E Você, Funcionário Público Aposentado?


É notória e crucial a importância do tema reforma da Previdência. Dela depende o futuro do país. Não por isso que o editorial do Estadão assim se manifestou: “Em qualquer país, reforma da Previdência é um tema politicamente difícil. Endurecer as regras para a concessão de aposentadorias e pensões não é assunto que goza de especial popularidade, suscitando forte resistência por parte de algumas corporações. Diante disso, é auspiciosa a notícia de que mais de três quintos dos congressistas – proporção mínima para a aprovação de emenda constitucional – reconhecem a necessidade de uma reforma da Previdência.” (O Congresso e a reformaO Estado de São Paulo, Notas & Informações, p. A3, 13/02/19).
Mas, mesmo sendo auspiciosa essa nova postura, sempre haverá críticas por parte da sociedade; é natural.
Ocorre que, desde os tempos da pena, certa categoria de brasileiros jamais deixou de criticar todo o tipo de reforma, tanto que o nosso sempre Machado dela se ocupou:
“O governo, não importa a sua cor política, é sempre o bode expiatório das doutrinas retrógradas do empregado público aposentado. Tudo quanto tende ao desequilíbrio das velhas usanças é um crime para esse viúvo da secretária, arqueólogo dos costumes, antiga vítima do ponto, que não compreende que haja nada além das raias de uma existência oficial.
“Todos os progressos do país estão ainda de baixo da língua fulminante deste cometa social…
“Desta sorte todas as instituições que respiram revolução na ordem estabelecida das coisas – pode contar com um contra do empregado público aposentado…
“No parlamento, é um espectador sério e atencioso. Com a cabeça enterrada nas paredes mestras de uma gravata colossal ouve com toda a atenção, até os menores apartes, vê os pequenos movimentos, como profundo investigador das cousas políticas.
“Ao sair dali, o primeiro amigo que encontra tem de levar um aguaceiro de palavras e invectivas contra a marcha dos negócios mais interessantes do país.
“De ordinário o aposentado é compadre ou amigo dos ministros, apesar das invectivas, e então ninguém recheia as pastas de mais memoriais e pedidos. Emprega os parentes e os camaradas, quando os emprega, depois de uma longa enfiada de rogativas importunas.”(Obras completas de Machado de Assis, Balas de Estado & Crítica, São Paulo: Globo, 1997, pp.152-153).
Oraadaptando-se, por óbvio, o antigo empregado público ao atual funcionário público, restam-nos estes questionamentos: O que dizem os funcionários públicos aposentados sobre a reforma da Previdência? Eles se mantêm tranquilosporque confiantes no direito adquirido, ou, como os seus parentes distantes, a criticam ferozmente, seja em nome dos velhos tempos, seja no dos vindouros, sobretudo se houverprole ou amigos encaminhados?
Por isso que eu sempre digo: Ninguém é mais atual que O bruxo do Cosme Velho.
Dias Campos
diascampos1@gmail.com

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