Pesquisa comprova que Geração Z é a mais afetada pelo Burnout e que os líderes não estão atentos a saúde mental de seus colaboradores



O mundo inteiro foi impactado pela pandemia do coronavírus, que nos mostrou novos níveis de inseguranças e pressão. Ao se tratar do mercado de trabalho, não foi diferente. O home-office e modelo híbrido, tendências que vieram para ficar, apesar de suas vantagens, foram pontos cruciais para o aumento de uma cobrança e pressão dentro das organizações. Essa alta pressão, o aumento do trabalho, carga-horária de expediente e outros fatores são responsáveis pelo esgotamento dos colaboradores, que tiveram sua saúde mental afetada ao longo desses dois anos de pandemia.
Considerando a preocupação e a relevância do tema, o Grupo Adecco, Líder em Recursos Humanos, realizou uma pesquisa sobre a síndrome do Burnout. O levantamento comprovou que 38% sofreram de burnout nos últimos 12 meses e 32% afirmaram que sua saúde mental diminuiu significativamente. Além disso, 53% dos gerentes disseram que não é fácil identificar quando a equipe pode estar lutando com o bem-estar mental e 67% dos funcionários afirmaram que os líderes não atendem às suas expectativas de verificar como está o seu bem-estar mental.

A pesquisa também comprovou que dentre os líderes da Geração Z são os mais afetados pelo Burnout, com 45%.

Para o Country Head do Grupo Adecco, José Augusto Figueiredo, o momento é de atenção e as organizações que melhor se mobilizar na direção de dar suporte aos seus líderes conseguirá lidar melhor com o problema. Figueiredo explica que é essencial a adoção de habilidades, como empatia, para que possam ter conversas francas e significativas com as pessoas que lideram para descobrir como estão realmente se saindo nesse ambiente complexo.

Líderes mais jovens sentem mais o burnout

Levantamento revela ainda que os líderes precisam se reconectar com a saúde mental no trabalho para estabelecer uma nova era no mercado de trabalho


Com quase dois anos de uma pandemia sem precedente nas últimas décadas, a saúde mental e física dos trabalhadores nunca esteve tão impactada. Nova pesquisa do Grupo Adecco detalhou um pouco mais essas consequências, como a queda dos resultados e as dificuldades das lideranças e colaboradores, apontando que os jovens têm sido mais impactados pelo esgotamento (burnout).

No geral, o levantamento, que teve o objetivo de descobrir percepções sobre atitudes, comportamentos e perspectivas dos trabalhadores do universo corporativo sobre o futuro do trabalho, revelou que 38% dos entrevistados sofreram de burnout nos últimos 12 meses e 32% disseram que sua saúde mental diminuiu significativamente. Dos gerentes ouvidos, 53% disseram que não é fácil identificar quando a equipe pode estar lutando com o bem-estar mental e 67% dos não gerentes afirmaram que os líderes não atendem às suas expectativas de verificar como está o seu bem-estar mental.

No Brasil, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é o país aparece como o mais ansioso do mundo, o segundo mais estressado e o quinto mais depressivo, o levantamento do Grupo Adecco revelou que 43% dos trabalhadores entrevistados relataram o esgotamento, algo que pode ser prevenido, conforme dados também da OMS que revelam que ações preventivas de saúde mental apontam retorno sobre investimento superior a quatro vezes.

A pesquisa apontou também a preocupação com o burnout e a saúde mental dos trabalhadores de diferentes gerações, encontrando peculiaridades de acordo com a função. O relato de esgotamento salta significativamente quando a pesquisa se concentra apenas nos líderes mais jovens. Naqueles da Geração Z em todos os níveis esse índice fica em 45%. Já os Millennials esse número fica em 42%. A Geração X ficou em 35% e 27% do baby Boomers ainda estavam experimentando quantidades significativas de estresse e desgaste, embora em níveis bem abaixo o das gerações mais jovens.

De acordo com José Augusto Figueiredo, presidente da LHH e Country Head do Grupo Adecco, os líderes ouvidos afirmaram que não estão apenas esgotados, mas também não sabem como ajudar os demais colaboradores, o que acendeu um sinal de alerta sobre a necessidade de uma reconexão da liderança com a equipe. Para Figueiredo, o fato de a pesquisa sugerir que os gerentes não estão sabendo abordar o assunto bem-estar junto ao grupo merece atenção. “O cenário pandêmico acabou trazendo um ambiente novo, exigindo novas habilidades para a liderança identificar problemas como o esgotamento e outros fatores que desestabilizam o equilíbrio mental do colaborador, sem contar o físico, afinal o corpo também reage”, afirma o executivo.

Segundo ele, o momento é de atenção e as organizações que melhor se mobilizar na direção de dar suporte aos seus líderes conseguirá lidar melhor com o problema. Figueiredo explica que é essencial a adoção de habilidades, como empatia, para que possam ter conversas francas e significativas com as pessoas que lideram para descobrir como estão realmente se saindo nesse ambiente complexo. “A palavra de ordem é reconectar. É preciso que os líderes se reconectem com a sua saúde mental, mantendo o equilíbrio, estabelecendo uma nova era no trabalho e conseguindo fazer fluir sua relação e liderança junto à equipe”, conclui.

Foram 14.800 entrevistados em 25 países, dentre eles o Brasil, em meados de 2021. Todos entre 18 e 60 anos, que trabalham por mais de 20 horas por semana e tiveram seu trabalho alterado durante a pandemia (formato remoto, híbrido etc.).


Tendências que preocupam

A pesquisa mostra de forma objetiva algumas tendências preocupantes que estão ampliando todo o estresse nas organizações e, sem dúvida, contribuindo para a epidemia de burnout que está afetando muitas organizações. Por exemplo, a maioria dos trabalhadores acredita que eles foram mais produtivos (40%) ou tão produtivos (42%) como eram antes da pandemia. “Esse é um testemunho notável da resiliência e do comprometimento que muitas pessoas têm com seus empregos. Mas essas métricas de produtividade podem estar escondendo uma tendência mais preocupante”, afirma Figueiredo, acrescentando que, globalmente, 63% de todos os entrevistados disseram que tinham que trabalhar 40 horas ou mais por semana.

Indo um pouco além, 43% disseram que provavelmente teriam que continuar trabalhando mais de 40 horas por semana para completar todas as tarefas relacionadas ao trabalho, uma evidência de que houve uma transformação no conceito de “semana de trabalho”.

Segundo a pesquisa, na realidade, o que teoricamente seria um tempo livre para quem está remotamente e, portanto, sem ter que se deslocar diariamente, passou a ser substituído por mais trabalho, ou seja, o tempo que as pessoas passavam no carro ou condução agora é utilizado na frente de seus computadores. “Embora possa estar gerando alguns ganhos de produtividade, certamente não é um modelo sustentável. A maioria, na prática, vai acabar trabalhando demais, ficando mais suscetível ao esgotamento”, conclui Figueiredo.


Habilidades para a liderança

De acordo Maiti Junqueira, Gerente de Desenvolvimento de Talentos, o levantamento deixou claro que neste cenário, agravado pela pandemia, além da empatia, habilidade crucial para qualquer pessoa que trabalha num ambiente coletivo, é preciso que a liderança mude seus hábitos, incentive seus liderados a mudarem os seus e implemente novos rituais organizacionais, tais como: preservar o horário do almoço não agendando reuniões, combinar o limite de horário para envio de whatsapp relacionados ao trabalho, entre outras ações.

Segundo a especialista, é fundamental que a empatia se faça em atitudes dos líderes, mudando comportamentos e rotinas organizacionais que passam mensagens opostas ao bem-estar e que de certa forma por já fazerem parte da cultura não são analisados ou questionados. “Cabe ao líder iniciar esta mudança”, alerta Maiti, acrescentando que, para isso, é preciso equipar os líderes com habilidades, dentre elas a empatia, que os permita se aproximar dos colaboradores, de forma franca e transparente, identificando suas angústias e como estão se saindo.


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