RELACIONAMENTO COM A IMPRENSA EXIGE ESPECIALIDADE

“Não existe opinião pública, existe opinião publicada”. – Winston Churchill
A frase do estadista inglês, proferida em meados do século passado, já foi apropriada para ilustrar diferentes situações, dada a síntese desconcertante que exibe. Seu aproveitamento por analistas de pesquisas de opinião é recorrente, uma vez que essas medições da ‘opinião pública’ só ganham serventia quando publicadas.
Pego carona nesse mote para tratar de um recorte prático, que impacta o dia a dia das empresas. Falo do relacionamento das organizações empresariais com os meios de divulgação jornalística, especialmente no que concerne ás chamadas ‘mídias espontâneas’.
Refiro-me ao papel de perceber, triar e editar textos sob medida para a leitura deste ou daquele jornalista, pauteiro ou editor. Ou seja: como estreitar o caminho entre a produção de conteúdos orgânicos de uma empresa e aqueles que definem as pautas.
Fatalmente, criar um departamento próprio para fazer essa interface com a Imprensa custa mais caro e perde em eficiência. Pior: um apêndice instalado no organograma de uma empresa tem problemas de isenção, porque falta a esse ‘aparelho’ interno a visão de fora, a massa crítica resultante da lida cotidiana com o mercado. Por fim, manter uma house para pilotar a Assessoria de Imprensas desvia a gestão do core business da organização.
Muito bem. Vive-se, de uns tempos para cá, sob o falso entendimento de que o trabalho de Assessoria de Imprensa é secundário e até mesmo dispensável. Afinal, as mídias sociais estão aí, ao alcance de alguns cliques, movidas e impulsionadas sem dificuldade. Mas é preciso ter claro que as mídias sociais, a despeito da força que adquiriram, não suprem o papel da notícia publicada em um título de mídia jornalística.
Tem mais: as empresas que conquistam o status de fonte balizada e ocupam espaços relevantes no noticiário, seja com matérias factuais ou textos assinados, passam a dispor de material qualitativo para, aí sim, alimentar os canais de mídias sociais. Como se vê, não se trata de subestimar um em detrimento do outro – e sim promover a confluência, a potencialização do conjunto numa perspectiva de multi meios e mix marketing.
Por fim, cabe chamar a atenção do mercado, onde se inclui o setor de viagens e turismo, que presenciamos um enxugamento progressivo das redações das publicações jornalísticas. Há menos braços para correr atrás de novidades, triar, apurar, etc. Os profissionais migram, cada vez mais, para estações remotas de trabalho, de onde atendem as demandas do seu empregador. Ou do contratante dos seus serviços.
Esse cenário pede a presença de assessores de imprensa tarimbados, articulados, sabedores das tendências de pautas (obtidas por meio de pesquisas intermitentes) e preparados para oferecer ao colega, do outro lado do balcão, conteúdos ou sugestões de entrevistas sob medida.
Não estamos falando do velho e conhecido expediente do ‘ctrl c – ctrl v’, que funciona em relação às mídias que optaram por essa proposta. Falamos de atuação mais ambiciosa, capaz de resultar em matérias de peso e de incomparável valor institucional.
*Luiz Henrique Miranda é jornalista e Diretor Executio da Agência AMIgo!

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