Taxistas estão rodando mais, mesmo com alta do combustível, aponta levantamento







Procura pelo serviço, entre janeiro e setembro, cresceu 36%, segundo dados do aplicativo Vá de Táxi. Aumento da demanda pode estar relacionado à volta do trânsito mais pesado


Os serviços de mobilidade se tornaram preferência para muitas pessoas e, apesar dos elevados preços dos combustíveis, atualmente, os taxistas estão trabalhando cada vez mais. Dados da Vá de Táxi, aplicativo de mobilidade fundado em 2013, com base nas chamadas feitas por meio da plataforma, mostram aumento médio no número de corridas de 36% entre janeiro e setembro deste ano. O maior incremento foi em São Paulo (126%), seguido por Recife (89%). Já em Porto Alegre, a alta foi de 83%.


O movimento está relacionado à flexibilização das medidas restritivas e à retomada da economia, que levam ao aumento da demanda por mobilidade. Ao mesmo tempo, está ocorrendo a migração de usuários de aplicativos de motoristas particulares para o táxi. A piora do trânsito nas grandes cidades, desencadeada pela flexibilização das normas de circulação, faz desse tipo de serviço uma alternativa de transporte mais rápida, já que em muitas capitais é permitida a utilização do corredor de ônibus pelos taxistas.


Em São Paulo, por exemplo, somente no primeiro semestre deste ano, a Companhia de Engenharia de Tráfego da cidade (CET) divulgou que a média de congestionamento, na parte da manhã, já estava em 99 km, enquanto em todo o ano de 2020 esse número ficou em 28 km. O número de acidentes também cresceu consideravelmente nesse período. Concomitante a este movimento, desde janeiro, a demanda da Vá de Táxi vem aumentado, em média, 10% ao mês.


"A pandemia deixou claro que não precisamos ter um carro para poder nos deslocar. Mobilidade via apps agora é uma realidade ainda mais forte, e uma forma mais econômica, rápida e principalmente segura de se locomover quando usamos o táxi, pois são profissionais mais atentos e acostumados ao trânsito que se intensificou nos últimos meses", afirma Gloria Miranda, CEO da empresa. De acordo com o Infosiga SP, somente em junho deste ano foram 3.700 acidentes registrados na capital paulista, contra 2.800 no mesmo período do ano passado


Agilidade


A legislação da cidade de São Paulo permite que os táxis circulem em corredores exclusivos para ônibus, a exemplo de outras capitais como Belo Horizonte e Rio de Janeiro. Tais normas, na visão de Glória Miranda, também devem contribuir para que mais pessoas migrem para o táxi. "Muita gente retornou ao trabalho presencial, e os trajetos até os locais podem ser mais demorados em virtude de um tráfego muito pesado, o que resulta em muito atraso. Nenhum trabalhador gosta nem quer arriscar ter esse tipo de transtorno em seus empregos. Em situações de emergência, também é vantajoso optar por um transporte com este facilitador", afirma.


Baixa dos apps


Segundo o executivo, 60% do crescimento orgânico da Vá de Táxi ainda pode ser atribuído à qualidade do serviço prestado pelos aplicativos concorrentes. "Varia de cidade para cidade, mas nas grandes capitais, onde o volume de corridas é mais significativo, o percentual é este", explica.


Embora as reclamações sejam variadas, a mais comum relatada por usuários que migraram para o serviço de táxi é o cancelamento de corridas. O cliente solicita um carro pelo aplicativo, o motorista confirma, mas cancela assim que aparece a possibilidade de pegar outra corrida de maior valor aumentando, desta forma, o tempo de espera do passageiro. "Parece que esses motoristas não são punidos por causa desses cancelamentos. Ou seja, esses aplicativos estão se esquecendo da experiência do usuário final, desrespeitado com esse comportamento", comenta a CEO da Vá de Táxi.


Há ainda outro agravante: a redução do número de motoristas de apps, devido ao aumento da gasolina e das altas taxas cobradas que inviabilizam o lucro dos trabalhadores. Os motoristas de aplicativos só podem fazer corridas por meio das plataformas em que estão inscritos e que cobram em torno de 30% de taxas sobre o valor da corrida.


Os taxistas, ao contrário, usam aplicativos como o Vá de Táxi de forma complementar, pois estão autorizados a pegar passageiros sem o uso do app. O custo para o taxista também é menor, pois a Vá de Táxi cobra 15% de taxa, no máximo. "É um percentual inicial que pode ser reduzido por conta de uma série de projetos de gamificação e de incentivos que visam chegarmos a taxas menores. Essas iniciativas variam de um mês para o outro".


Para explorar a falha da concorrência, a Vá de Táxi planeja investir mais em tecnologia e em produto para distribuir a frota de táxi de maneiras mais eficientes. "Temos obsessão por melhorar nosso serviço ao cliente. Por isso, oferecemos capacitações cada vez mais relevantes para que nossos motoristas interajam e brindem os passageiros com um serviço de primeira linha", afirma. A companhia conta hoje com 140 mil taxistas inscritos na plataforma, mais de 1 milhão de clientes pessoas físicas e 130 clientes corporativos.


Para Glória Miranda, a tendência é de crescimento dos serviços prestados pelos taxistas. Em sua avaliação, a forma pela qual os aplicativos de motoristas particulares têm crescido não se preocupa com o cliente, visto apenas como um número. "Nós pensamos diferente. Acreditamos que quanto mais clientes satisfeitos, mais corridas vamos ter. E quanto mais corridas tivermos mais ganhos os taxistas vão receber. Um círculo virtuoso em que todos ficam satisfeitos", conclui.

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