auxiliar nessa gestão, controlando e criando indicadores. Foi nesse momento que entendi o que realmente eu gostava de fazer.


2 – A formação em engenharia foi determinante para você enveredar por um caminho que lida com gestão de RH?

Acredito que mais que a minha formação técnica, o que de fato foi determinante para eu ter tanta aptidão e gosto pela gestão de pessoas e tornar a engenharia mais humanizada foi tudo que aprendi ao longo de minha experiência de vida, e principalmente tudo que aprendi com a bíblia. Eu devo tudo ao livro da sabedoria milenar. Acredito no maior líder de todos os tempos, e Jesus Cristo, é e sempre será minha maior referência na lida com pessoas.


3 – Pela experiência e conhecimento sobre o segmento em que atua, você considera que SST evolui, no Brasil?

 Sim. A passos relativamente lentos. Sobretudo há uma evolução nítida nos últimos 5 a 7 anos. E muito dessa evolução se deve as exigências normativas. O que me deixa um pouco insatisfeita. Pois no meu ponto de vista não deveríamos evoluir baseado apenas em normas técnicas e leis. Mas quando falamos de cultura no nosso país, o desafio é bem maior.


4 – Quais os pontos essenciais que, eventualmente, impedem o deslanche de uma SST mais eficiente e humanizada?

Cultura da Alta liderança. SST deve ser implantada top down, e não ao contrário. Em empresas que a Alta Diretoria tem a SST como valor, nada impede da Gestão rodar. Mas quando não há interesse verdadeiro, esse trabalho se torna pesado e ineficiente. Onde não há valorização por parte das Chefias, não tem “santo” que resolva.


5 – SST na realidade dos trabalhadores terceirizados: o que é possível fazer para combater o preconceito e a ignorância?

 Bom, eu acredito que devemos estar disposto a persistir. O profissional especialista em SST deve ser o primeiro a entender que Segurança do Trabalho é para todos. Porém vejo ainda a grande maioria desses tratado os terceirizados à margem do sistema. Quando a grande maioria dos profissionais de SST conseguirem ao menos enxergar os terceirizados em campo como parte do produto, do negócio e fazer a gestão devida desses contratos focando nos riscos ocupacionais e incluindo os mesmos nos processos, aí sim, todos os demais setores passarão a conhecer quem são os “terceirizados” e o preconceito desaparecerá. Infelizmente a ignorância do sesmt é o que mais impede dessa mão de obra deixar de ser tratada como se fosse precária. O que realmente é precária e muitas vezes inexistente é a capacidade de fazer a gestão dos contratados.


6 – Pandemia C-19: a despeito das dores que provocou (e ainda provoca), qual o impacto positivo para uma melhor compreensão da SST?

O profissional de SST nunca foi tão demandado quanto esse momento. Antes, SST era algo que, muitos acreditavam ser aplicável apenas a grandes indústrias e construção civil. Com a pandemia e todos os intermináveis protocolos, nunca se ouviu tanto falar em EPI e procedimentos de prevenção. Agora onde você se apresenta como sendo especialista em SST, alguém tem alguma dúvida ou até mesmo serviço para você. Quem é esperto e vivo com espírito empreendedor está sabendo aproveitar esse período. Tem gente que chora, tem gente que vende lenços.


7 – Outsourcing ou terceirização é estratégia bem antiga. Por que os terceirizados são percebidos com certo desdém?

 Porque é uma cultura brasileira. No fundo no fundo, não apenas os terceirizados são tratados como “escravos”. No Brasil, qualquer mão de obra que esteja lhe prestando um serviço, o tratamento por parte da maioria do povo brasileiro é com desdém. Vamos exemplificar. Basta você pegar um ônibus de transporte público em grandes centros. O motorista de ônibus é tratado como um escravo, muitos sofrem agressão física, além da verbal. E está apenas servindo as pessoas. Além disso tem as vendedoras em lojas físicas. Em praias, barraqueiros, oficina. Em todos os estabelecimentos sempre as pessoas que atendem o público vão ter os piores depoimentos de pessoas que as tratam como “lixo”. Isso é uma cultura escravocrata do Brasil. Se você tiver a oportunidade de ir a países Nórdicos. Isso nem existe. As pessoas são tratadas por igual, independente do cargo ou poder aquisitivo. O Brasil me choca sempre quando falamos de como tratamos nossos trabalhadores. As pessoas em sua grande maioria estão sempre pensando que os outros tem obrigação de lhe servir, mas nunca estão dispostos a servir primeiro.


8 – Você se considera uma ‘inffluencer digital’ quando trabalha gestão de riscos ocupacionais, na Internet?

Não gosto desse termo. Não por preconceito, pois hoje acredito e respeito esse trabalho. Porém para mim influencer digital é quem indica um produto e com o seu poder de influência seus seguidores compram o produto na loja, e quem indicou ganha seu percentual nas vendas.

 Eu apenas vendo a ideia da crença que todos nós devemos tratar os profissionais com igualdade e que todos merecem ser cuidados e regidos pelas normas de SST. Compartilho meus métodos de trabalho na SST e influencio na postura e posicionamento. Para que leiam mais, se valorizem, diminuam o tempo na NetFlix , criem e inovem mais, sobretudo passem a servir, em vez de pedir tudo pronto. As pessoas pedem muito e esquecem-se de ser disponíveis e criativos.


9 – Fale um pouco da sua participação na próxima Proteminas.

Acredito que será uma ótima plataforma para expandir a ideia do crescimento responsável da Terceirização de mão de obra. Uma boa forma de comunicar sobre as novas normas técnicas e também sobre a legislação vigente aprovada em 2020 da Terceirização. Esse tipo de feira concentra muitos profissionais especialistas e melhor forma de apresentar propostas , ideias, e serviços não há. Agradeço muito o espaço e a confiança que me fora dada.


10 – Você é maranhense, conhece bem a realidade brasileira e está radicada no Recife há cerca de 14 anos. O seu ramo de atividade independe do lugar em que você viva?

Absolutamente. Eu amo o que faço! Se eu me mudasse para o local mais distante da China (e eu fosse livre como no Brasil) eu iria dar um jeito de fazer SST. Eu sempre vou em busca de conscientizar as pessoas sobre seus direitos e deveres, a fim de evitar acidentes e perdas relevantes. Eu gosto muito de processos produtivos, planejamento. Amo apresentar às pessoas a importância de todos terem saúde e conforto para aumentar a produtividade e lucro.


11 – Você enxerga alguma relação entre o crescimento da terceirização e a atual situação econômica do país?

Completamente. A Terceirização teve início no Brasil nos anos 50. No período conhecido como os anos ‘dourados’, quando a economia estava em franco crescimento, época do auge do cinema e da criação da cidade de Brasília, essa forma de administração foi copiada dos cases de sucesso de países de ponta como EUA e Japão.

Lá a terceirização foi tábua salva-vidas no pós-guerra, com a economia desses países arrasada. Foi então que os grandes empregadores no Brasil entenderam essa forma de gestão como uma estratégia vantajosa, ante a redução de custos na contratação de mão-de-obra própria.

Contudo, no Brasil faltaram procedimentos corretos para terceirização e houve uma demora nessa regularização (a Súmula 331 foi criada, porém ainda com lacunas) . Em 2020, em plena crise econômica, advinda também da Pandemia C-19, a terceirização teve sua total regularização com uma Lei própria. Portanto, é algo novo, em se tratando da disciplina da gestão desse tipo de administração.

Portanto, a terceirização tem sido uma estratégia de modernização de organizações e redução de custos, para continuar empregando pessoas e impedindo o fechamento de empresas. Considero como a única saída para nosso país continuar empregando, tirar e evitar a falência das empresas. 

Ludmila Albuquerque, Engenheira Civil e de Segurança do Trabalho

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