Estudo aponta relação direta entre idiomas e desenvolvimento econômico e sugere a necessidade de fortalecimento das línguas portuguesa e espanhola

  • Quanto mais um idioma é falado pelo mundo, maior é o desenvolvimento econômico das nações que possuem tal idioma como língua materna. Tanto para o português, quanto para o espanhol, a linguagem contribui entre 15% e 17% do Produto Interno Bruto dos países que têm o português ou o espanhol como línguas oficiais (seja maioria ou comum) e uma porcentagem semelhante em sua contribuição para o emprego total.
     
  • A CILPE tem como objetivo analisar e elaborar estratégias para valorizar as duas línguas, especialmente porque se observou um aumento de publicações de artigos científicos em inglês por parte de pesquisadores ibero-americanos.

Brasil, 10 de fevereiro de 2022. - A disseminação de um idioma está diretamente relacionada ao desenvolvimento de uma nação: quanto mais um idioma é falado pelo mundo, maior é o desenvolvimento econômico das nações que o têm como língua materna. Para se ter uma ideia, os custos de uma empresa que decide atuar no mercado internacional são menores, a depender da amplitude e da disseminação da língua de origem do país escolhido. Quanto menor for a proximidade linguística e cultural, mais alto será este custo.

Estes e outros apontamentos fazem parte de livro ‘Ibero-América: Uma Comunidade, Duas Línguas Pluricêntricas’, que será lançado em breve pela OEI -- Organização dos Estados Ibero-Americanos. O livro é fruto da primeira Conferência realizada pela OEI, em 2019, em Portugal. Apesar de serem línguas globais e estarem entre as mais faladas do planeta, a OEI detectou um aumento nas publicações em inglês por parte de pesquisadores que têm como língua materna o português ou o espanhol.

Realizada em Brasília, no Complexo Brasil 21, nos próximos dias 16, 17 e 18, a 2ª CILPE -- Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola -- reunirá acadêmicos e autoridades dos 23 países membros do grupo para debater os principais entraves e as melhores saídas para vencê-los, fortalecendo a difusão dos dois idiomas.

“Além de representar um ativo geopolítico, o idioma tem influência direta no mercado das indústrias da língua, como ensino, edição, interpretação e tradução, bem como no mercado cultural, com cinema, séries televisivas, música, teatro”, explica o diretor da OEI no Brasil, Raphael Callou.

A disseminação de uma língua pelo mundo também vai determinar a mobilidade entre comunidades linguísticas (migrações e turismo, também para carreiras profissionais de nível internacional).

“Quanto maior for o número de falantes de uma língua, maior será a força econômica dos países falantes, maior será o valor dessa língua e maior o número de funções que poderá desempenhar, em particular, ser língua de comunicação internacional e língua de ciência”, resume Raphael Callou, destacando que, atualmente, poucos idiomas podem desempenhar hoje essas funções.

 

Conclusões e recomendações

O estudo, que será apresentado durante a Conferência entre os dias 16 e 18 de fevereiro, vai mostrar que a comunidade linguística tem grande influência, por exemplo, na decisão de internacionalizar a empresa e na seleção dos mercados por onde passa a operar. A razão é clara: redução de custos de transação que a linguagem comum promove. Assim, a linguagem comum facilita a identificação de parceiros e a negociação de acordos com eles; propicia um melhor conhecimento do ambiente regulatório e um relacionamento mais fluido com as autoridades locais.

Para se ter uma ideia, existem estudos mostrando que a linguagem contribui entre 15% e 17% do Produto Interno Bruto dos países que têm o português ou o espanhol como línguas oficiais (seja maioria ou comum) e uma porcentagem semelhante em sua contribuição para o emprego total.

Por isso, os pesquisadores responsáveis pelo estudo recomendam aos países Ibero-americanos que considerem as duas línguas como um “bem preferencial”, valorizado, inclusive, pelos setores econômicos do governo, como ministérios da Economia e das Finanças.

A partir daí, a recomendação é que esses países criem políticas públicas de Estado, capazes de sobreviver às mudanças de governos e que possam assegurar a projeção internacional dos dois idiomas.

 

Sobre a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI)

A Organização dos Estados Ibero-Americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) é a primeira organização de cooperação intergovernamental na região Ibero-Americana. Desde 1949, vem trabalhando para promover a cooperação em seus três campos de ação. Atualmente, a OEI tem 23 Estados membros e 18 escritórios nacionais, além de sua Secretaria Geral em Madri.




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