As duas faces da moeda, cara!



O Turismo que eu sonho para o Brasil transcende as fronteiras, é inclusivo e compromissado com os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODSs). Sonho acordado e reconheço quem sonha o mesmo sonho. 

Milhões de vidas ceifadas na pandemia da Covid-19 espelham o lado da coroa. A outra face da moeda, cara, evidencia novas perspectivas aos sobreviventes de todas as nacionalidades, sem distinguir cor de pele, grau de escolaridade, poder aquisitivo, gênero ou quaisquer outras diferenças reinantes até então. 

O novo coronavírus expôs o quanto somos vulneráveis enquanto espécie gregária. Todos dependemos do bem-estar coletivo, inacessível sob a égide do abominável individualismo; exacerbado pela insanidade consumista sustentada por valores condenáveis há séculos. 

A história documenta frases célebres que nos apontam a direção, mas que foram relegadas às prateleiras das religiões, embaladas pela competição no lucrativo mercado da fé, beneficiado pela desoneração tributária. 

“Amai ao próximo como a ti mesmo”; “Você, o seu ser, tanto quanto qualquer pessoa em todo o universo, merecem o seu amor e sua afeição”; “Tu não deves tomar vingança, nem conservar ira aos filhos de teu povo - mas deves amar ao seu vizinho como a si próprio”; “A não-violência não existe se apenas amamos aqueles que nos amam. Só há não-violência quando amamos aqueles que nos odeiam”; são exemplos de citações feitas por Jesus, Buda, Maimônides e Gandhi. 

Consumismo, individualismo e outros ismos fragmentaram a percepção de ser o que somos: humanos. Impulsionaram a discórdia – a qual encontra justificativa no “mantra dos mantras”: “Vale tudo por dinheiro”. O pensar dicotômico, presente na narrativa “esquerda e direita”, pautado pelo confronto “nós e eles” perdura e resiste encontrar na ciência a síntese dialética. 

O conhecimento científico em todas as áreas, impulsionado pela tecnologia, tem respostas precisas sobre como eliminar a fome, garantir plena dignidade – saúde, educação, moradia, transporte e trabalho – para todos. 

No entanto, o fenômeno social observado mundo afora; retratado em posts nas redes sociais, por meio de fotos, vídeos e até manifestações de apoio explícito à aglomeração de pessoas nas praias e nos bares, por exemplo, contrasta com as filas homéricas formadas por necessitados de auxílio financeiro ou emocional. 

O isolamento social exacerbou a precariedade do modo de vida considerado até então “normal”. O desafio permanece: resgatar novo sentido evolutivo à nossa existência experimental. Afinal, “o sapo já nasce com ‘sapiência’ para ser sapo, enquanto nós, seres humanos, construímos a nossa”, já dizia, com bom humor e sabedoria, o antropólogo cultural brasileiro Carlos Jacchieri. 

Que o processo civilizatório encontre aprendizado nas restrições impostas a um simples e valioso abraço. Que as novas gerações, em sinergia com as demais, encontrem meios para satisfazer necessidades comuns: fisiológicas, segurança, afeto, estima e autorrealização. Que todos possamos agir e interagir de maneira presencial; saibamos como desfrutar, cada vez mais e melhor, de belezas naturais e culturais, sempre compromissados com a sustentabilidade da vida no planeta. 

Sejamos viajantes responsáveis, dedicados a elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos destinos visitados e preparados para receber bem todos que nos visitam. Que o montante de recursos investidos em arsenal bélico, em nome da defesa e soberania territorial, baseada na subordinação de muitos a serviço de poucos, seja pacificamente compartilhado em favor do bem comum. 

A melhor defesa não é o ataque. A vacina contra qualquer tipo de violência está ao alcance da ciência praticada com propósito justo. 

Viva o Dia Mundial do Turismo!

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